Protagonismo assexual: um amor romântico fora do convencional
Você já se perguntou qual é o significado da letra “A” na sigla “LGBTQIAP+”? A inicial se refere à assexualidade, uma orientação que engloba pessoas que não sentem atração sexual ou que podem ter atração, mas em situações específicas. Ainda há poucas referências em filmes, séries e livros, mas essa realidade está mudando com o movimento de artistas e autores dispostos a levar o protagonismo assexual às suas histórias. Virginia P. Pagliarin, autora da obra literária Um mundo de cores, é um desses nomes.
A narrativa apresenta Camila, uma jovem brasileira que termina um namoro de longa duração por não se sentir confortável em manter relações sexuais. Desde o início, a personagem ressalta: não há nenhum problema com seu ex-namorado. Pelo contrário: ele é o homem ideal para muitas mulheres. Mas ela precisa priorizar suas vontades para entender a si mesma.
É assim que a protagonista inicia uma jornada de autoconhecimento. Camila enfrentará a incompreensão de amigos de longa data, mas também fará novas amizades com pessoas que a aceitam como ela é. Sua virada vem com o acesso a um aplicativo de encontros, com o intuito de fazer pontes entre pessoas assexuais, onde Camila inicia um novo e “diferente” relacionamento.
Nunca imaginei que o gênero pudesse mudar tanto de pessoa para pessoa
e admito que me perguntei por que, em pleno século XXI, isso ainda é tratado como tabu. Será possível que as pessoas não entendem que quanto mais informações tivermos mais poderemos nos entender e encontrar o que chamamos de felicidade? Viver fora de um mundo em que as regras de “normalidade” nos limitam de tal forma que nos sentimos sufocados. (Um mundo de cores, pg. 7)
Mas os conflitos de Camila não se restringem à sexualidade: ela também sonha em se tornar uma escritora. Formada em Letras, trabalha em uma livraria e tem um emprego estável. Entretanto, isso não é o suficiente: ela quer contar histórias e decide escrever sobre o romance entre seu melhor amigo, Lucas, e o noivo dele, Pedro. Os dois, que estão em um relacionamento homossexual há anos, enfrentaram muitos preconceitos até se autoafirmarem como homens gays.
No enredo de Um mundo de cores, os leitores que também sentem não se encaixar nos padrões aceitos socialmente encontrarão identificação na história de Camila. É justamente esta a intenção da autora Virginia P. Pagliarin: mostrar empatia por meio de referências positivas e deixar claro que cada pessoa é muito maior do que a própria sexualidade.