15 Perguntas para Pedro Navarro, o Smee de Peter Pan – O Musical
Dono de muitas gargalhadas ao lado de Daniel Boaventura, o intérprete do divertido pirata fala sobre a reta final do musical e sua trajetória.
Por Walace Toledo
Foto: Caio Bonicontro
Aos 24 anos, Pedro Navarro é uma das revelações do teatro musical paulistano. Em sua segunda produção profissional, o jovem se destaca pela veia cômica em “Peter Pan, o Musical da Broadway”, da Touché Entretenimento, em cartaz somente até hoje (15) no Teatro Alfa (SP).
Cantor desde pequenino, aos 6 anos Navarro dava os primeiros passos cantando e atuando nas produções em datas especiais na igreja. O grande público pode apreciar sua arte na montagem brasileira mais recente do clássico “GODSPELL” (2016), no papel de Lamar – sob a direção do premiado Dagoberto Feliz.
Formado na 1ª turma de formação em Teatro Musical da América Latina do SESI – SP e graduado em Cinema, Pedro conta ainda na bagagem com cursos técnicos na área vocal nos Estados Unidos.
Na superprodução “Peter Pan, o Musical da Broadway”, além de termos o primeiro Pan interpretado por um homem (Mateus Ribeiro), vemos o braço direito do Capitão Gancho (Daniel Boaventura) jovial e cheio de energia em cena, constraste com o personagem da animação Disney, conhecido mundialmente. A química entre a dupla pirata é encantadora e conquista o público adulto e infantil de cara!
Foto: Luís França
– Qual sua primeira memória de pisar num teatro como espectador e ator?
Como espectador foi quando criança, em uma montagem de Branca de Neve, onde eu gritei a peça inteira “A MAÇÃ TÁ ENVENENADA! PRESTA ATENÇÃO” – não fui uma boa plateia (risos).
Como ator foi minha primeira montagem académica de musical. Lembro que fiquei super nervoso, mas ansioso para apresentar. A cortina abria e o elenco já começava em cena.
– O desenvolvimento do canto, foi em qual momento?
Eu canto a vida inteira. Com seis anos já me apresentava cantando e desde então não parei. Comecei a me informar muito quando fui estudar e trabalhar com Teatro Musical, e foi aí que me interessei por voz e pelo estudo da voz. As demandas do canto de teatro musical são outras, é outro lugar. E também continuo estudando até hoje, acho que esse é o segredo na verdade, não existe linha de chegada para estudo.
– Tem mais artistas na sua família que puderam ser sua inspiração? O que mais te motivou à carreira artística?
Não vim de uma família de artistas, mas existia muita música e arte em volta também. Talvez se os tempos fossem outros, alguns parentes meus teriam sido. Porém minha família sempre me incentivou a procurar e seguir uma carreira que eu realmente gostasse.
O que me motivou na verdade foi ir descobrindo que apesar de me identificar com outras áreas, nenhuma me dava uma satisfação tão completa quanto essa área. O ‘bichinho’ de querer mais, a dedicação. A ambição, identificação, a sensação de estar no palco. Tudo isso conta. Eu pensei muito e ao mesmo tempo eu deixei acontecer. Nada é bom se é forçado.
– Em 2016, você integrou a mais recente montagem de “GODSPELL” como Lamar. Uma estreia Broadway nacional mais do que abençoada! O quão importante e transformador foi esse musical para você?
Nossa, não poderia ter pensado em um título melhor para ser o meu primeiro trabalho. Vocalmente são musicas que eu adoro, então poder criar dentro de uma coisa que você tem total segurança é muito legal. Era um elenco super sincronizado. Aprendi tanto como artista e como profissional com o ‘Godspell’, e como foi uma jornada longa, o espetáculo foi se transformando de acordo com o nosso amadurecimento, do elenco e equipe.
– É só conversar contigo cinco minutos para perceber sua comicidade natural. Porém em cena, dizem que fazer rir é mais difícil do que fazer chorar. Apesar do seu humor intrínseco, você concorda com essa afirmação?
Não sei. São duas coisas bem extremas e bem difíceis. Acho que depende do texto, do personagem, do ator. Talvez as pessoas falem isso porque a comédia depende muito da plateia, a plateia que vai ditar o tom, o ritmo e etc. No drama o Ator tem um pouco mais de poder para dar o clima da cena. Mas tudo depende muito, de caso pra caso. Resposta objetiva a minha (risos).
