Upcycling: a moda que pegou da alta costura ao armário de casa
Por Andréia Bueno
Os ideais de sustentabilidade vêm influenciando cada vez mais a vida das pessoas e, com isso, mudando costumes arraigados. A moda também está acompanhando essa tendência. O consumo consciente vem criando novos hábitos de compra, formando consumidores mais antenados com a origem dos produtos que consomem e atentos se as marcas também têm a ‘eco-consciência’ em seu DNA. A partir dessa nova forma de consumir moda, surge o upcycling, uma opção de reutilização criativa que transforma subprodutos, antes inutilizados – ou peças de menor valor agregado -, em novos produtos de melhor qualidade.
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Diversas marcas no Brasil e no mundo já aderiram ao upcycling. Desde a alta costura – a grife holandesa Viktor & Rolf reutiliza retalhos de tecidos antigos para criar vestidos de luxo -; até as marcas de fast fashion, como a Renner, por exemplo, que lançou uma linha de biquínis feita com resíduos de têxteis em sua coleção atual de verão.
“É uma grande oportunidade para as empresas, que muitas vezes têm estoque de tecido encalhado ou até mesmo peças de coleções passadas, que podem ser transformadas em novas roupas. Além de fazer girar a produção, soluciona um dos grandes problemas da indústria têxtil, que é o descarte de resíduos”, explica Amanda Vasconcelos, professora do SENAI CETIQT, que complementa: “O upcycling não deixa de ser a famosa customização já bastante disseminada. Porém, a diferença é que o upcycling tem atrelado esse conceito da sustentabilidade, com objetivo de desenvolver projetos ‘ecoconscientes’, aumentando o ciclo de vida das roupas, evitando, assim, que mais lixo têxtil seja despejado na natureza”.
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A professora do CETIQT destaca ainda que o upcycling é uma forma criativa de renovar as peças. É também um novo nicho, cheio de desafios, para os designers de moda, que têm que criar as vestimentas com base no material que possui disponível.
“Algumas empresas conseguem até mesmo produzir coleções em larga escala somente com resíduos, mesmo com pequenas diferenças entre uma peça e outra. Porém, a grande maioria das marcas produz peças únicas, mais autorais, com alto valor agregado por serem peças exclusivas”, pontua Amanda Vasconcelos.
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E quem acha que o ucycling não é acessível ao grande público está enganado. É possível executar a técnica em casa mesmo. Sabe aquela peça do guarda roupa que já não cabe mais ou está com um defeitinho aqui ou ali? Que tal transformá-la em uma nova roupa ou até mesmo em outro tipo de objeto? Esta é a proposta da professora para os alunos do SENAI CETIQT. “Desenvolvemos diversos projetos nos quais os estudantes trazem peças de casa e, a partir de uma camisa social masculina, por exemplo, criamos uma saia ou vestido; ou pegamos uma roupa de adulto para transformar em roupas infantis; ou ainda, desmanchando várias peças, é possível combiná-las, agregando elementos que sejam tendência na moda atual, dando à roupa até mais referência de moda do que ela tinha antes”, explica.