Sesc Pompeia recebe Dubsessions, que traz três noites de dub music
Por Redação
Nos dias 13, 14 e 15, quinta a sábado, sempre às 21h30, a Comedoria do Sesc Pompeia recebe coletivos, cantores, produtores e sound systems para apresentar as diversas formas de mixagens e apresentações da dub music. Entre os nomes do line-up, estão o nova-iorquino Victor Rice, influente produtor da cena do dub, e Vitrola Adubada, projeto do engenheiro de som e produtor musical Buguinha Dub, referências do gênero musical.
Foto: Miguel de Castro
Surgido na Jamaica no final da década de 1960, o dub é uma das ramificações do reggae e está ao lado de vertentes como ska, steppa, dancehall e roots – o mais conhecido por ter Bob Marley como seu precursor. Com a comercialização de discos de reggae, vendedores colocavam caixas de som e o equipamento ao lado de fora da loja para que os compradores conhecessem novos sons.
A prática se tornou um evento e, dela, começaram a surgir disputas entre produtores, que remixavam os tunes (ou singles) dando-o uma nova versão. Geralmente são retiradas as vozes e são ressaltados o baixo e a bateria; além de serem adicionados efeitos especiais, como tiro, sirenes, sons de animais e etc. As batalhas de sound system também podem trazer rimas ao vivo por toasters (como são chamados os rappers no dub).
Quando o dub migrou para os Estados Unidos, foi usado como base para freestylers e para a música eletrônica. No Brasil, vendedores de discos adotaram a prática de forma menos sofisticada: o esquema de divulgação era o mesmo, mas apenas com radiolas.
O gênero se propagou e ganhou as ruas da capital paulista e agora chega ao Sesc Pompeia. A primeira noite do projeto Dubsessions, 13, traz as caixas de som da equipe Dubversão Sistema de Som, que dispensa o palco e toca com seus equipamentos no chão da Comedoria. Comandado pelo selector e operador Yellow-P, o projeto surgiu há 15 anos e foi o primeiro sound system em São Paulo a seguir o formato original jamaicano, com equipamento próprio e bailes abertos em diversos pontos da cidade – e com durações extensas. Além da periferia, áreas priorizadas pelo Dubversão, já levaram incursões para destinos internacionais, como Reino Unido, Argentina, Uruguai, Chile e Paraguai.
O singjay da noite será o cantor e compositor Monkey Jhayam, que conquistou o cenário independente nacional com sua vocalização versátil e suas letras com fortes críticas políticas e sociais. Sua mixtape ‘Independência ou Morte’ o levou a todo o Brasil para apresentar seu trabalho no formato de sistemas de som jamaicanos. A parceria industrial entre Monkey e Yellow-P vem desde 2011, quando o selector mixou seu trabalho em ‘DOIZMILEDUB’.
Além de ‘DOIZMILEDUB’, o repertório da apresentação no Dubsessions traz músicas do disco ‘Nascente’, também de Monkey Jhaya, e canções inéditas de seu próximo trabalho, produzido por Victor Rice (que toca no terceiro dia do festival) e ‘Dubplates’, músicas exclusivas da coleção do Dubversão.
As apresentações do dia 14 focam na representatividade feminina no dub e sound system – espaço ocupado, em sua maioria, por homens. O primeiro show da noite traz o projeto Feminine Hi-Fi, formado e com seleções organizadas inteiramente por mulheres. As seleções do grupo são feitas 100% em vinis que vêm de coleções pessoais das convidadas, passando pelas eras da música jamaicana. O projeto já reuniu mais de 40 mulheres em menos de um ano de existência e já conta com um selo intitulado Feminine Tunes, dedicado à gravação, promoção e distribuição musical, focando nas vozes femininas do reggae.
Além do Feminine Hi-Fi, a cantora Laylah Arruda se reúne com o projeto Dubdubom para promover uma fusão sonora envolvendo o dub: serão misturadas outras vertentes do reggae, como rockers e steppa, além de gêneros correlacionados, como música brasileira e hip-hop. Além de seu projeto solo, Laylah usualmente colabora como singjay no projeto da Feminine Hi-Fi.
No ano passado, Laylah Arruda lançou ‘Amalgama’, seu primeiro álbum, vinculado ao selo italiano Strato Dischi. O título do álbum significa mistura de elementos diferentes que formam um todo. Os vocais foram gravados em São Paulo, enquanto a parte instrumental do trabalho foi produzida, mixada e masterizada pelo grupo I Neurologici, que mistura o dub e o reggae ao eletrônico e ao folk.
Com o Dubdubom, a artista apresenta uma experiência do digital com o orgânico, em que o repertório consiste em dubs autorais e mixados ao vivo, com Laylah nos vocais e composições.
Para fechar o Dubsessions, a apresentação do sábado (15) une o produtor nova-iorquino Victor Rice com o projeto Vitrola Adubada, do produtor musical e engenheiro de som Buguinha Dub. Ambos são considerados influências para o universo da dub music.
O pernambucano Buguinha Dub tem 30 anos de estrada como P.A. ao lado de bandas e músicos como Racionais MC, Nação Zumbi, Mundo Livre S/A, N’Zambi, Natiruts, Manu Chao e muito mais. Começou a produzir discos em 2002, sendo o primeiro deles ‘O Palhaço do Circo sem Futuro’, do grupo Cordel do Fogo Encantado, e ‘Circo da Rocha’, de Eder Rocha, percussionista parceiro do Mestre Ambrósio.
O produtor define o som do projeto como uma “mistura científica cósmica”, apresentando uma versão mais legítima do dub, com sons e batidas marcantes de graves e ecos hipnotizantes. Já levou o Vitrola Adubada para diversas localidades do Brasil e da Europa (Portugal, Espanha e Dinamarca). A apresentação no Sesc Pompeia conta com mixagem de trilhas em parceria com Rice, enquanto os MCs Mestre Nico, Joana Botelho, Lei Di Daí e Negudemundo fazem rimas improvisadas.
Fascinado pelas vertentes surgidas entre as décadas de 1960 e 1970 na Jamaica, Rice, hoje radicado em São Paulo, já tocou em bandas de ska que foram importantes na história do gênero, como New York Ska-Jazz Ensemble, Stubborn All-Stars e The Scofflaws. Como produtor, trabalhou com nomes como Slackers, Pietasters, Articles, Skavoovie & The Epitomes e Dub Side Of The Moon – esse último traz versões remixadas do álbum ‘Dark Side of The Moon’, clássico do Pink Floyd. O repertório do show inclui também musicas do Radiodread, que traz músicas do ‘Ok Computer’, álbum do Radiohead.
Serviço
Dubsessions
De 13 a 15 de julho, quinta a sábado – 21h30
Comedoria
*A capacidade do espaço é de 800 pessoas. Assentos limitados: 150. A compra do ingresso não garante a reserva de assentos. Abertura da casa às 20h30.
Ingressos: R$6,00 (credencial plena/trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc e dependentes), R$10,00 (pessoas com +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino) e R$20,00 (inteira).
Venda online a partir de 4 de julho, terça-feira, às 17h30.
Venda presencial nas unidades do Sesc SP a partir de 5 de julho, quarta-feira, às 17h30.
Classificação indicativa: Não recomendado para menores de 18 anos.
Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93.
Não temos estacionamento.
Para informações sobre outras programações, acesse o portal sescsp.org.br/pompeia
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