Dica de Filme: Um limite entre nós




Por colaboradora: Luci Cara

Baseado numa peça do vencedor do Pullitzer e do Tony Awards August Wilson, o filme “Um Limite entre nós” está indicado para o Oscar em quatro categorias: diretor, ator, atriz coadjuvante e adaptação.

Foto: Divulgação

Podemos acompanhar o dia a dia de um lixeiro negro, Troy Maxson, com um amigo companheiro de trabalho, e em sua casa, com seus dois filhos e a esposa. Um deles mora com uma companheira, e vem sempre visitar o pai no dia do pagamento, e lhe pedir algum dinheiro emprestado. Seu irmão foi ferido durante a guerra na cabeça, recebeu indenização do governo, mas vive perambulando pelas ruas caçando os cachorros do Inferno, ou conversando com São Pedro. De vez em quando também aparece para comer algo, ou conversar. O filho mais novo tem o sonho de ser jogador de beisebol, como seu pai já foi um dia. A esposa tenta colocar panos quentes nos conflitos, e manter o equilíbrio da família.

Troy tem um sentimento de revolta por não ter tido oportunidades parecidas com os brancos, em um país onde esse abismo era realmente gigantesco,  época em que se passa a peça/filme, 1957. Sabe que não é promovido a motorista do caminhão de lixo porque todos os negros são lixeiros. E pede uma promoção, mesmo que isso signifique perder o emprego.

Em casa, o maior conflito trava com seu filho Troy. O menino consegue uma bolsa de estudos na Universidade para ser jogador, mas o pai tem certeza de que ele nunca vai sequer ter a oportunidade de entrar em campo.

No quintal, uma cerca a ser construída, com tábuas num canto, e materiais para fazê-la. 

Pouca música, em especial cantorias melancólicas entoadas pelos próprios atores. Por ser originalmente uma peça, nós estranhamos a falta de mudança de cenário, há raros momentos que se passam fora desse local: a casa e seu quintal.

Foto: Divulgação

Então, o que faz do filme um grande filme? A atuação de Denzel Washington, que também dirige, e de Viola Davis, retratando tão bem a saga da mulher mãe e dona de casa. 

O personagem do amigo diz que a cerca a ser construída não serve para se proteger dos outros, e sim para manter quem se gosta próximo e unido. Mas há outras cercas em cada um desses protagonistas, o limite entre se entregar ao outro e se deixar amar, muito mais complicadas. 

É poesia em forma de filme. O comum e o extraordinário de cada um, muito bem retratados. 

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