36º Panorama da Arte Brasileira terá curadoria de Júlia Rebouças

MAM anuncia proposta para sua tradicional exposição bienal


Créditos: Sofia Colucci / Fundação Bienal de São Paulo


No segundo semestre, entre 17/08 e 15/11, o MAM São Paulo realizará, com o patrocínio da Movida aluguel de carros, sua tradicional exposição bienal: o Panorama de Arte Brasileira. Dando início aos preparativos desta edição, o museu anuncia o conceito que norteará o projeto, “Sertão”, e a curadoria de Júlia Rebouças, que desenvolverá mostra com cerca de 20 artistas.

“Para o projeto curatorial do 36º Panorama da Arte Brasileira, tomamos o sertão como termo evocativo, que traz consigo afetos, formas, ideias, ficções. Suas imagens estão presentes em toda a cultura brasileira, ainda que nenhuma delas dê conta de tudo o que pode significar. Se o imaginário de um certo senso comum trata o sertão como vazio e aridez, a ele confrontam-se as acepções de resistência, vitalidade, experimentação, em processos criativos gestados a partir de uma ordem de saberes e práticas que desafia o projeto colonial em suas reiteradas tentativas de submissão. De forma alusiva, sertão refere-se a um só tempo à arte e ao estado da arte”, adianta Júlia Rebouças.

Créditos: Sofia Colucci / Fundação Bienal de São Paulo

Os artistas e as ideias de sertão

Como ponto de partida, a curadora toma o termo “sertão” para pensar práticas artísticas que não estão associadas a uma região geográfica, mas a processos que entendem a arte como instância de experimentação e resistência. A pesquisa inclui uma investigação por diversas cidades do território brasileiro, que resultará na apresentação de obras inéditas ou comissionadas especialmente para o 36º Panorama, trazendo uma leitura do estado atual da arte no Brasil.

Em viagens por localidades como Cachoeira, no Recôncavo baiano, Recife, Brasília, Florianópolis, São Paulo, ou pelas cidades da região do Cariri cearense, Júlia tem se encontrado com artistas que trazem em comum proposições criativas que apontam para metodologias, temas, formas de engajamento, materialidades outras, que ampliem o repertório estético e social da arte brasileira. Trata-se de uma geração em início ou meio de carreira, cuja produção aponta para territórios especulativos que dão sentido à ideia de sertão, além de artistas maduros com obras que merecem ser revisitadas à luz dos debates propostos na exposição.

“Sertão”, como tema, vem sendo retratado por escritores, artistas e compositores brasileiros há séculos, entre eles: Euclides da Cunha (1866- 1909), Graciliano Ramos (1892-1953), Jorge Amado (1912-2001), Candido Portinari (1903-1962), Tarsila do Amaral (1886-1973) e Luiz Gonzaga (1912-1989). Reconhecendo esse legado, neste Panorama de Arte Brasileira, o público encontrará uma nova visada sobre sertão, que se afasta do folclórico e distingue-se de representações regionalistas. A lista de artistas será divulgada em meados de março, em apresentação do projeto à imprensa.

Andréia Bueno

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