Foto: Luís França
– Peter Pan é uma das fábulas que mais desperta e resgata o período da infância nas pessoas. Como ou quando você percebe que se conecta com a sua criança interior, não deixando ela sumir no caos adulto do dia a dia?
Nossa, que pergunta complicada. Quando estou envolvido numa coisa que sou completamente apaixonado. O Peter Pan me trouxe isso. Cantar me traz isso. Teatro me traz isso. E poder aproveitar as coisas mais simples fora do trabalho. Poder ter um momento só meu, com a cabeça em outro lugar.
– Você audicionou para “Peter Pan” já com foco no Smee ou tinha em mente outro personagem?
Pelo contrário, eu fui audicionar aberto para qualquer coisa. Fui para mostrar o meu trabalho. Logo nas primeiras fases, se eles pediam uma energia de índio na coreografia eu fazia, pediam pirata? ‘Vamos lá’! – Quando recebi o material de Smee para adicionar aí sim foquei no personagem e repeti varias fases com as cenas.
– A vitalidade e jovialidade do seu Smee são características contrárias à figura madura do Smee que o grande público está acostumado da animação Disney. Como foi encontrar esse jovem Smee? Foi uma decisão da produção?
Foi uma proposta minha, que a produção comprou bastante e construí com a ajuda de todos. Foi uma delicia, e um processo sem apego também. Se isso funciona, ótimo. Se a direção fala, ‘isso aqui não funciona’, ok, vamos achar outra maneira. Acho que é assim que tem que ser.
– A conexão entre Smee e Gancho em cena flui naturalmente e com muita verdade. Como foi o primeiro contato e o processo com o Daniel Boaventura? Foi ‘química’ à primeira vista? rs
Foi! Nos demos bem logo nas primeiras audições, nosso humor combina muito. Ele é extremamente generoso, e um ótimo parceiro de jogo de cena. Temos uma química muito boa, e pela troca entre Gancho e Smee, isso transparece bem nas cenas para a plateia.
Foto: Luís França
– Crianças são imprevisíveis, tem algum fato inusitado / engraçado que aconteceu em cena com você e o Gancho? Como é o feedback da criançada pós-espetáculo?
Em sessões com muita criança, as crianças tentam conversar com os atores no palco, gritam, as vezes nos fazendo perder a concentração, é divertidíssimo quando temos muitas crianças, mas realmente, são imprevisíveis. A recepção pós show é muito legal, é emocionante ver as crianças com roupas de Sininho, Gancho, saindo do teatro.
– Agora sendo o Smee: Se o Capitão Gancho te ‘passasse a espada e o chapéu’, como você imaginaria esse líder dos mares? rs
Nossa, seria a grande festa do caqui louco, não acho que o Smee seria um bom líder, ele é uma ótima liderança entre o grupo, mas como líder mesmo, ele enlouqueceria muito. Seria engraçadíssimo, mas nada funcional.
– Última semana da temporada paulistana, qual o sentimento nesta reta final? Quais aprendizados você levará desta experiência na Terra do Nunca?
Um sentimento de conquista, de tristeza, mas de felicidade por um ciclo bem sucedido que termina. Levo muitos aprendizados, muitos. Como Ator, artista, profissional e como pessoa. Com certeza não serei o mesmo, pois mudei de opiniões, me aprofundei na arte…
– Além de ator, cantor, coach vocal na ‘Casa Motivo’, você ainda é graduado em Cinema! Já pensou em unir todas as artes e produzir (e atuar) um filme musical nacional?
Já sim, aliás tenho pensado muito nisso (risos).
– Num TOP5 de canções de musicais, quais não saem da sua playlist? E exceto musicais, quais artistas você ouve?
Mudam bastante mas agora: O cast recording inteiro de Mean Girls, Dead Evan Hansen e Songs for A New World. Fora dos musicais atualmente estou ouvindo muito: Yebba, Vincent , Shoshana Bean, Morgan James e Kate Rockwell.
– Para finalizar, pode compartilhar novidades sobre trabalhos pós-Pan?
Ainda não posso compartilhar (risos), mas estou muito ansioso pra poder falar e também para mergulhar em águas novas, com a experiência das coisas boas que estou vivendo agora.