Thiago Fragoso estreia ‘AS BENEVOLENTES’ em SP




Romance de Jonathan Littell, vencedor do Grande Prêmio da Academia Francesa e do Goncourt 2006, ganha adaptação teatral inédita no país

Estreia nacional em 21 de janeiro de 2016 no Teatro Arthur Rubinstein na Hebraica, em São Paulo.

Temporada de 22/01 a 28/02/2016

Fotos de Rogério Louzada

O arrebatador e premiado romance de Jonathan Littell publicado originalmente na França em 2006, e no ano seguinte no Brasil pela Alfaguara/Objetiva, ganha versão teatral a partir de 21 de janeiro no Teatro Arthur Rubisntein, em monólogo encenado pelo ator Thiago Fragoso, com direção de Ulysses Cruz.

Desde quando leu o livro em 2007, Ulysses teve o desejo de levar para o teatro a obra considerada um tratado da maldade humana e que chegou a ser comparada pela crítica ao livro “Guerra e Paz”, de Tolstoi. “Quando li As Benevolentes, de Jonathan Littell, fiquei impressionado, não só com a capacidade narrativa do autor, como também com sua ousadia ao lidar com um tema tão complexo e arrepiante”, diz Cruz.

Thiago, que retorna aos palcos paulistanos após sete anos (sua última temporada foi em 2009 – com a peça Rock´n ‘Roll, de Tom Stoppard, no SESC Pinheiros) diz que o que mais o mobilizou no projeto foi a possibilidade de se discutir a “maldade humana”. 

“As Benevolentes faz uma implacável denúncia sobre a gênese da crueldade humana. Das memórias de um monstro inescrupuloso emerge toda a banalidade do mal, usando a definição proposta por Hannah Arendt em seu livro sobre o julgamento do nazista Adolph Eichmann. Sem buscar justificativas para seus atos bárbaros, o protagonista nos permite enxergar como o horror se constrói e se espalha no cotidiano”, ressalta o diretor.

A peça narra a trajetória de Maximillian Aue, um burocrata que se torna oficial da SS nazista (uma das mais famosas divisões da organização nazista de Adolf Hitler) e participa dos principais eventos que marcaram a ascensão e queda do Terceiro Reich, incluindo a derrota final do exército alemão com a tomada de Berlim pelos aliados, passando pela implantação dos campos de concentração de Auschwitz e Birkenau.

Aue é um intelectual altamente culto, que aceita exercer o papel de carrasco com frieza e distanciamento. Consegue escapar e viver com outra identidade, até que resolve contar sua história, sem se vangloriar, mas também sem nenhum sinal de arrependimento. Vivendo anonimamente na França, ele se recorda também de sua deturpada relação com a família.
“Horror. Essa é a mesma palavra que ecoa, sem ser pronunciada, entre os pensamentos torturantes de Maximilian Aue, o antivilão de As Benevolentes. Ele sabe que o que faz é injustificável, inútil e cruel. Mas seu refinamento filosófico e sua desprezível honestidade o impedem de ser um cínico. Em suas memórias ou ações não há busca por redenção, tampouco piedade. Seu desprezo pela política e sua incapacidade de acreditar na humanidade o libertam para o mundo — e o encarceram na mais absoluta solidão”, diz o idealizador do projeto Marco Antonio Araujo.
Littell utilizou a estrutura da música clássica, compassos e andamentos de uma ópera, para nomear os sete capítulos do livro: Toccata, Allemandes I e II, Courante, Sarabande, Menuet (en rondeaux), Air e Gigue.

“Em Toccata, capítulo de abertura do livro, está o embrião da peça e percebi isso quando alertado pelo jornalista Marco Antonio Araujo”, diz Ulysses.

Valderez Cardoso Gomes, tradutora e adaptadora, optou por extrair fragmentos que chamassem à reflexão a crueldade humana.  “O texto, embora esteja localizado historicamente na barbárie do Holocausto, nos permite pensar sobre a tragédia humana e a banalidade do mal que acompanha a humanidade até os dias de hoje”, acrescenta Cruz.

“O que perturba em As Benevolentes, para além do registro histórico, é a proximidade com a nossa época. A mensagem é clara: as atrocidades, a covardia, a arrogância daqueles tempos tenebrosos continuam presentes no nosso cotidiano. A maneira impiedosa com que alguns se comportam, em nome de uma suposta integridade, seja ela política, religiosa ou social, demonstra de forma inequívoca que os “escolhidos” tratam o planeta como se fosse deles, ignorando, com toques de cinismo, o fato incontestável de que chegamos aqui depois e que somos apenas hóspedes de uma terra que não precisa de nós, embora nós muito precisemos dela”, conclui Ulysses.
Para compor o personagem, o ator Thiago Fragoso contou com a preparação corporal do diretor de movimento Leonardo Bertholini, que nesta montagem assina também como diretor assistente; da luz de Caetano Vilela e da direção de arte de Veronica Valle,– um tributo às vítimas do mal construído a partir dos memorais do holocausto.
“Desde o início buscamos uma iconografia física em relação aos gestos para construir uma linguagem corporal apoiada na performatividade, sempre em consonância com a dramaturgia do espaço, de modo que em todas as coreografias e a cada apresentação tenha um fator eventual que se estabelece entre o público e o performer, explica Bertholini.
As Benevolentes é o primeiro monólogo do ator Thiago Fragoso no teatro.

A OBRA

‘As Benevolentes’ recebeu diversos prêmios, inclusive o prestigiado Goncourt (2206), além do Grande Prêmio da Academia Francesa. Best seller na Europa (só na França vendeu mais de 700 mil exemplares), chegou a ser comparado pela crítica especializada como um romance à altura de ‘Guerra e Paz’, de Tolstoi, por seu portentoso mergulho histórico, fruto de uma pesquisa contundente à qual o autor se dedicou por mais de dois anos.

O AUTOR

Filho do ex-jornalista e escritor de thrillers judeu polonês, Robert Littell, Jonathan nasceu nos Estados Unidos (Nova Iorque) em 1967, ganhou cidadania francesa onde foi morar aos três anos de idade e, hoje, vive em Barcelona, na Espanha. Estudou Letras em Yale, conheceu os dramas da Bósnia, Tchetchênia e Congo, regiões tomadas por guerras civis. Em 2001, abandonou o ativismo humanitário, dedicando-se exclusivamente à pesquisa que resultou em Les Bienveillantes.

Serviço:

Estreia para convidados – Dia 21 de janeiro

Temporada de 22/01 a 28/02/2016

Sextas-feiras, às 21h30 – R$ 60,00; Sábados, às 21h – R$ 80,00 e aos Domingos, às 18h – R$ 80,00.
Clube Hebraica, Teatro Arthur Rubinstein, Rua Hungria 1000.
Central de Atendimento do Clube – das 12h às 20h, Informações: 11 3818-8888

Indicação de faixa etária – 12 anos.

Duração 75 minutos

Vendas no local ou pelo ingresso rápido www.ingressorapido.com.br – Tel. 11 40031212

520 lugares

Acessibilidade

Estacionamento com manobristas – estapar vallet – RS 32,00

Acesso Cultural

No ar desde 2012, o Acesso Cultural está entre os maiores veículos on-line de entretenimento e cultura do país. Com milhares de pageviews por mês, nosso lema é informar a todos os públicos, principalmente aos jovens, os acontecimentos do mundo cultural.

Facebook Instagram Twitter

Deixe um comentário