Entrevista com Alê Abreu




Por colaboradora Anyelle Alves

Desenhista, artista plástico e cineasta, lançou seu primeiro filme em 1984, Memória de Elefante e dai em diante lançou diversos trabalhos que lhe renderam prêmios como Melhor Direção de Arte ( Festival Imagem Mágina 93, Brazillian Film Festival of Miami 99), Melhor Filme de Animação (Video Festival de São Carlos), Melhor Trilha Sonora (I Animage – Festival Int. de Animação de Pernambuco), assim como diversos outros.

Sua obra mais conhecida é “O Menino e o Mundo” que lhe rendeu 51 prêmios, incluindo o Annecy, Annie, Zagreb e Ottawa, como também foi indicado ao OSCAR de melhor filme de animação em 2016.

Foto: Arquivo Pessoal
E para aqueles que querem conhecer mais sobre o trabalho desse grande artista, acompanhe a entrevista que realizamos, abaixo:

Acesso Cultural: Alê, como começou essa vontade de produzir animações?

Alê Abreu: Antes de tudo o desenho, que sempre foi algo involuntário pra mim. O desejo de fazer animação veio depois da paixão pelas histórias em quadrinhos, e cresceu  a partir do curso de animação que frequentei no MIS, aos 13 anos.

AC: Você tem alguma fonte de inspiração? O mais te desperta a curiosidade na hora de produzir?

AA: Inspiração é algo que precisa ser cultivado. Pra mim vem de um trabalho diário. As vezes longos períodos trabalhando em peças soltas, que parecem não se conectar, e de repente tudo parece ficar claro. A música me ajuda muito a encontrar estes momentos especiais.

AC: Como é para você ser a inspiração de muitos jovens que sonham em trabalhar com curtas e longa-metragem de animação? Que dica você passaria para eles?

AA: Sou muito grato a tudo. Acho uma grande responsabilidade ser esta inspiração. Lembro com imenso carinho dos mestres que me inspiraram. Diria o que sempre digo, pra serem sinceros com o trabalho. É a melhor forma de evitar a armadilha que é tentar fazer o que imaginamos que esperam de nós.
Arte: Arquivo Pessoal


AC: O que uma animação precisa para fazer sucesso?

AA: Sucesso pode significar muitas coisas. Acredito que qualquer filme precisa, antes de tudo, ser uma expressão sincera de seu realizador.

AC: Por mais que animações ainda sejam vistas como algo para o público infantil, você coloca críticas sociais nos seus trabalhos. Como você trabalha a dosagem para que os trabalhos fiquem leves e ao mesmo tempo carreguem mensagens tão importantes?

AA: Sou sempre o principal público de meus filmes. Faço os filmes pra mim acreditando que se eu for honesto com o que desejo ver na tela, atingirei outras pessoas. No fundo somos todos muito iguais.

AC: “O Menino e o mundo” é um sucesso estrondoso que serve de referência para muitos animadores que querem mostrar sua voz ao mundo. Como foi para você ver “O Menino e o mundo” sendo indicado ao Oscar?

AA: Foi uma imensa alegria. A sensação de que o grito que há neste filme chegou na grande festa da industria onde era importante ele ser ouvido.

AC: O que o público pode esperar de “Viajantes do Bosque Encantado”?

AA: Embarcar numa viagem às profundezas de um bosque fantástico e  perigoso. É uma fábula sobre a possibilidade do amor num mundo de muros e tensões entre diferentes.

AC: Você ainda tem algum sonho para realizar no sentido profissional? 

AA: Sempre fico imaginando que há um universo desconhecido e personagens de um filme incrível, pronto pra ser feito, bem aqui ao meu lado. Que bastaria acessa-lo, quase como um sonho que a gente não lembra direito. Passo os dias tentando “lembrar” destes filmes. Sonhar é o sentido de tudo. 

Atualmente ele trabalha na pré-produção de seu novo filme “Viajantes do Bosque Encantado” e na supervisão artística da série Vivi Viravento, com direção de Priscilla Kellen.

