O PESO DA GRAVATA e outros contos
Os contos de Braff apresentam determinada contenção dramática, sem, contudo, dispensarem os adjetivos bem como o gosto pelos detalhes delicados

O peso da gravata e outros contos (Primavera Editorial, 176 páginas, R$ 24,90) é o mais recente lançamento do escritor Menalton Braff que chega às livrarias. A obra é apresentada pela Primavera Editorial e brinda o leitor com contos originais, onde o realismo fantástico impera na metade do livro.
São dezoito contos como o de um sobrado deteriorado pelo tempo, e outro de um personagem morto que caminha em direção à sua própria sepultura, para citar apenas dois exemplos. Como é de se esperar, o autor também oferece ao leitor contos que permeiam a dura e cruel realidade do dia a dia, tratando de temas como a morte, a vida e a rotina em que nos envolvemos.
Inventivo como deve ser todo escritor de ficção, Menalton Braff é também sui generis ao dar títulos aos seus escritos. Em O peso da gravata e outros contos temos, entre outros: “Vestido de dor”, “Atordoamento”, “Arrastavam-se móveis”, “Nossa perna”, “O peso da gravata”, que abre a coletânea e empresta o título ao livro.

O leitor, depois de ser envolvido por narrativas surpreendentes, é convidado, ao final, no conto mais longo do livro, a entrar no mundo de um condomínio prestes a ser invadido – uma metáfora. “A portaria ficou deserta do lado de fora, por onde apenas um vento escuro passava com seu cheiro nauseante. Do lado de dentro, o senhor síndico traçava planos, com mapas e compassos, auxiliado por seu funcionário.” (do conto “Jardim Europa”).