Premiado trapezista, ator, diretor e palhaço, Rodrigo Matheus apresenta três espetáculos


Créditos: Divulgação


Referência nacional em sua área (o circo contemporâneo), o premiado trapezista, ator e diretor Rodrigo Matheus criou e assina a direção geral do projeto Circulação Circo Mínimo 33 anos para marcar a trajetória de sua companhia com três espetáculos de circo-teatro – sendo uma estreia (Circo de Versos), uma peça de repertório (Simbad, o Navegante) e outra, criada para a rua, com texto e direção de Alexandre Roit (Quixote). As peças serão exibidas nos dias 26, 27, 28 e 29 de agosto e 3, 4 e 5, 10, 11 e 12, 17, 18 e 19 de setembro, de sexta a domingo, sempre às 20h.

Ao todo são 13 sessões gratuitas para serem assistidas de qualquer lugar, já que terão transmissão online a partir de plataformas virtuais de coletivos artísticos e/ou espaços culturais parceiros da capital (Circo Mínimo e Circo Teatro Palombar, coletivo circense de Cidade Tiradentes) e do Interior de São Paulo: Franca (Espaço Nulo), Jundiaí (Espaço Japi e Coletivo Coisarada), Presidente Prudente (Galpão da Lua) e São Bernardo do Campo (Circo do Asfalto). A princípio, ocorreria uma turnê presencial dos três espetáculos por cinco cidades do estado de São Paulo, além da capital. Devido à continuidade e agravamento da pandemia de Covid-19, a circulação foi alterada para o virtual, com a exibição da gravação das obras nas redes sociais dos equipamentos ou espaços culturais citados acima. O projeto foi contemplado pelo EDITAL PROAC EXPRESSO LEI ALDIR BLANC Nº 49/2020.

CIRCO DE VERSOS – Circo e poesia para falar de diversidade

A grande novidade é a estreia de Circo de Versos, o mais novo trabalho da Cia Circo Mínimo, viabilizado com apoio da Lei Aldir Blanc na cidade de São Paulo, onde o diretor Rodrigo Matheus une circo e poesia para falar de diversidade. No título, o trocadilho “de versos” aponta para a diversidade que sempre esteve presente no circo brasileiro, ainda que de forma velada, e para a poesia e as imagens propostas pelos nove artistas envolvidos. Gravado entre os dias 8 e 10 de julho passado, no Teatro Contêiner, sede do grupo Mungunzá, Circo de Versos tem a característica de ter sido criado por estímulo do processo de audições pelo qual passou o Circo Mínimo no mês de outubro de 2019, por ocasião da seleção do elenco de seu espetáculo Freud – Einstein, maio de 1933. “Descobrimos diversos artistas incríveis, com qualidades inusitadas e carga emocional forte, de diversas regiões do Brasil.” A partir daí, entusiasmado com o potencial artístico da turma que acabara de conhecer, idealizou o espetáculo-cabaré Circo de Versos. “Pelas estéticas e conteúdos propostos por esses artistas, decidimos investir na possibilidade de uma união insólita e poderosa de pessoas muito diferentes e talentosas.”

Créditos: Divulgação

O diretor mergulhou de cabeça na ideia de ligar o trabalho de cada um dos artistas à poesia. A proposta da encenação une os artistas no espetáculo, enquanto valoriza as peculiaridades de cada número individual, entre eles Tecido Gota, Pole Dance pendular com estafa aérea, Estafa Aérea e Parada de Mãos, Trapézio de um ponto e contorção, Bambolê e palhaçaria. O espetáculo está estruturado no formato de cabaré, com os artistas apresentando números um na sequência do outro. Três palhaços (Alexandre Roit, Giulia Coopper e Pedro Levy, que também atuam na tradução de LIBRAS, no saxofone e no trombone, respectivamente) e um mestre de cerimônias surdo (o poeta, ator e performer visual Fábio de Sá) fazem as transições entre os números. Os quatro se alternam entre seus números cômicos e a apresentação de poemas visuais, em LIBRAS (na prática, uma versão da linguagem de Libras, o Visual Vernacular, uma linguagem performática e teatral), além de atuarem como um recurso de cobertura para as trocas de cena.

Além deles, o elenco reúne os artistas circenses e bailarinos Gabriel Madrigrano (tecido-gota) e o trapezista cearense João Osmar (trapézio e contorção), a bailarina e coreógrafa carioca Mariana Duarte (pole-dance e estafa suspensa), o acrobata e equilibrista mineiro Matheus Mendonça (estafa aérea e acrobacia) e a artista, poeta e artista visual transgênere catarinense, formada em fotografia e Mestra em teatro Vulcanica Pokaropa (Bambolês). Durante cada número, a/o artista interpreta o poema escolhido. Entre os poemas estão textos de Eduardo Galeano, Adélia Prado, Carlos Drummond de Andrade, Paulo Leminski, Anne Sexton, Vulcanica Pokaropa e Fernando Pessoa, entre outros. Rodrig o Matheus acredita que a inclusão dos textos confere uma carga afetiva aos números circenses. “O olho brilha, a emoção salta.”

SIMBAD – Palhaços e estruturas de bambu recriam lenda do marinheiro

Concebido para crianças aventureiras, o premiado espetáculo dirigido por Carla Candiotto incentiva a imaginação ao usar pedaços de bambu para representar penhascos, barcos, aves gigantes, serpentes, ilhas e muito mais. À frente do palco, dois palhaços disputam espaço para contar uma das histórias mais conhecidas da obra As Mil e Uma Noites. A peça ganhou uma série de importantes reconhecimentos do teatro infantil desde 2015.