5 curiosidades sobre Guillermo del Toro, diretor de A Forma da Água, que você precisa saber




Por Leina Mara

Amante do cinema fantástico, o cineasta mexicano Guillermo del Toro se tornou um dos grandes diretores da atualidade. Seu filme, A Forma da Água, é o grande destaque do Oscar 2018, tendo recebido 13 indicações. Em seu currículo o diretor tem filmes como “O Labirinto do Fauno”, “The Hobbit”, “Mama” e “A Colina Escarlate”. Para você saber um pouco mais sobre Guillermo, listamos cinco curiosidades sobre o diretor que você precisa saber. 

Foto: Reuters
1- “A Noiva de Frankenstein” (1935), clássico de James Whale, é o seu filme preferido. Os monstros clássicos são um dos grandes amores de del Toro. Drácula, O Homem Invisível, o Homem Lobo e Frankenstein são personagens que marcaram o imaginário do diretor. 

2 – Guillermo contou em uma entrevista para o programa Fresh Air que sua avó, uma católica irredutível, o obrigava a autoflagelar-se quando criança. Ela também tentou praticar exorcismo várias vezes para que ele deixasse de desenhar monstros e para “curar seu persistente interesse em fantasia”.

3 – Em seus filmes existem quatro elementos constantes: a religião, o humor negro, os insetos e os duendes.

4 – Em 2004 declinou a oferta de dirigir “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (no final, ficou encarregado de dirigir o filme, Alfonso Cuarón, outro diretor mexicano) para filmar um projeto que o entusiasmou por muito tempo: “Hellboy”. Cinco anos depois voltou a recusar a sequência da saga, “Harry Potter e o Enigma do Príncipe”, para dirigir “Hellboy e o Exército Dourado”.

5 – A ideia de “A Forma da Água” surgiu quando Guillermo viu o clássico “El Monstruo de la Laguna Negra”. O diretor de decepcionou quando o monstro e a mulher não ficaram juntos no final. Ele também confessou que escreveu a protagonista Elisa tendo a atriz Sally Hawkings em mente. Del Toro ficou fascinado com a interpretação de Sally na série britânica “Fingersmith”.

Mostra de Cinema Argentino volta à Caixa Cultural Rio de Janeiro




Histórias extraordinárias apresenta uma seleção com os melhores filmes recentes do país vizinho. Debates com cineastas e especialistas completam a programação

Por Rodrigo Bueno

Após o sucesso de sua primeira edição, realizada em abril de 2016, a mostra Histórias extraordinárias: cinema argentino contemporâneo volta à CAIXA Cultural Rio de Janeiro de 07 a 19 de novembro (terça a domingo), trazendo uma seleção de 23 longas e curtas-metragens do país vizinho. O evento busca ampliar o olhar dos espectadores cariocas sobre uma das cinematografias mais fascinantes, diversas e reconhecidas internacionalmente. O patrocínio é da Caixa Econômica Federal e do Governo Federal.

As Lindas / Divulgação
Com curadoria de Natalia Christofoletti Barrenha, pesquisadora de cinema argentino, e Agustín Masaedo, programador do Buenos Aires Festival Internacional de Cine Independiente (BAFICI), a programação apresenta tanto obras premiadas em festivais argentinos e internacionais quanto produções com sólidas passagens pelo circuito comercial de seu país. Apesar disso e do evidente interesse do público pela cinematografia argentina, tais filmes tiveram escassa ou nula visibilidade no Brasil (ainda que alguns estejam preparando seu lançamento comercial).

Entre os destaques selecionados, está o documentário As lindas (2016), da estreante Melisa Liebenthal. Premiado na seção Bright Future do Festival de Rotterdam, o longa ainda não foi exibido no Brasil. Os cariocas poderão conferir também os vencedores da Competição Argentina das duas últimas edições do BAFICI: A longa noite de Francisco Sanctis (2016), dos também estreantes Andrea Testa e Francisco Márquez; e A vendedora de fósforos (2017), de Alejo Moguillansky, diretor e montador já consagrado, de trajetória prolífica e presença assídua nos principais festivais internacionais.

