As histórias e os legados de Anne Frank em um livro que marca gerações: seu diário
Por colaboradora Monise Rigamonti
“Quando escrevo, sinto um alívio, a minha dor desaparece, a coragem volta. Mas me pergunto: algum dia escreverei algo importante? Virei a ser jornalista ou escritora? Espero que sim, espero de todo o meu coração! Ao escrever, sei esclarecer tudo, os meus pensamentos, os meus ideais, as minhas fantasias. […] Não quero perder a coragem. Tudo tem que dar certo pois estou decidida a escrever!”
Notas escritas por Anne Frank na data de Terça-Feira, 4 de abril de 1944.
O livro autobiográfico e histórico, O Diário de Anne Frank, escrito por Annelies Marie Frank (12 de junho de 1929 – fevereiro de 1945), conhecida por Anne Frank. A obra póstuma fora publicada pela primeira vez nos Países Baixos (Holanda) em 1947 por iniciativa do seu pai Otto Frank. Traduzido para diversas línguas, é considerado como um clássico da literatura do século 20. A edição lida, pertence a editora Pé da Letra e o valor pago no livro foi 10 reais.
Anne Frank – Foto: Reprodução / Google
O Diário narra as histórias que aconteceram no Anexo Secreto (Esconderijo), localizado a Rua Princesengracht, n°263 – em Amsterdã (Holanda), prédio preservado onde funciona atualmente o Museu Anne Frank. As anotações e os escritos, aconteceram desde o dia 12 de junho de 1942 (Domingo) até 1 de agosto de 1944 (Terça-Feira), quando o exílio da família fora descoberto e as pessoas encaminhadas para os campos de concentração.
A autora Anne Frank, é filha de Otto e Edith Frank, irmã de Margot Frank. Nascida em Frankfurt, na Alemanha, passou grande parte da vida nos Países Baixos, em Amsterdã, para onde sua família se mudou em 1933, na época da ascensão dos nazistas ao poder.
Anne, Margot, Edith e Otto Frank – Foto: Domínio Público
Na narrativa, os personagens que moravam no Anexo Secreto eram: os parentes de Anne (Otto, Edith e Margot), a família Van Daan (Peter, Hermann e Auguste), além do agregado, Fritz Pfeffer (Albert Dussel). Os auxiliadores na administração e por suprir a necessidade dos escondidos eram: Johannes Kleiman, Victor Kugler, Miep Gies e Bep Voskuijl – além do marido de Miep, Jan Gies, e do gerente do armazém Johannes Voskuijl, o pai de Bep. Vale o destaque para Miep, pessoa responsável por recuperar e guardar o diário e os esboços de Anne, entregues ao Otto Frank no final da guerra.
Por incrível que pareça, o relato começa de forma leve enquanto gozava da sua liberdade. As tensões começam com a chegada dos Van Daans no espaço e as inúmeras discussões por conta dos hábitos alimentares. Outro ponto apreensivo eram as repressões que ela sofria, tanto dos seus pais como dos congregados devido a seu jeito energético, espontâneo e faladeiro de ser. O relacionamento com a sua mãe muitas vezes era conturbado, e havia alguns estranhamentos entre ela e sua irmã, mas que ao longo da história tornara-se sua confidente.
Único lugar que se sentia à vontade para ser ela mesma e desabafar era em seu diário, apelidado de Kitty, nome inspirado em uma personagem fictícia da série de livros “Joop ter Heul” desenvolvido por Cissy Van Marxveldt, um dos seus prediletos. Ela se sentia sozinha por muitas vezes e a forma como encontrava de suprir essa carência era escrevendo. Seu maior sonho era se tornar uma escritora e uma jornalista famosa.
Diário de Anne Frank – Foto: Domínio Público
Durante os dois anos que o diário era executado, percebemos as nuances de sua personalidade, os seus desejos, os seus sonhos, a sua intimidade. Anne relata a sua vida de maneira tão intensa: a mudança do seu corpo e a paixão que ela descobre por Peter, a relação com a escrita e outros pontos. É nítido o amadurecimento da personagem.
Mais do que um simples livro ou diário, são informações verídicas do que houve com milhares de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Suas palavras as vezes doem, pois sabemos que é verdade tudo o que está dito. Anne deixou um intimo legado e ótimas confissões. Através dela é que a história pode ser reconstruída. E se ela tinha alguma dúvida se contribuiria para isso, o legado e as ações feitas em seu nome nos dizem a verdade. A apreciação do livro é recomendada para todas as idades e pessoas que queiram ver o mundo além dos seus olhos.
O Diário de Anne Frank – Editora Pé da Letra – Foto: Divulgação