Márcia Xavier e as reflexões da Geologia Doméstica
Por Monise Rigamonti
“Nos trabalhos de Marcia Xavier há quase sempre flutuação entre corpo e imagem. Nos recentes, alguma coisa acontece quando uma imagem apodrece – feita de, cede à matéria, às bactérias, aos fungos. O papel fotográfico não é espelho nem azulejo, não é o mapa de um fundo neutro, não é o mar calmo onde um homem anda. Não cabe em seu propósito explícito – carregar uma imagem e sumir debaixo dela. Imagem, madona contemporânea, veja, um musgo te tomou. Agora és também um queijo. Uma textura. Um labirinto de grãos.” – Nuno Ramos, artista e escritor
Foto: Casa Triângulo
A artista plástica Márcia Xavier (Belo Horizonte, 1967), participa da sexta exposição individual na Casa Triângulo em São Paulo. A mostra leva o título de Geologia Doméstica, o texto de apresentação tem a assinatura e a reflexão do artista e escritor Nuno Ramos.
Amanhã, sábado, 02, às 17hrs acontece a performance “Paraíso” da artista Márcia Xavier em diálogo com a exposição. A exposição continua em cartaz até o dia 16 de setembro.
Na composição desta mostra, as obras são divididas em três séries fotográficas: a instalação “Santa”, a série principal “Geologia Doméstica”, complementando com “Fotogramas”.
Amanhã, sábado, 02, às 17hrs acontece a performance “Paraíso” da artista Márcia Xavier em diálogo com a exposição. A exposição continua em cartaz até o dia 16 de setembro.
Na composição desta mostra, as obras são divididas em três séries fotográficas: a instalação “Santa”, a série principal “Geologia Doméstica”, complementando com “Fotogramas”.
Foto: Casa Triângulo
Para a série principal, que leva o título da exposição, a construção do trabalho foi feita a partir de um acidente causado pela água nas fotografias em preto e branco que registram a origem e a memória de sua família as fez apodrecer. Os grãos fotográficos deram vida a fungos e bactérias, transformando a cerimônia e a memória do casamento de seus pais em uma imagem de caos e destruição, na maioria das fotografias, interfere com a sobreposição de algumas pedras.
Em seu processo de criação, Márcia Xavier escreveu uma carta para a sua mãe, em que diz “Mergulhei naquele preto profundo das fotos do seu casamento. Aquele acidente com as imagens me deixou à vontade pra entrar. A água que escorreu dentro da lareira, alquimia dela com o fogo, entrou na cena fotográfica como uma lava de vulcão, onda do mar, imagem aérea, fungo. Carreguei para dentro minhas pedras, pesei uma sobre cada foto e soprei o pó – ágata, pirita, magnesita, cristal, mármore. Geologia doméstica, geologia amorosa.
Em seu processo de criação, Márcia Xavier escreveu uma carta para a sua mãe, em que diz “Mergulhei naquele preto profundo das fotos do seu casamento. Aquele acidente com as imagens me deixou à vontade pra entrar. A água que escorreu dentro da lareira, alquimia dela com o fogo, entrou na cena fotográfica como uma lava de vulcão, onda do mar, imagem aérea, fungo. Carreguei para dentro minhas pedras, pesei uma sobre cada foto e soprei o pó – ágata, pirita, magnesita, cristal, mármore. Geologia doméstica, geologia amorosa.
Foto: Casa Triângulo
Na mesma sala, no chão, conta com a instalação dos “Fotogramas”, no qual, diferente da técnica anterior, as fotografias são feitas com luz, diretamente no papel, sem uso da câmera fotográfica, criados com a sombra da artista interagindo com véus e garrafas. Dispostos horizontalmente no chão da galeria, os fotogramas são apresentados em mesas baixas, na altura dos joelhos e cobertos por vidro.
Finalizamos a exibição, com a instalação “Santa”, criada com dois retroprojetores, no qual completa a pesquisa sobre sua própria origem, traça paralelos com a origem cultural do mundo, em referência ao famoso quadro “A Origem do Mundo”, de Gustave Courbet. A obra é composta por uma fotografia sobreposta e espelhada de Santa Agnese, capturada na igreja da Piazza Navona, em Roma, inverte detalhes das mãos e das vestes da santa, formando uma imagem abstrata, que nos faz lembrar o “Origem do Mundo”.
Foto: Casa Triângulo
Ao nos contar um pouco da sua memória afetiva e familiar, a artista, provoca no público uma inquietação sobre as alquimias de transformação que ocorrem na ao longo da vida de todos nós. O que vivenciamos em um dia, não será da mesma forma que o anterior, e nossas memórias tão fortes, por intervenções externas, ou internas, podem ser tornar frágeis, mutáveis, volúveis. Contemplamos as fotografias, e obtemos uma sensação de nostalgia, questionamos sobre as nossas memórias, ou os fragmentos delas. A história da nossa vida, muitas vezes é contada por vários pontos, ou acontecimentos, compondo um todo, assim como os grãos de areia compõe um deserto, a natureza individual reflete no meio ambiente, e as forças exteriores refletem na vida e na persona de cada um.
Serviço
Geologia Doméstica – exposição individual de Márcia Xavier
Local: Casa Triângulo
Visitação: de 14 de agosto a 16 de setembro de 2017
De segunda a sábado das 10h às 19h
Rua Estados Unidos 1324, São Paulo/SP
Site: www.casatriangulo.com/
Geologia Doméstica – exposição individual de Márcia Xavier
Local: Casa Triângulo
Visitação: de 14 de agosto a 16 de setembro de 2017
De segunda a sábado das 10h às 19h
Rua Estados Unidos 1324, São Paulo/SP
Site: www.casatriangulo.com/