CRÍTICA: A CORTE (L’hermine, 2015)




Por Gabriel Antoniolli

Imagine que:

1. Você é um juiz;
2. Está gripado;
3. Está em uma audiência envolvendo caso sobre a morte de um bebê por agressão;
3b. O caso é complicado;
4. Uma antiga paixão está no júri.

É esse o enredo de A Corte (L’hermine, 2015), uma boa mostra do que o cinema francês pode nos oferecer.

O poster. Foto: Divulgação

Ame ou odeie Michael Racine (Fabrice Luchini, contemplado por essa atuação no Festival de Veneza de 2015). É o juiz mais temido do Tribunal Criminal e é visto como uma pessoa muito dura e rigorosa – ótimas características se tratando de um juiz. Como o próprio intérprete ressalta,”antipático, mas eficiente”. E em A Corte, ele se vê envolto em um julgamento delicado. Falo mais sobre ele depois.

Um dos convocados para o júri popular é uma antiga paixão do juiz, a dinamarquesa Ditte Lorensen-Coteret (Sidse Babett Knudsen). Claro que ele iria se reaproximar de alguma forma depois que ambos os olhares se cruzam no tribunal, né?

 Hmmm. Foto: Divulgação

A partir daí, temos uma grandiosa transformação por parte do juiz, que demonstra escolher as palavras perfeitas para se expressar para a mulher que outrora havia se acomodado em seu coração – e de uma maneira inusitada. 

Michael é racional até demais e Ditte abre uma porta sentimental quando reaparece inesperadamente. Em meio a tanta lógica e razão, praticadas tanto no pessoal como no profissional do juiz, vemos que mesmo um ser humano tão rígido e frio pode ser muito frágil internamente. Se preparem: parte das conversas entre eles chega a incomodar.

Momentos de tensão. Foto: Divulgação

Mas esse não é um romance. Eu consideraria algo entre o drama, o gênero policial com pitadas de comédia. O pano de fundo, como falei, é o julgamento. Aí o buraco é mais embaixo.

Martial Beclin (Victor Pontecorvo) está sendo acusado de matar sua filha com chutes. Isso se torna ainda pior quando ele se recusa a colaborar com o juiz e se limita a falar o tempo todo que não matou a criança. 

FALA ALGUMA COISA @*)!@#! Foto: Divulgação

Pra variar, as testemunhas são muito confusas e inclusive a mãe da criança parece ter alguma dificuldade psicológica – o que complica, e muito, toda a resolução do caso.

O júri é um detalhe especial e importante que o diretor Christian Vincent destacou bem. A composição étnica é bem variada e nos remete a uma importante reflexão a respeito de como a sociedade é composta por pessoas muito diferentes culturalmente e que isso acaba impactando ATÉ MESMO em uma decisão judicial envolvendo o homicídio de uma criança. Que demos mais valor a isso, então. 

Parece capa de CD, mas é o júri de A Corte. Foto: Divulgação

A Corte (L’hermine, 2015) é um filme que possui um fluxo contínuo – as coisas vão acontecendo em um pequeno intervalo e isso ajuda até mesmo a aumentar a tensão do espectador. Assista, ao menos para ver a atuação de Fabrice Luchini. A estreia está prevista para o início de agosto, em distribuição pela California Filmes.

“Ame-o ou odeie-o”. Foto: Divulgação
Confira o trailer!

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