Forró invade os centros culturais da cidade


Créditos: Divulgação


O cenário musical da cidade de São Paulo se enriquece ainda mais com a chegada do projeto “Arrebol – Forró de Rabeca” e “Forró de Cabo a Rabo”, que foram contemplados no 3º Edital de Fomento ao Forró da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. As apresentações trazem as raízes do forró, promove novos talentos e exalta os músicos tradicionais. Por meio de uma cuidadosa exploração de repertório e linguagens, os projetos não apenas resgatam clássicos, mas também proporcionam novos arranjos para obras emblemáticas do gênero.

Na sexta-feira, 25, a Associação Zona Franca, na Bela Vista recebe, às 16h, Arrebol – Forró de Rabeca traz a singularidade da formação instrumental liderada por Bruno Menegatti – rabeca, conta com Carlinhos Ferreira – percussão, Emilio Martins – bateria e percussão e Felipe Gianei – baixo acústico. O repertório do show inclui desde composições autorais até forrós enraizados na tradição oral, passando pelos icônicos estilos do xote, baião e arrasta-pé. Uma celebração da riqueza e autenticidade da música brasileira. ‘Arrebol – Forró de Rabeca’ é uma celebração da tradição musical do Brasil, enriquecida com uma abordagem contemporânea. No mesmo horário é a vez da Casa de Itaquera – Raul Seixas receber o show “Forró de Cabo a Rabo” com um forró dançante com clássicos do gênero e releituras modernas e terá como convidado especial o músico Zezinho Pitoco. Na banda do Forró de Cabo a Rabo temos, Clebão Almeida (percussão), que além do Trio Macaíba, integra a Banda Mantiqueira e o Trio Curupira, Já acompanhou grandes artistas da música brasileira como Elza Soares, Hermeto Pascoal, Nelson Sargento, Dominguinhos, etc; Bruno Menegatti (Rabeca e violão) que é músico e pesquisador da cultura popular e cursou Licenciatura em Música pela Universidade de São Paulo (USP); Felipe Gianei (baixo e percussão) músico do cenário de jazz paulistano, toca com inúmeros artistas nacionais e internacionais; Jota Santana, baixista e percussionista de Brumado (BA) atuante em SP desde 2008 e Alisson Lima no triângulo, músico e dançarino. O convidado: Tião Carvalho – maranhense, cantor, compositor, ator e produtor cultural, figura fundamental para a disseminação de tradições da matriz popular africana, com especial atenção para o bumba meu boi.

Outro destaque do projeto são as oficinas de dança, uma prática guiada por Alisson Lima e Jessica Marias, em que os instrutores proporão movimentos para cada casal, um por vez, como guia de movimentos, objetivando um fluir da dança através dos passos sugeridos. Nos intervalos a DJ. Valéria Pankará, comandará o som com a trilha sonora de sua pesquisa e trabalho com foco no forró. Também acontecerá uma oficina de dança e uma pequena exposição de cordéis do José Walter, poeta da caatinga baiana, irmão do saudoso Moraes Moreira.

Já no dia 26 é a vez da Casa de Cultura da Vila Guilherme, os shows acontecem a partir das 18h. Para finalizar, no dia 27 o Tendal da Lapa receber as duas atrações, a partir das 17h.

Oficinas

Como parte do projeto Arrebol – forró de rabeca, o público ainda poderá participar de oficinas. Confira a agenda

23/08 – Casa de Cultura da Vila Guilherme – Casarão
18h – Oficina de construção de instrumentos de Percussão e show Arrebol, com Carlinhos Ferreira e Bruno Menegatti. Convidado Zaca de Oliveira

01/09 – Centro Cultural Tendal da Lapa
17h – Oficina de Ritmos de forró e Show Arrebol, com Bruno Menegatti. Convidado Gustavo Sarzi.

Os projetos foram realizados com apoio da 3ª edição do Fomento ao Forró da Secretaria Municipal de Cultura.