Novembro ainda marca o vigésimo aniversário da estreia e premiação do filme Pizza, cerveja, baseado (1997) no Festival Internacional de Cinema de Mar del Plata, considerado o ponto de partida do chamado nuevo cine argentino. Assim, parte da mostra se dedica a celebrar esse momento fundacional da pungente produção cinematográfica daquele país. Duas décadas depois, o público brasileiro poderá se (re)encontrar com a ópera prima de Israel Adrián Caetano e Bruno Stagnaro, mergulhar na genealogia do nuevo cine com os curtas-metragens seminais de Histórias breves I (1995) e descobrir, na selvagem loucura do documentário Bonanza (2001), de Ulises Rosell, que as rupturas desse “movimento” transcenderam o cinema de ficção.

A programação se completa com a exibição especial de um dos filmes mais aguardados dos últimos anos: o maravilhoso Zama (2017), de Lucrecia Martel, inspirado na novela homônima de Antonio di Benedetto.

Presença de cineastas:

Como em sua primeira edição, as cineastas convidadas são alguns dos atrativos da mostra Histórias extraordinárias. Fruto da colaboração com o Instituto Nacional de Cine y Artes Audiovisuales (INCAA), a premiada diretora Milagros Mumenthaler estará presente na sessão de abertura conversando sobre seu tocante segundo filme, A ideia de um lago (2016).

Já a realizadora e atriz Ana Katz será uma das grandes protagonistas da mostra, que exibe quatro de seus longas-metragens – incluindo Minha amiga do parque (2015), ganhador do prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Sundance – e a convida para um diálogo com a atriz Andréa Beltrão, com quem trabalhou em seu novo filme, Sueño Florianópolis, atualmente em pós-produção.

Além das cineastas, Histórias extraordinárias receberá um dos mais influentes pensadores da cultura argentina atual: o escritor, professor e pesquisador Gonzalo Aguilar, que ministrará uma palestra sobre cinema argentino contemporâneo no dia 18 de novembro (sábado), às 16h30. Também serão realizadas sessões comentadas com a pesquisadora e professora da PUC-Rio María Celina Ibazeta, a crítica e pesquisadora da UFRJ Camila Vieira, e a historiadora e professora da UFU Mônica Campo.

A sessão de abertura, o bate-papo com Ana Katz e Andréa Beltrão e a palestra com Gonzalo Aguilar têm entrada franca, com distribuição de senhas uma hora antes do início e emissão de certificado para a palestra.

Programação:

07 de novembro (terça-feira)
17h00 – A ideia de um lago (2016), de Milagros Mumenthaler, 82 min, Blu-ray, Livre + Debate com a diretora, os curadores e a historiadora Mônica Campo + Recepção de abertura
08 de novembro (quarta-feira)
15h00 – Pizza, cerveja, baseado (1997), de Israel Adrián Caetano e Bruno Stagnaro, 80 min, Blu-ray, 16 anos
17h00 – Os Marziano (2011), de Ana Katz, 82 min, DVD, Livre 
19h00 – Pinamar (2016), de Federico Godfrid, 84 min, Blu-ray, 12 anos
09 de novembro (quinta-feira)
15h00 – As lindas (2016), de Melisa Liebenthal, 77 min, Blu-ray, Livre
17h00 – Minha amiga do parque (2015), de Ana Katz, 84 min, Blu-ray, 14 anos
19h00 – Bate-papo com Ana Katz e Andréa Beltrão. Mediação de Mônica Campo
10 de novembro (sexta-feira)
15h00 – Uma irmã (2017), de Sofía Brockenshire e Verena Kuri, 70 min, Blu-ray, 12 anos
16h30 – A dança das cadeiras (2002), de Ana Katz, 90 min, DVD, Livre
18h30 – Uma noiva errante (2007), de Ana Katz, 85 min, DVD, Livre + Debate com Ana Katz
11 de novembro (sábado)
15h00 – 20 anos breves (2015), de Bebe Kamin, DVD, Livre + seleção curtas-metragens Histórias breves I (1995), Vários diretores, Blu-Ray, 14 anos, Total: 105 min
17h00 – A vendedora de fósforos (2017), de Alejo Moguillansky, 69 min, Blu-ray, Livre
18h30 – Minha amiga do parque (2015), de Ana Katz, 84 min, Blu-ray, 14 anos + Debate com Ana Katz
12 de novembro (domingo)
15h00 – Perón, meu pai e eu (2017), de Blas Eloy Martínez, 80 min, Blu-ray, 12 anos
17h00 – O futuro perfeito (2016), de Nele Wohlatz, 65 min, Blu-ray, Livre
18h30 – Bonanza, em vias de extinção (2001), de Ulises Rosell, 84 min, DVD, 14 anos
14 de novembro (terça-feira)
15h00 – A dança das cadeiras (2002), de Ana Katz, 90 min, DVD, Livre
17h00 – 20 anos breves (2015), de Bebe Kamin, DVD, Livre + seleção curtas-metragens Histórias breves I (1995), Vários diretores, Blu-ray, 14 anos, Total: 105 min
19h00 – Os decentes (2016), de Lukas Valenta Rinner, 100 min, Blu-Ray, 16 anos
15 de novembro (quarta-feira)
15h00 ­– Bonanza, em vias de extinção (2001), de Ulises Rosell, 84 min, DVD, 14 anos
17h00 ­– Perón, meu pai e eu (2017), de Blas Eloy Martínez, 80 min, Blu-Ray, 12 anos
19h00 – Uma irmã (2017), de Sofía Brockenshire e Verena Kuri, 70 min, Blu-Ray, 12 anos +Comentários e debate com Camila Vieira
16 de novembro (quinta-feira)
15h00 ­– A vendedora de fósforos (2017), de Alejo Moguillansky, 69 min, Blu-Ray, Livre
16h30 ­– Pinamar (2016), de Federico Godfrid, 84 min, Blu-Ray, 12 anos
18h30 – A longa noite de Francisco Sanctis (2016), de Andrea Testa e Francisco Márquez, 76 min, Blu-Ray, Livre + Comentários e debate com María Celina Ibazeta
17 de novembro (sexta-feira)
15h00 ­­­– Os Marziano (2011), de Ana Katz, 82 min, DVD, Livre
17h00 – Os territórios (2017), de Iván Granovsky, 101 min, Blu-Ray, Livre
19h00 – As lindas (2016), de Melisa Liebenthal, 77 min, Blu-Ray, Livre.
18 de novembro (sábado)
15h00 – O futuro perfeito (2016), de Nele Wohlatz, 65 min, Blu-Ray, Livre
16h30 – Palestr­a com Gonzalo Aguilar
18h30 – Zama (2017), de Lucrecia Martel, 115 min, Blu-Ray, 16 anos
19 de novembro (domingo)
15h00 – Uma noiva errante (2007), de Ana Katz, 85 min, DVD, Livre
17h00 – Os decentes (2016), de Lukas Valenta Rinner, 100 min, Blu-Ray, 16 anos
19h00 – Pizza, cerveja, baseado (1997), de Israel Adrián Caetano e Bruno Stagnaro, 80 min, Blu-Ray, 16 anos
Serviço:

Histórias extraodinárias: cinema argentino contemporâneo

Local: CAIXA Cultural Rio de Janeiro – Cinema 2

Endereço: Av. Almirante Barroso, 25 – Centro (Metrô e VLT: Estação Carioca)

Telefone: (21) 3980-3815

Data: de 07 a 19 de novembro de 2017 (terça-feira a domingo)

Ingressos: R$ 4,00 (inteira) e R$ 2,00 (meia). Além dos casos previstos em lei, clientes CAIXA pagam meia (A sessão de abertura, o bate-papo e a palestra com Gonzalo Aguilar são gratuitos).

Lotação: 80 lugares (mais dois para cadeirantes)

Bilheteria: terça-feira a domingo, das 13h às 20h

Acesso para pessoas com deficiência