Consumo de moda no 3º milênio
Por Thais Santos de Sousa
Os avanços tecnológicos trouxeram muitas facilidades, e velocidade, no acesso à informações; todo esse volume tornou o consumidor impaciente – o que intensificou o percentual de compras excessivas e por impulso, aumentando o indíce de inadimplência e a quantidade de resíduos gerados, por conta deste descontrole, causou muitos danos a questões relacionadas a sustentabilidade, tanto social quanto ambiental.
Foto: Divulgação
Hoje, o que move o mercado de moda são as cadeias de fast fashion, que conseguem trazer para suas lojas novidades e tendências numa velocidade incomparável e por preços acessíveis, porém, para alcançarem estes fatores, utilizam mão de obra barata – consequentemente de qualidade inferior – vinda de países como China, Índia, Bangladesh e Taiwan. A grande problemática desta prática é que, muitas vezes, esta mão de obra é feita através de trabalho escravo; no Brasil, por exemplo, existem muitas confecções que exploram imigrantes chilenos e bolivianos.
O alto consumo em lojas de fast fashion modificou a forma como esta geração consome, transformando roupas em peças descartáveis; outros estímulos – como ecommerce e compras online – desperta no consumidor uma expectativa de gratificação instantânea. Segundo os sites da revista Exame (2015) e EBC Agência do Brasil (2014), mais da metade dos brasileiros compram por impulso, sendo que 29% destas compras são de roupa; uma pesquisa realizada por Hughes (2016) mostra que apenas 44% das roupas de um indivíduo são utilizadas por ele.
O consumo, da maneira como ele vem sendo exercido nos ultimos anos, não se sustentará por muito tempo, escândalos envolvendo grandes marcas – por conta de mão de obra escrava e da falta de consciência ambiental e social – faz com que os consumidores comecem a questionar de onde, a que custo e como são produzidas as roupas que estão comprando. Estes questionamentos despertaram os olhares de vários grupos, movimentos que se preocupam com o meio ambiente e impactos que o mercado de moda causa começam a ganhar força, resultando no início de uma mudança de pensamento e, consequentemente, em um consumo cada dia mais consciente.
Investimentos na ideia de slow fashion, onde a moda é feita de uma maneira mais artesanal, com melhor qualidade e produzindo peças mais originais e exclusivas; marcas que trabalham a transparência de suas produções e debatem a importância de uma consciência ambiental, que se envolvem em projetos sociais – como ONGs, por exemplo – estabelecem vinculos emocionais com seu consumidor, surtindo grandes efeitos e resultando no crescimento deste mercado. Neste momento, o consumo de moda passa por uma transição que é reflexo de um contexto social extremamente amplo, que passa pela economia, política, cultura, tecnologia, e cada um dos outros traços que envolvem a sociedade contemporânea; é importante que o mundo da moda acompanhe esta mudança de fase pela qual seus consumidores estão passando.