SERVIÇO

Oficinas

23/08 – Quarta-feira

18h – Oficina de construção de instrumentos de percussão / Show Arrebol

Com Carlinhos Ferreira e Bruno Menegatti. Convidado: Zaca de Oliveira

Casa de Cultura da Vila Guilherme – Casarão

Praça Oscar da Silva, 110 – Vila Guilherme

01/09 – Sexta-feira

17h – Oficina de ritmos de forró / Show Arrebol

Com Bruno Menegatti. Convidado: Gustavo Sarzi

Centro Cultural Tendal da Lapa

Guaicurus, 1100 – Água Branca

Show

25/08 – 16h – Sexta-feira

Casa de Cultura Itaquera – Raul Seixas
Forró de Cabo a Rabo (participação especial Zezinho Pitoco)

Associação Zona Franca
Arrebol – forró de rabeca (participação especial Raimundo Anselmo e Leandro Costa)

Endereço: Rua Almirante Marques Leão, 378 – Bela Vista

26/08 – Sábado

18h – Forro de Cabo a Rabo (participação especial Zezinho Pitoco)

19h – Arrebol – forró de Rabeca (participação especial Wanessa Dourado)

Casa de Cultura da Vila Guilherme

Endereço: Praça Oscar da Silva, 110 – Vila Guilherme

27/08 – Domingo

17h – Arrebol – forró de rabeca (Participação especial Daniel Grajew)

18h – Forró de cabo a Rabo (participação especial de Zezinho Pitoco e Tião Carvalho)

Centro Cultural Tendal da Lapa

Endereço: R. Guaicurus, 1100 – Água Branca

Entrada livre

Espetáculo infantil reflete sobre a busca da felicidade


Créditos: Caique Pereira


Nos dias 27 e 28 de agosto, a Galeria Olido, em São Paulo, recebe o infantil “Um, Dois, Trem! Mergulhando em uma Aventura”, do coletivo teatral paulista Ciatreve. O espetáculo, que terá sessões gratuitas, reflete sobre a busca pela felicidade e a amizade, mostrando como as relações podem ser afetadas pela tecnologia e pelo imediatismo das redes – principalmente em um contexto pandêmico em que as crianças também passam por dificuldades para entender seus sentimentos e emoções.

Na história, a menina Amélia, que adora brincar em um trem que viaja para todos os cantos do mundo, conhece três pessoas muito diferentes: uma mergulhadora que busca uma solução para sua própria mãe voltar a ser feliz; a cientista Dra Félix, criadora de uma suposta fórmula da felicidade; e Ravena, uma mal humorada repórter (será repórter mesmo?). Juntas, elas entram nesse trem rumo ao Congresso Anual de Cientistas.

Créditos: Caique Pereira

A montagem usa o veículo como metáfora das passagens da vida, com seus altos e baixos. “Muitas crianças convivem com a ansiedade, principalmente depois de passarem por uma pandemia. Buscamos refletir sobre a necessidade de estarmos sempre perfeitos e felizes, algo também promovido pelas redes sociais”, explica Andrea Leopoldino, atriz do coletivo. A diretora da montagem, Paloma Rodrigues, completa: “Eles precisam saber que está tudo bem ficar chateado, frustrado. Somos mais do que isso”.

É o primeiro trabalho infantil do Ciatreve, coletivo independente que existe há sete anos e já passou por diversas formações. Atualmente, o grupo é composto pelas artistas Andrea Leopoldino, Kels Sousa, Leticia Vilela e Milena Lopes, que convidam colaboradores de acordo com os novos projetos, como no caso de Paloma Rodrigues. A diretora trabalhou recentemente com Carla Candiotto, artista reconhecida pela jornada no teatro para crianças. Paloma conta que utilizou recursos do teatro físico em alguns momentos da peça. “São entradas pontuais de fisicalidade e os objetos cênicos também nos ajudam muito a contar essa história de aventura”, explica.

