Jamiroquai em São Paulo: Extremamente Azeitados




Na última quinta feira, dia 07 de fevereiro, o Jamiroquai esteve em São Paulo, trazendo pela terceira vez ao Brasil a “Rock Dust Light Star Tour”, dessa vez à um Credicard Hall com cerca de 75% da lotação. Entre um hit noventista/zerista e outro (o disco novo só apareceu na última música), Jay Kay e sua banda deram um show de carisma, profissionalismo e principalmente, mostraram que estão extremamente azeitados enquanto banda.

Entrando ao palco com mais de 50 minutos de atraso, os caras abriram os trabalhos com “Twenty Zero One”, mas o que se ouviu foi uma emboleira de som. Era muito teclado, muita guitarra, nenhum baixo nem bumbo de bateria, e as backing vocals pareciam interpretar o mais fino espetáculo de mímica que essa cidade já presenciou, já que cantavam, mas ninguém escutava. Na hora lembrei-me da primeira vez que vi a banda ao vivo, no Festival Natura Nós de 2010, na Chácara do Jockey. O local é aberto e o tempo estava sofrível (muito frio e muito vento, além da lama por conta da chuva que caiu o dia todo) e mesmo assim o som do Jamiroquai foi algo impressionante. Tudo bem equilibrado, baixo, percussão, vocais, tudo no lugar desde a primeira música. Fiquei impressionado. Já na semana passada, no Credicard Hall (local fechado e conhecido pela ótima acústica), temi pelo pior. Seria o show todo essa bagunça sonora?
Não, não foi. Porém as duas faixas seguintes, “Alright” e uma versão ainda mais abrasileirada de “Use The Force” ainda sofreram do mau ajuste sonoro. As coisas só entraram nos devidos lugares a partir da quarta música, a pedrada “High Times”. Porém, nesse momento a guinada foi de 180º, e o que passou a se ouvir foi um som lindo, com baixo bem definido, backing vocals aparecendo como backing vocals devem aparecer, os metais, a percussão, tudo certinho. Aí deu pra respirar aliviado.

Com relação ao setlist, não existe a menor possibilidade de “xingar muito no twitter”. Claro, todo mundo tem a sua favorita (a minha, “Main Vein”, até apareceu no setlist, mas teve a melhor parte, que é o final, extirpada), mas o que se viu foi uma lista feita sob medida tanto pro fã hardcore (a já citada “Twenty Zero One”, “Hot Tequila Brown”, “Revolution 1993″…) quanto pra galera que não conhece a banda tão a fundo (a também já citada “Alright”, “Space Cowboy”, “Love Foolosophy”…). A única ausência realmente sentida por todo mundo foi “Virtual Insanity”, que é o maior sucesso da carreira do Jamiroquai e inexplicavelmente não apareceu. Vai entender, né?
Jay Kay, o vocalista e líder da banda, é um cara de um carisma impressionante, conversando com o público, descendo do palco e indo “pra galera”, aceitando presentes de fãs, autografando cartazes. Mas o que chama a atenção de imediato é sua aparente aversão à camisetas. O cara entrou no palco com uma jaqueta verde musgo bizarra, um chapéu da mesma cor (tão bizarro quanto) e assim ficou por quase todo o show. Desesperador, já que na segunda música ele já suava como se estivesse próximo à uma síncope. Só tirou a jaqueta para trocá-la por outra, do Brasil. E suou, suou, suou… até o show acabar. Assustador.
“Mas Brunons, e a banda?”. É aí que o bicho pega. Os caras são monstros. Praticamente todas as 16 músicas do setlist caminharam para uma jam session em algum ponto e é notável que pouco daquelas jams eram ensaiadas, já que os caras comunicavam-se pelo olhar o tempo todo. Ainda assim, é tudo tão perfeitamente executado que a princípio parece programado.  O Jamiroquai, não só no que diz respeito ao sucesso mas principalmente à qualidade de seus músicos, é certamente a maior instituição desse tal acid jazz noventista e mantém-se assim, mesmo após diversas trocas de integrantes.
Os caras fecharam a noite com um bis de uma única música, “White Knuckle Ride”, e foram embora. Apesar da ausência de “Virtual Insanity”, o público pareceu satisfeito. Provavelmente essa tenha sido a última passagem do Jamiroquai pelo Brasil (que incluiu ainda um show em Florianópolis)  com a“Rock Dust Light Star Tour”, então o que resta ao público tupiniquim é esperar um novo disco pra ver os caras por aqui de novo.
Bruno Souza
(Bruno é editor e repórter do site Sério? Jura? Putz! e colaborador do Acesso Cultural)

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