Uma viagem à Era Modernista: Museu Lasar Segall




Por colaboradora: Débora Blair

São Paulo possui uma diversidade tremenda de equipamentos culturais em todos os lugares, para todos os gostos, de todos os campos do conhecimento possíveis. A maioria, acessíveis às grandes massas – entradas bem baratas ou até mesmo gratuitas. Mas algumas dessas joias culturais não são muito conhecidas para grande parte do público paulistano e para os turistas. Vamos conhecer uma delas?? Interessante notar que o Museu Lasar Segall é um dos poucos da cidade aberto às segundas-feiras – fica a dica!

Foto: Divulgação

Lasar Segall foi um artista modernista judeu nascido na Lituânia em 1889. Começou a estudar Desenho logo na adolescência, e aos 15 anos mudou-se para Berlim, Alemanha – foi o início de sua jornada pelo mundo em busca de aprimoramento. Aos 23 anos veio para o Brasil com a esposa Margarete Quack, mas ficou apenas um ano e voltou para a Alemanha. Presenciar as desgraças provocadas pela Primeira Guerra Mundial serviu de inspiração para muitos de seus desenhos e pinturas, os quais retratavam claramente a natureza “nua e crua” do ser humano. Em 1923 mudou-se definitivamente para o Brasil e aqui começou a fazer mais e mais contatos com os artistas modernistas brasileiros e realizar exposições. Em 1924 separou-se de Margarete, que voltou para a Alemanha, e casou-se com Jenny Klabin no ano seguinte. Em 1927 naturalizou-se brasileiro. Após muitos e prestigiados trabalhos exibidos em exposições de todos os tipos, grandes e pequenas, faleceu aos 68 anos em 2 de agosto de 1957. Sua esposa Jenny Klabin começou, então, a idealizar o Museu Lasar Segall, reunindo toda a sua obra e organizando-a. Jenny faleceu exatamente 10 anos após o marido, 2 de agosto de 1967, e seus filhos Oscar e Mauricio Klabin Segall deram continuidade ao trabalho da mãe. Apenas um pouco mais de um mês depois do falecimento de Jenny, o museu foi inaugurado na casa aonde viveu a família, na Vila Mariana – a mesma foi projetada pelo arquiteto modernista russo Gregori Warchavchick em 1932.

Além de seu acervo artístico, o Museu Lasar Segall funciona também como centro de atividades culturais, recebe visitas monitoradas, sedia cursos de gravura, fotografia e produção literária, abriga uma sala de cinema com capacidade para 92 pessoas e a Biblioteca Jenny Klabin (em funcionamento desde 1973), especializada em literatura de artes do espetáculo (música, dança, teatro) e de fotografia. Durante o regime militar, principalmente após o AI5 (Ato Institucional 5), servia como ambiente de circulação de ideais revolucionários por conta de suas obras de cunho social e crítico. Promovia manifestações culturais e oferecia cursos para que seu público fosse instruído e crítico. O Museu é um órgão federal apoiado por instituições públicas e privadas e também por pessoas físicas. Em 1985 passou a integrar o Instituto Brasileiro de Museus – IBRAM, do Ministério da Cultura. Em 2013 passou por uma grande reformada bancada pelo Fundo Nacional da Cultura e pela Petrobrás, na qual foram feitos reparos nas instalações elétricas, telhado, climatização, sistema de segurança e resolvidos problemas de infiltração. 

Seu acervo conta com 3119 obras de Lasar Segall doadas por seu filhos Mauricio e Oscar e 110 por seu neto Mário Lasar Segall. Dentre elas, encontram-se pinturas a óleo (sobre tela e papelão), pinturas sobre papel (aquarelas e guaches), gravuras (xilogravuras, gravuras em metal e litografias), desenhos (grafite, carvão, entre outros) e esculturas (bronze, gesso, mármore, terracota, pedra-sabão, entre outros). Lasar Segall também era designer e projetou alguns itens da mobília de sua casa, os quais se encontram na Biblioteca Jenny Klabin: poltronas, mesa de centro, mesa e sofá, todos pintados de preto, estofados beges e feitos de madeira de alta qualidade. Além de tudo isso, o acervo também abriga diversos documentos pessoais de Segall: correspondências, textos escritos por ele em diversos idiomas, fotos, discos, fitas, anotações teóricas e técnicas relacionadas a artes, coleções pessoais (selos, rótulos de charutos) e cadernos com assinaturas dos visitantes de suas exposições. O acervo fotográfico possui mais de 5000 itens que registram Segall e sua família em seu trabalho e em seus momentos de lazer, muitas das quais feitas por grandes nomes nacionais e internacionais da fotografia. Por fim, a coleção literária também não deixa a desejar: obras da primeira metade do século XX incluem raras edições do Modernismo publicadas na Europa e as primeiras publicações modernistas brasileiras. Essa parte do acervo é acessível somente com visita monitorada programada.

Endereço: Rua Berta, 111 – próximo ao metrô Vila Mariana. Aberto de quarta a segunda das 11h às 19h. Entrada gratuita!!

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