Serviço

“Um, Dois, Trem! Mergulhando em uma Aventura”

Quando: dias 27 e 28 de agosto, às 16h

Onde: Galeria Olido (sala Paissandu) – Avenida São João, 473, centro. São Paulo/SP

Capacidade: 139 lugares

Classificação etária: a partir de 4 anos

Duração: 60 minutos

Quanto: Grátis (retirar ingressos no sympla

CAIXA Cultural São Paulo celebra aniversário com show gratuito de Roberta Campos


Créditos: Marina Campos


A CAIXA Cultural São Paulo, em comemoração de seus 33 anos, convida o público para assistir ao show intimista da cantora e compositora Roberta Campos. A apresentação será única e ocorrerá no sábado, dia 27 de agosto. Além de apresentar seu disco mais recente, “O amor Liberta”, a artista apresentará repertório com sucessos como “De janeiro a janeiro”, “Abrigo” e “Minha Felicidade”.

A CAIXA Cultural São Paulo foi criada em agosto de 1989, quando se comemorava o cinquentenário de inauguração do Edifício Sé. Foi o segundo espaço cultural da CAIXA no país e logo tornou-se uma referência em lazer, educação e cultura para paulistanos e turistas.

O espaço promove, gratuitamente, eventos culturais, palestras e oficinas de arte-educação para todos os públicos, por meio do Programa Educativo CAIXA Gente Arteira, com ênfase para os alunos de escolas públicas.

Créditos: Marina Campos

Outro destaque da CAIXA Cultural São Paulo é o Museu da CAIXA. Localizado no 6° andar do edifício, o espaço apresenta fotos, móveis, equipamentos e ambientes muito bem preservados, mantendo assim a atmosfera de trabalho bancário nos anos de 1930 e 1940.

Serviço
Show “Roberta Campos – Celebração do 33° aniversário da CAIXA Cultural São Paulo”

Local: CAIXA Cultural São Paulo (Praça da Sé, 111 – Centro) – próximo à estação Sé do metrô

Data: 27 de agosto de 2022 (sábado)

Horário: 16h

Classificação indicativa: Livre

Capacidade: 120 lugares

Duração: 90 minutos

Entrada franca (ingressos distribuídos a partir das 10h do dia do espetáculo – limitado a um par por pessoa).

Informações: (11) 3321-4400

Acesso para pessoas com deficiência

Coletivo Impermanente reestreia “O Que Meu Corpo Nu Te Conta?” na Oficina Cultural Oswald de Andrade


Créditos: Bruna Massarelli


Após sucesso na temporada do Sesc Pinheiros com casas lotadas, sessões extras, excelentes críticas e “destaque do primeiro semestre de 2022”, o espetáculo, que conta com dramaturgia e direção de Marcelo Varzea, entra em cartaz dia 03/08 no Bom Retiro para cumprir apenas oito sessões gratuitas.

Dispostos em um grande tabuleiro de corpos, os artistas do Coletivo Impermanente, dirigido por Marcelo Varzea, se revezam a cada sessão e revelam histórias autobiográficas em “O Que Meu Corpo Nu Te Conta?”. A experiência imersiva e performativa transita por temas universais como assédio sexual, etarismo, gordofobia, racismo, infertilidade, compulsão, entre outros.

“OQMCNTC?” teve a primeira temporada bem-sucedida no Sesc Pinheiros entre maio e junho desse ano, realizando também uma sessão para a Virada Cultural Paulistana no mesmo local.

Créditos: Bruna Massarelli

O espetáculo foi indicado ao “Prêmio Deus Ateu de Teatro & Artes” nas categorias Melhor Direção e Melhor Elenco, e agraciado com o “Aplauso Especial” pela premiação. Também foi destaque no blog “E-Urbanidades”, do crítico Celso Faria, como um dos melhores espetáculos do primeiro semestre de 2022 em Dramaturgia, Peça e Elenco.

O trabalho do Coletivo Impermanente surgiu após um processo de investigação de narrativas íntimas iniciado em 2020, atravessando a pandemia, quando o coletivo foi criado com a junção de alguns atores e atrizes que já caminhavam com Varzea e estiveram em três espetáculos online de sucesso nesse período – “(In)Confessáveis” 1, 2 e 3.

“OQMCNTC?” é o primeiro mergulho da companhia em caráter presencial. “Escolhi reverenciar a oportunidade de encarar o público novamente de forma intimista apostando que a força do olho no olho transforma totalmente a experiência”, reflete Varzea.

