Crítica: ÷ (Divide) – Uma nova sonoridade de Ed Sheeran
Por Erlanio Lima
Na madrugada desta sexta-feira (03) foi lançado nas plataformas digitais, o terceiro disco de estúdio do cantor inglês Ed Sheeran, o seu tão esperado álbum intitulado “÷” (Divide, em inglês), seguindo a metáfora dos seus discos anteriores “+” (Plus) e “X” (Multiply). O novo trabalho tem a produção de Benny Blanco e Steve Mac, a versão Deluxe conta com 16 faixas, enquanto a Standard com 12, conta também com as músicas já lançadas “Castle On The Hill” e “Shape Of You”, duas canções que já se tornaram uns dos maiores sucessos de 2017, o que não é pra menos, depois de um longo hiato de quase 3 anos para o lançamento deste novo disco, Ed revelou em entrevistas que o álbum já estava gravado mas que não queria competir com nomes de peso com Adele, Bruno Mars e The Weeknd.
Em vista dos trabalhos anteriores, o álbum Divide conta com uma sonoridade mais eclética e diferente da qual estamos acostumados nos trabalhos do cantor, já deu para perceber os sinais assim que lançou “Shape of You”, uma canção mais radiofônica e comercial, com uma pegada latina e dancehall, mas Ed está sendo esperto e dando o que o público quer, já que esta canção é bem parecida com o ritmo de “Cheap Thrills” da cantora Sia e que fez bastante sucesso em seu lançamento.
Sem mais delongas, ouvimos o álbum e fizemos uma crítica faixa a faixa deste incrível trabalho, confira:
1 – Eraser
Abrindo o álbum com uma faixa folk rap, a letra é uma forma de desabafo do cantor, traz uma pegada flamenca e rap melódico, não sou muito fã das canções rap de Ed, mas a instrumental foi o que mais se destacou nessa faixa.
2 – Castle On the Hill
Um dos primeiros singles lançados do disco no inicio deste ano, já se tornou um recorde sendo uma das canções mais ouvidas na plataforma de streaming “Spotify” com seis milhões de reproduções no dia do lançamento. Essa faixa é um rock moderno com letra biográfica.
3 – Dive
A primeira balada romântica do álbum, traz uma sonoridade soul das antigas, fala sobre se entregar a alguém que não consegue mostrar sua verdade, a canção chama a atenção pelos tons de Ed, graves mais presentes e os tons altos que alcança se tornando uma canção emocionante por demonstrar dor.
4 – Shape Of You
Reinando há 6 semanas consecutivas no topo da Billboard Hot 100 mostra que Ed não veio pra brincadeira, saindo completamente de sua zona de conforto trouxe uma canção dançante com uma letra sobre atração e desejo (Estou apaixonado pelos seus contornos/Nos atraímos e nos repelimos como um imã). A canção além de morar no topo do chart da Billboard e no iTunes, também quebrou recorde no Spotify junto com “Castle on the Hill”, como a canção mais reproduzida na plataforma em um dia.
5 – Perfect
Outra balada romântica com uma sonoridade antiga (anos 50/60), uma das minhas baladas preferidas neste álbum junto com “Dive” (principalmente para quem estiver apaixonado), pois é uma verdadeira declaração de amor prx crush.
6 – Galway Girl
Outra faixa rap, mas com uma sonoridade intrigante onde mescla música tradicional irlandesa e violão simples, uma canção divertida sobre uma garota que ele conheceu e conseguiu conquistá-la no final das contas, mesmo ela estando apaixonada por outro.
7 – Happier
Balada romântica e simples onde explora os vocais mais graves de Ed.
8 – New Man
Saindo um pouco da vibe de baladas românticas vem uma faixa mais dançante, com uma batida pop já conhecida, violão e letra sobre ter perdido a namorada para outro, mas ele acredita que ela voltará para ele (Não se preocupe Ed, se ela não quiser voltar, eu me candidato, serve?).
9 – Heart’s Don’t Break Around Here
Uma letra bem fofinha, mais uma balada romântica na tracklist do álbum, com um ritmo suave e perfeito para dançar a dois, pois também é outra declaração de amor.
10 – What Do I Know?
O sample do inicio da canção lembra a parceria de Marcus Marr e Chet Faker “The Trouble With Us”, só que mais lenta e sem a batida eletrônica. Com letra biográfica e familiar, retrata um pouco da relação de Ed com sua família.
11 – How Would You Feel (Paean)
Balada romântica + declaração de amor = possível bad ou curtir uns beijos com seu amor. Uma canção de sonoridade simples, violão e aquele toque folk apaixonante, um bridge de guitarra antes dos últimos refrãos se destaca na música, essa faixa lembra um pouco “Thinking Out Loud” do disco anterior, apenas com tons mais suaves.
12 – Supermarket Flowers
Dito pelo próprio Ed, essa é a canção mais especial do álbum, que é em homenagem a sua avó, onde ele genialmente lhe adota a metáfora de um anjo, e assume o eu-lírico do ponto de vista de sua mãe, nota-se emoção na voz de Ed no final da canção, a música é linda e foi graças ao avô de Ed que essa faixa entrou no álbum, segundo o cantor.
13 – Barcelona
Saindo da sequência de canções tristes e românticas, entra uma mais dançante, a letra brinca com palavras latinas, a percussão é bem gostosa e dá o toque excêntrico na canção.
14 – Bibia Be Ye Ye
A canção que mais me surpreendeu no álbum por conta da sonoridade, Ed realmente veio inovar no seu trabalho, saindo da caixinha e trazendo esse misto de ritmos que não estamos acostumados em seu trabalho, com isso até aqui, o álbum não se torna repetitivo em quesito sonoro, mas sim surpreendente. Com uma pegada caribenha faz sairmos mexendo o esqueleto em seu refrão chiclete (Se enioma enko ye/bibia be ye ye).
15 – Nancy Mulligan
Outra vez, Ed usa de violinos irlandeses e incluem nessa canção junto com uma pegada flamenca, outra canção que surpreende por usar de tantos estilos.
16 – Save Myself
Espécie de balada de autoajuda é a canção que ele escolheu para encerrar a versão Deluxe do álbum, faixa simples, apenas violino, piano e violoncelo. A letra diz (Antes de amar alguém, tenho que me amar), serve de inspiração para todos nós, não é mesmo?
Considerações Finais: Valeu a espera todo esse tempo, Ed saiu da zona de conforto, pois ele trouxe um disco mais comercial que seus anteriores, para quem prefere os dois primeiros discos, esse álbum pode ser uma pequena decepção, mas vale notar que ele não perdeu a essência da qual estamos acostumados, seja em suas baladas, canções de rap, etc. As produções das músicas estão mais limpas e acabadas do que as dos seus outros discos, mesmo que o álbum esteja mais radiofônico, podendo usar qualquer uma das canções como futuros singles, ele se inovou em seu trabalho, se arriscando e trazendo elementos que não estamos tão acostumados, violinos irlandeses mesclados com flamenco, quem poderia imaginar? Enfim, o disco está ótimo sonoramente, mas em um ponto fiquei um tanto decepcionado com este trabalho.
Como compositor e letrista, Ed costuma ser sempre genial, mas nesse álbum eu acredito que faltou um pouco da essência do cantor dos últimos dois discos, não que as baladas sejam ruins, mas as letras parecem ser repetitivas sem usar de um diferencial de uma a outra, para quem tem em seu repertório “Photograph”, “Kiss Me” e “Give Me Love”, deixou bem a desejar no quesito composições.
NOTA: 9,0