Fotógrafo André François lança livro que reúne trabalho de 13 anos em 15 países


Crédito: André François


O fotógrafo brasileiro André François lança o livro Ubuntu, resultado do maior projeto desenvolvido pelo profissional, um trabalho de conexão com o outro e demais culturas. Ao longo de 13 anos, o fotógrafo registrou inúmeras iniciativas positivas na área da educação, saúde e cultura em comunidades de 15 países.

De lá para cá, o documentário fotográfico passou por transformações que complementaram ainda mais o tema, como a adaptação do mundo para o enfrentamento à pandemia de COVID-19. Acesso à água, o cuidado ao meio ambiente e os direitos humanos também pautam o projeto. Realizado pelo Ministério do Turismo e ONG ImageMagica, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, o livro conta com o patrocínio das empresas AstraZeneca e Pfizer e com o apoio da AirLiquide.

A obra será lançada recentemente, no Parque Linear Bruno Covas (São Paulo), durante evento que também abriu a grande exposição do projeto. A abertura contou com a presença de André François e Paula Poleto para um bate-papo sobre o trabalho mediado pelo jornalista Mauro Trindade.

A mostra contará com imagens extraídas do livro, trazendo a experiência e conceito Ubuntu para os visitantes do parque. O horário de visitação da exposição é das 7h às 18h e segue até 29/01/2023.

O que une todo o projeto é a filosofia africana Ubuntu, que traz esse conceito de humanidade, pertencimento e comunidade. “Umntu ngumntu ngabantu“, provérbio sul-africano, explica bem: “Uma pessoa é uma pessoa por meio de outras pessoas“. Você é quem você é por causa da relação que tem com os outros ao seu redor. Ou simplesmente: eu sou porque nós somos.

O livro de fotografias documentais narra uma história do começo ao fim: com 95 imagens na edição principal, vai de registros de terra indígena Yanomami, no extremo norte do Brasil, a lugares como Haiti, depois do terremoto, Japão após o tsunami, China, países da África como Moçambique, Quênia, Ruanda e Burundi, até os acontecimentos da pandemia da COVID-19. O projeto traz a reflexão de como o trabalho coletivo e comunitário pode transformar positivamente nossas vidas.

Pelas lentes de André, as imagens registram comunidades ao redor do mundo e conectam os espectadores a diversos pontos de vista, buscando as particularidades de cada cultura e como elas vivem a partir do poder no “nós”. O fotógrafo também se propõe a radicalizar a verticalidade com que são feitas as fotografias: o livro exalta a importância dos ensinamentos que cada ser humano fotografado têm a oferecer.

Não é um livro sobre lugares, mas sim, sobre pessoas se conectando por meio de ações diversas. Normalmente viajamos para mostrar como as pessoas mundo afora têm uma vida simples e difícil, com o intuito de levar algo para elas. E eu acredito que com Ubuntu seja exatamente o contrário: essas pessoas muito simples têm muito a nos ensinar – elas têm essa sabedoria de viver do “nós” de uma maneira muito mais intensa do que a gente. Às vezes temos a sensação de que não precisamos de nada e de ninguém, e que funcionamos muito bem sozinhos; mas se lançarmos o olhar para as possibilidades que o coletivo traz, acredito que teríamos uma vida melhor“, comenta André.

A jornalista e idealizadora-parceira Paula Poleto selecionou mais de 60 mil imagens no decorrer do projeto e chama a atenção para o fato de, ao longo da obra, não haver imagens de pessoas sozinhas. Todos os temas abordados estão interligados e nos apresentam a importância da conexão humana para seguirmos adiante.

Construir Ubuntu foi um esforço de entender como saúde, educação e cultura se relacionam a partir da interação humana. Nós nos perguntamos como poderíamos juntar fotos de desastres ambientais, com crises humanitárias e plantios no meio das favelas no Quênia. Foi no decorrer do trabalho que percebemos como André estava capturando a essência do ‘nós’“, disse Paula.

Junto com as capturas feitas em preto e branco, André foi a campo para registrar o importante trabalho das equipes de saúde durante e pandemia. Estas são as únicas imagens coloridas no projeto, trazendo o observador para o presente e reforçando a urgência da crise sanitária enfrentada.

Quando trouxemos o enfrentamento contra a COVID-19 notamos que sem um trabalho de ajuda coletiva, não teríamos conseguido atravessar aquele momento. O que motivou as equipes de saúde que atuaram na linha de frente a arriscarem suas vidas todos os dias? Era realmente a doação de si para o outro“, completa a jornalista.

A edição de Ubuntu contou com a curadoria da holandesa Corinne Noordenbos, fotógrafa e educadora visual. Segundo André, a convivência profissional com a artista o “virou do avesso” e o fez conhecer melhor sobre como contar uma história completa por meio de imagens.

A autora de Everyday Ubuntu, Mungi Ngomane, escritora sul-africana e neta de Desmond Tutu, vencedor do Prêmio Nobel da Paz, também assina um texto em Ubuntu sobre a importância da conexão humana e o elo entre as pessoas.

Exposições

Além da exposição no Parque Bruno Covas, a principal do projeto, outros locais pelo Brasil também acontecem mostras de Ubuntu simultaneamente no mês de outubro: no Espaço Cultural Renato Russo, em Brasília (DF), na Estação de Metrô Campo da Pólvora, em Salvador (BA), no Conjunto Nacional, em São Paulo (SP) e na Estação Paulista do Metrô, também em São Paulo.

Rodrigo Bueno

Formado em Marketing pela Universidade Anhembi Morumbi, também é Fotógrafo Cultural pela Escola de Fotografia Foto Conceito, já cobriu cerca de 5 mil shows nacionais e internacionais, além de eventos exclusivos como coletivas de imprensa e pré-estreias. Também é Analista de Marketing Digital, Executivo de Negócios, Jornalista, Web Design, Criador e editor de conteúdo de redes sociais.

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