Monólogo retrata a luta pela aceitação na vida de uma travesti




O espetáculo é interpretado por Lucilla Diaz, dirigida por Alessandro Brandão e conta ainda com a ativista Dandara Vital como assistente de direção

Por Andréia Bueno

O debate sobre questões de gênero é urgente, ainda mais em uma sociedade marcada por dados preocupantes como a brasileira. Uma ONG europeia (Transgender Europe) constatou que o Brasil é o que mais mata transsexuais no mundo. Como uma forma de escancarar esta situação alarmante e falar sobre o universo das travestis, surge a peça “Kim – O Amor é a tua cura”, que fica em cartaz até o dia 27 de maio no Teatro Café Pequeno no Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro.

Foto: Divulgação
“Kim – O Amor é a tua cura”, é um drama retratando a natureza cruel do ser humano e suas falsas realidades, mas dando prioridade à expressão de sentimentos. Numa livre adaptação do texto UNHAS de Marco Galvani, numa visão crítica e sem pudores, trata da solidão, angústia, miséria, preconceito, abandono e doenças psíquicas. Clama o desejo de transformar a vida, de alargar as dimensões da imaginação e renovar o olhar ao próximo, aceitando as possíveis diferenças. Essa montagem prima pelo respeito à liberdade individual, aceitando a subjetividade, o irracionalismo, o arrebatamento pelos temas moralmente proibidos – o sensual e o sexual.
Estrelado pela atriz Lucilla Diaz, que tem a árdua tarefa de sensibilizar e motivar reflexões entranhando-se na consciência dos seus expectadores, o monólogo é dirigido por Alessandro Brandão e tem a atriz ativista travesti Dandara Vital como assistente de direção. O espetáculo conta a história de uma travesti chamada Kim, que se depara com um impasse muito grande na vida dela: o fato agravante de não ser aceita por seu corpo e o de ser repreendida. A sociedade não aceita o que ela é e suas formas, impondo que ela se transforme e faça o que muitos chamam de “higienização”, se tornando assim uma pessoa aceitável socialmente.
O projeto pretende ser o reflexo de uma visão emocional dessa triste realidade, abrindo os sentidos da plateia ao mundo interior da personagem, com todos seus anseios em relação às questões da vida e da morte. Fruto das peculiares circunstâncias da vida, vem revelar seu lado pessimista e a angústia existencialista do indivíduo numa sociedade pós-moderna que ainda segrega, desqualifica, oprime e rechaça pessoas “diferentes” a um lugar de invisibilidade.
Com discurso em sua maioria em terceira pessoa, a atriz relata todo o sofrimento de Kim contando situações vividas, momentos de tristeza e sofrimento por ser excluída, não só pela sociedade, mas também por sua família, até que opta por se suicidar. A ideia de montar a peça partiu da própria atriz, Lucilla, que quando vivia na Itália conheceu o autor do texto e passou a se interessar pelo universo das travestis.

O diretor Alessandro Brandão, que também é ator e viveu uma drag na novela “Pega Pega” da TV Globo e faz parte de uma dupla de dragqueens cantoras, diz que na hora que leu o texto e foi convidado por Lucilla para dirigir o espetáculo, percebeu que o texto é uma denúncia e que deseja que através da peça as pessoas sejam tocadas e percebam as maldades que sociedade traz as travestis.
Alessandro explica que a peça é trabalhada com o viés da exclusão social e através deste viés que eles pretendem tocar o público e fazer com que eles se identifiquem com essa exclusão: “Todo mundo já se sentiu excluído socialmente pelo menos uma vez na vida, seja pelo jeito afeminado, ou pela cor da sua pele, ou por estar acima do peso, ou por não ter a altura ideal, ou por ter o cabelo diferente e no espetáculo a gente pega esses pontos que são comuns entre todos para fazer com que o público se identifique um pouco com a situação das travestis”.  
Serviço:
Data: Até 27 de maio, de sexta a domingo
Horário: 20:00h
Duração: 1h
Classificação Etária: 16 anos 
Local: Teatro Municipal Café Pequeno – Av. Ataulfo de Paiva, 269 – Leblon- Rio de Janeiro
Reservas: 2294-4480
Ingressos: R$ 30,00

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