Durante o processo de investigação e construção das cenas e da dramaturgia dessas épicas íntimas, o diretor se atentou que a maioria das histórias contadas por artistas de diversos estados brasileiros passava pela experiência de cicatrizes físicas e metafóricas. “A metáfora primária do desnudar-se pulou diante de mim. Aqui cabem, sim, os corpos nus e tudo o que envolve a vulnerabilidade dos artistas e também do público, que faz parte do espetáculo. Cabe aos espectadores algumas decisões das navegações por esses hiperlinks propostos. Nesse encontro de histórias se revela, em cada casa, a micropolítica. O tabuleiro representa parcialmente a sociedade, o macro”, explica o diretor.

Créditos: Bruna Massarelli

São doze espaços de 2,2 metros quadrados delimitando onde cada atuante ficará, formando um tabuleiro. O público escolhe em qual nicho assistirá cada rodada de quatro minutos, passeando pelo tabuleiro todas as vezes em que o sinal tocar.

Essa caminhada tem surpresas e faz cada pessoa construir seu quebra-cabeças. “Sem grandes partituras vocais e corporais, cenários, figurinos ou pirotecnias. Simples, olho no olho, coração com coração – e algumas ideias. O que é o teatro se não alguém diante de alguém?”, finaliza o diretor.

Serviço
O Que Meu Corpo Nu Te Conta?
Estreia 03/08. Até 13/08/2022.
Quartas, quintas e sextas às 20h. Sábados às 18h.
Com Coletivo Impermanente
Criação, dramaturgia e direção: Marcelo Varzea
Oficina Cultural Oswald de Andrade (Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro).
Quanto: evento gratuito – a Bilheteria abre uma hora antes do espetáculo. A distribuição de ingresso acontece respeitando a ordem de chegada.
Duração 60 minutos
Classificação indicativa: 16 anos

Cia. Novelo estreia no Parque Augusta a peça ‘O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá’


Créditos: José de Holanda


Depois de circular por cinco anos com “Sonho de uma Noite de Verão”, a Cia. Novelo volta a ocupar espaços públicos com seu segundo trabalho: O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá, uma livre adaptação do romance infantojuvenil de Jorge Amado. A peça estreou nesta sexta-feira (28)  no Parque Augusta, onde fica em cartaz até 17 de julho, aos sábados e domingos, às 15h (sessões extras acontecem nos dias 16 e 17/6, no mesmo horário).

O espetáculo tem direção de Maristela Chelala; direção musical de Marco França; e elenco formado por Beatriz Kovacsik, Domitila Gonzalez, Maria Eugênia Portolano, Samya Pascotto, Thalita Trevisani e Valérie Mesquita.

O romance “O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá” foi escrito pelo autor baiano em 1948 como um presente de aniversário para seu filho João Jorge, que fazia um ano na ocasião. A obra, que só seria publicada pela primeira vez em 1976, é uma fábula sobre um amor proibido entre dois seres bem diferentes.

O Gato Malhado é visto pelos outros animais do parque com desconfiança, exceto pela Andorinha Sinhá, que não tem receio algum de sua presença. Mas o amor entre os dois não pode acontecer porque existe uma lei que jamais pode ser quebrada: os bichos só podem se casar com outros da mesma espécie.

“A peça fala da possibilidade de você se apaixonar. Tem uma frase que aparece nas nossas músicas: ainda dá tempo de amar. Também falamos sobre a possibilidade de se encantar com a beleza, sobre o amor de contar histórias, sobre essa ligação que existe entre as pessoas e sobre estarmos juntos e dividirmos o mesmo planeta”, define a atriz Domitila Gonzalez.

Embora tenha como ponto de partida uma obra infantojuvenil, a montagem explora essa linguagem popular, capaz de se comunicar com públicos de diferentes idades, com direito a muitas músicas originais costuradas à dramaturgia e interpretadas ao vivo pelo elenco.