Dois palhaços contadores de histórias compartilham com o público as aventuras do marujo Simbad, aventureiro que desbravou os mares em busca de riquezas e desafios. A lenda, que já teve adaptações para o teatro e cinema (em formato de animação e live-action), ganhou uma premiadíssima adaptação do Circo Mínimo. Em cena, estão o ator fundador do Circo Mínimo, Rodrigo Matheus (que também assina a dramaturgia da peça) e Ronaldo Aguiar, palhaço, bailarino e acrobata aéreo convidado.

QUIXOTE – Com palhaços clássicos, versão tem um gari e um morador de rua

A partir de sugestões do Quixote, de Cervantes, Alexandre Roit idealizou uma versão para rua, reduzindo a complexa estrutura original para apenas dois personagens: um gari e um morador de rua. Longe de buscar soluções para problemas sociais, são apontadas possibilidades dramáticas e de conflitos entre o espírito livre de um Quixote, representado pelo nosso “cidadão em situação de risco” e um Sancho enquadrado nas rígidas normas de conduta social, aqui encarnado pelo gari. Entre os objetos de cena destaca-se um tambor de lixo que, fazendo as vezes dos baús de bugigangas, reúne os demais apetrechos manipulados ao longo da montagem.

Créditos: Taina Azevedo

Criação de Alexandre Roit e produção em parceria com Rodrigo Matheus, para a Mostra Sesc de Artes, o espetáculo já foi apresentado no Festival Internacional de São José do Rio Preto, assim como nos festivais de Salvador e Uberlândia, e nos argentinos de Salta, Rosário, Córdoba, Oliva e Corrientes (onde foi apresentado na língua espanhola). O roteiro está apoiado em dois pilares fundamentais: o primeiro consiste na estrutura dos palhaços clássicos, com suas rotinas cômicas inseridas no contexto dos personagens – um mais ligado aos elementos oníricos da história, o outro mais ligado ao cotidiano das grandes cidades. O segundo pilar se refere à fidelidade a trechos do texto original de Cervantes, no que é possível ser fiel, a partir da tradução reconhecida de Eugênio Amado. O ponto de partida para a trama é uma promessa: assim que o mundo for conquistado, o mal desfeito e as injustiças aplacadas, nosso Sancho ganhará uma ilha de presente, para nela viver tranquilo o resto de seus dias.

Quixote retoma a parceria entre Alexandre Roit e Rodrigo Matheus, iniciada em 1988, quando os dois atores criaram o espetáculo Circo Mínimo, que depois batizou a Companhia de mesmo nome. O artifício usado pela dupla, em Quixote, é o uso da metáfora que aproxima o cavaleiro utópico a um morador de rua, e o escudeiro igualmente sonhador, mas limitado à realidade, ao cotidiano de um gari. Essa combinação permite aos dois atores a exploração das técnicas circenses que lhes são características: malabares, acrobacia e palhaço, para estabelecer uma comunicação direta e energética com o público em que os textos originais de Cervantes são atualizados para um contexto urbano e teatral.

SERVIÇO

Temporada de estreia “Circo De Versos”

Dias 26 e 27 de agosto, 20h, no Facebook e Youtube do Circo Mínimo.

https://www.facebook.com/CircoMinimoBR | https://www.youtube.com/user/CMinimo

Dias 28 e 29 de agosto, às 19h, no Facebook do Grupo Palombar: https://www.facebook.com/Circo.Palombar

Projeto Circulação Circo Mínimo 33 anos reúne três espetáculos. As exibições dos espetáculos integram atividades do projeto “Circulação Circo Mínimo 33 anos”, contemplado pela Edital Proac Expresso Lei Aldir Blanc n. 49/202.

CIRCO DE VERSOS

Dia 04/09, Franca – 20h – Facebook do Ponto de Cultura Espaço Nulo https://www.facebook.com/curtaespaconulo

Dia 11/09, Jundiaí – 20h – Facebook do Ponto de Cultura Coisarada.

https://www.facebook.com/PontoCoisarada

Duração: 60 minutos. Recomendação etária: Acima de 14 anos. Classificação: livre. Grátis.

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QUIXOTE

Dia 03/09, Franca – 20h – Facebook do Ponto de Cultura Espaço Nulo https://www.facebook.com/curtaespaconulo

Dia 10/09, Jundiaí – 20h Facebook e Youtube do Espaço Japi. https://www.facebook.com/JapiCultural

Dia 17/09, Presidente Prudente – 20h- Facebook do Galpão da Lua. https://www.facebook.com/GalpaodaLua

Dia 18/09, São Bernardo do Campo – 20h – Facebook do Circo do Asfalto.

https://www.facebook.com/circodoasfalto

Duração: 60 minutos. Recomendação etária: Acima de 5 anos. Classificação: livre. Grátis.

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SIMBAD, O NAVEGANTE

Dia 05/09, Franca – Facebook do Ponto de Cultura Espaço Nulo, 20h. https://www.facebook.com/curtaespaconulo

Dia 12/09, Presidente Prudente – Facebook do Galpão da Lua, 20h. https://www.facebook.com/coletivogalpaodalua

Dia 19/09, Espaço Japi, Jundiaí – Facebook e Youtube – 20h. https://www.facebook.com/JapiCultural

Duração: 60 minutos. Recomendação etária: Acima de 5 anos. Classificação: livre. Grátis.

Andréia Bueno

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