Créditos: José de Holanda

“Gosto de uma frase do posfácio do livro, que define a obra como direcionada a crianças extremamente inteligentes de todas as idades. E, quando o Marco França nos provocava durante a criação do espetáculo, ele falava muito de um teatro feito para a infância – a das crianças, a minha, a sua e a de cada um de nós, sem deixar de falar as coisas importantes”, revela Samya Pascotto.

E esse caráter popular e democrático é o que mais encanta as integrantes da Cia. Novelo. “Nem cogitamos fazer teatro em uma sala, porque somos apaixonadas pela rua. É um espaço onde as pessoas realmente param para ouvir as histórias. E sempre falamos que o teatro de rua também procura despertar o olhar mais afetuoso do público para a cidade e tudo o que acontece ao seu redor. A rua é nossa, é da cidade, é do cidadão, é nosso lugar de direito. E conseguimos acessar muita gente que nunca teve a oportunidade de ir ao teatro. Tem a ver com a sensibilidade, com o afeto e com o despertar do olhar para a Cultura e para o teatro”, diz Gonzalez.

O processo criativo

A ideia de montar “O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá” surgiu quando o grupo decidiu partir para o seu segundo espetáculo depois de circular por cinco anos com “Sonho de uma Noite de Verão” em parques, praças, unidades do Sesc e outros espaços a céu aberto.

“Lembro de ter sugerido este texto porque já gostava muito e, quando fizemos uma leitura da obra, todo mundo terminou com lágrimas nos olhos. Logo sabíamos que ele tinha o nosso tom e tudo a ver com o que gostamos de investigar. Era lúdico, encantador, mágico, poético e engraçado, mas sem se levar tanto a sério”, comenta Pascotto.

As atrizes da companhia ainda contam que a montagem do espetáculo começou com a direção de Marco França, que foi responsável por um trabalho de provocação para a escrita da dramaturgia e composição das músicas. No começo de 2022, ele não pôde estar presente, por isso, elas convidaram a diretora Maristela Chelala para assumir a posição.

“Foi muito engraçado que quando a Maristela chegou, ela disse que a nossa voz estava à frente de tudo, que foi algo que pesquisamos bastante com o Marco. E ela trouxe esse trabalho corporal incrível, complementando tudo”, explica Maria Eugênia Portolano.

Sobre a dramaturgia criada coletivamente pelo grupo, Maristela Chelala, que dirige pela primeira vez uma peça de teatro de rua, revela: “É um texto muito escrito em cima do jogo entre as personagens e as atrizes. O teatro de rua é um universo que eu amo e me apavorava, porque, nele, o céu é o limite. Acho que, depois de tudo que passamos nos últimos anos de pandemia, temos mesmo é que ir para a rua. Temos que ocupar os espaços e falar”.

“A encenação tem muito a ver com a linguagem do palhaço, apesar de elas não usarem o nariz em cena. Mas isso tem a ver com o texto que elas me trouxeram, que tem muito do jogo do palhaço. E isso me atrai muito! A encenação acaba indo para esse lugar popular, que eu adoro, que é para todo mundo – fora e dentro do teatro”, acrescenta.

“Outra referência investigada pela Cia. Novelo foi o circo. “O circo veio com a Maristela, que trouxe junto o Dinho Hortencio, nosso preparador corporal. Tínhamos esse desejo há bastante tempo de experimentar um pouco dessa linguagem”, reflete Portolano”.

Créditos: José de Holanda

Ainda de acordo com as artistas da Cia. Novelo, o grupo passou seis anos inscrevendo projetos em leis de incentivo à Cultura e editais de empresas para tentar levantar a montagem. Mas a produção só foi possível graças ao IBT – Instituto Brasileiro de Teatro, que financiou o trabalho apenas com recursos de pessoas físicas. Este é o segundo trabalho realizado dessa maneira pela instituição, que acaba de estrear Diabinho e outras peças curtas de Caryl Churchill no MASP.

O Instituto Brasileiro de Teatro é uma organização sem fins lucrativos que tem como sonho popularizar o teatro no Brasil e valorizar o trabalho dos profissionais das artes cênicas. A entidade tem a proposta de levar ao público a oportunidade de vivenciar grandes peças teatrais, em teatros únicos, a preços populares.

“Levantamos o ‘Sonho de uma Noite de Verão’ com financiamento coletivo e passando o chapéu depois das apresentações. Desta vez, queríamos ser devidamente remuneradas pelo nosso trabalho e já estávamos quase desistindo desse projeto. Assim como queremos despertar o olhar do público na rua para a beleza, o IBT tem essa importância de mostrar para as empresas e pessoas que podem financiar o teatro que a arte é importante e que os artistas são profissionais e precisam ser valorizados”, defende a atriz Thalita Trevisani.

Serviço
O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá, com a Cia. Novelo
Temporada: de 28 de maio a 17 de julho, aos sábados e domingos, às 15h (com sessões extras nos dias 16 e 17 de junho. *A apresentação do dia 19/06 será no Parque do Carmo, às 15h).
Parque Augusta – Rua Augusta, 200, Consolação
Classificação: livre
Ingressos: grátis (basta chegar e assistir ao espetáculo)
Duração: 70 minutos

** Sessão do dia 19/06 acontece no Parque do Carmo.
** Sessões dos domingos com tradução em Libras.

Espetáculo de Caryl Churchill com estreia no MASP marca o nascimento do IBT – Instituto Brasileiro de Teatro


Elenco do espetáculo “Diabinho e outras peças curtas de Caryl Churchill”, primeira montagem do IBT | Créditos: Gabriel Bianchini


Com o objetivo de popularizar o teatro no Brasil, nasce o IBT – Instituto Brasileiro de Teatro, e terá sua grande estreia no Teatro do MASP com o espetáculo “Diabinho e outras peças curtas de Caryl Churchill”.

O Instituto é formado pelos artistas Guto Portugal, Elisa Volpatto, Oliver Tibeau, Samya Pascotto e José Aragão, a organização sem fins lucrativos surge com a proposta de ser mais uma alternativa para fazer a ponte entre três forças poderosas: a sociedade, o teatro e a iniciativa privada.

Conheça agora a proposta do IBT – Instituto Brasileiro de Teatro, que tem como objetivo proporcionar uma opção de lazer e cultura acessível:

Todos os espetáculos produzidos pelo IBT são acessíveis – preços populares ou fila democrática onde cada um paga o que pode e quem tem condições também pode pagar por quem não tem. No caso de Diabinho e outras peças curtas de Caryl Churchill, 100% dos ingressos serão distribuídos com 2 horas de antecedência através da doação de 1kg de alimento não perecível por pessoa no dia e local da peça, a ação solidária visa contribuir à ONG Banco de Alimentos.

Em um trabalho conjunto com investidores, o IBT além de dar acesso cultural à população, ainda consegue oferecer aos seus artistas e equipe uma remuneração justa pelo trabalho de todos.

E, para conseguir estes recursos, o IBT conecta as empresas com espetáculos marcantes, posicionadas como verdadeiras viabilizadoras de uma experiência pública, acessível e de qualidade, fomentando uma relação saudável entre marca e consumidor. Gerando assim, uma exposição que gera valor aos apoiadores do projeto.

Portanto, o surgimento do IBT é resultado da inquietude de seus fundadores frente à questão da popularização das artes cênicas no Brasil e da valorização dos artistas que produzem teatro no país. “Sentimos que há uma desconexão entre o teatro, seus viabilizadores e o público e pensamos que, nessa relação tripla, se organizar bem, todo mundo ganha. O IBT se propõe a ser mais uma alternativa para organizar essa relação, mais uma alternativa de viabilização do teatro no Brasil”, ressaltam os criadores. “E justamente em função disso entendemos que o IBT é muito maior do que Guto, Elisa, Oliver, Samya e José. Ele pretende abarcar muita gente com o tempo e se associar a muitos grupos e artistas”.

Fundadores do IBT: Elisa Volpatto, Oliver Tibeau, Guto Portugal, José Aragão e Samya Pascotto | Créditos: Gabriel Bianchini

Sobre o espetáculo de estreia

“Diabinho e outras peças curtas de Caryl Churchill”, de uma das maiores dramaturgas do teatro inglês, que vem radicalizando na forma e conteúdo desde a sua estreia nos anos 70, foi o espetáculo escolhido para a estreia do Instituto Brasileiro de Teatro.

São quatro peças curtas de humor ácido. A primeira montagem da peça estreou em 2019 no Royal Court Theatre, em Londres, e essa será a primeira tradução e montagem desses textos no Brasil.

A temporada terá início no dia 15 de abril, no Teatro do MASP, com direção de Guto Portugal, tradução de Zé Roberto Valente e os atores Noemi Marinho, Norival Rizzo, Elisa Volpatto, Johnnas Oliva, Mayara Constantino e Rafael Pimenta no elenco. Wagner Antônio (cenário e luz), Flora Belotti e Rogério Romualdo (figurino) e Edson Secco (composição original de trilha sonora) completam a ficha técnica.

Caryl Churchill, que completa 84 anos em 2022, disse que dramaturgos não devem dar respostas, mas sim fazer perguntas. E é isso que impressiona o diretor Guto Portugal em seus textos. “A capacidade de levantar questões profundas de forma irreverente, sem nunca ir para o óbvio – convidando o público a completar a narrativa junto com ela. Por meio de uma escrita ágil, surreal e provocadora, ela nos transporta para um universo próprio, que nos indaga novas perguntas para velhas questões humanas”, comenta.

“Os textos da peça fazem a gente rir em muitos momentos. Mas muitas vezes é um riso de nervoso, do absurdo da situação. Mas eu só consigo rir daquilo que compreendo, daquilo com o qual me identifico. E essa é a loucura. A genialidade de Caryl está em fazer com que as pessoas reflitam sobre algo que elas mesmas fazem através do riso, do estranhamento”.

Por meio de quatro peças, Caryl aborda a banalidade do mal, tema que nunca pareceu tão atual no nosso cenário político brasileiro e mundial. “E ainda provoca um questionamento sobre as nossas crenças e como agimos em função delas. O que eu acredito ou não e por quê? E o que essa crença faz de mim? Existem forças maiores no universo? São algumas provocações das quais não há como sair ileso”, comenta Guto.

Essa é a terceira parceria artística entre Guto Portugal e Elisa Volpatto – já escreveram juntos um curta-metragem e Guto já a dirigiu em outro espetáculo. Para completar o elenco, o diretor chamou Johnnas Oliva, Rafael Pimenta e Mayara Constantino. Mas a voz da experiência do grupo cabe à dupla de contemporâneos Noemi Marinho e Norival Rizzo: “são extraordinários, os pilares da peça que estamos montando. A cada ensaio é como se tivéssemos uma aula de sensibilidade com eles”, finaliza.

Confira a sinopse do espetáculo

Quatro peças curtas da dramaturga britânica Caryl Churchill. “Vidro“, a primeira, é a história de uma menina feita de vidro que se depara com a questão da fragilidade imposta a ela pela sociedade. Em “Matar” os deuses discorrem com ironia sobre os mitos gregos, questionando sobre sua responsabilidade nos atos de violência históricos praticados pelos seres humanos.

Em “Barba Azul” um grupo de amigos se reúne para beber, numa conversa divertida sobre seu amigo de longa data, recentemente condenado pelo assassinato de suas esposas. “Diabinho“, a última das histórias, brinca com a questão da crença ao apresentar personagens que estão o tempo todo afirmando e também duvidando da existência de algo que vai além da sua compreensão – como a presença de um diabinho dentro de uma garrafa.

O espetáculo promete atuações incríveis e cenas memoráveis, chame seus amigos e familiares e não deixe de assistir.

SERVIÇO

“Diabinho e outras peças curtas de Caryl Churchill”

Quando: 15 de abril a 5 de junho (Sextas e sábados às 20h30 e domingos às 19h)

Onde: Teatro do MASP – Av. Paulista 1578 – Bela Vista

Duração: 1h50

Quanto: Distribuição dos ingressos com 2 horas de antecedência através da doação de 1kg de alimento não perecível (por pessoa) para a ONG Banco de Alimentos.