Entrevista Exclusiva com Maria Bia




Por Leina Mara e Rodrigo Bueno
Fotos David Vicente

Protagonista da série “Sexo e as Negas“, da Rede Globo, Maria Bia já está se preparando para a segunda temporada da série de Miguel Falabella. No mundo teatral está em cartaz no Shopping da Gávea, no musical “Noite Infeliz” e na ópera rock “Cinza” de Jay Vaquer, que estreia em março na capital paulista.

Confira entrevista exclusiva com Maria Bia para o Acesso Cultural!


AC: Como surgiu o convite para interpretar a Soraia, umas das protagonistas no seriado Sexo e as Negas?

MB: Acordei um dia com um monte de ligações no meu celular. Era de alguns amigos e do Miguel Falabella. A mensagem dos amigos era para atender o telefonema do Miguel. rs… Entrei a madrugada trabalhando e estava tão cansada que acabei não ouvindo as ligações pela manhã. Retornei logo para ele e daí sim ele me fez o convite para integrar o elenco do Sexo e As Negas. Fui a última a entrar no time das quatro negras protagonistas.

AC : Como você lidou com a polêmica em torno do programa?

MB: Eu estava tão feliz com a oportunidade de um trabalho tão bacana, trabalhando e estudando tanto para dar o meu melhor para Soraia, que foi minha primeira personagem na TV, que sinceramente eu quase não tive tempo de me envolver com a polêmica que achei boba e desnecessária. Coisa de gente chata, sem humor e que não tem o que fazer.

Eu realmente não esperava todo esse radicalismo e até mesmo fundamentalismo com relação ao programa. Principalmente porque a maior parte dessas reações vieram antes do programa estrear. Isso sim pra mim é preconceito. Por um momento fiquei triste, porque essas pessoas que se dizem em defesa da raça negra estão é dando um tiro no próprio pé. Eles sim não me representam. Como alguém pode acusar um programa de racista se a grande maioria do elenco é de atores negros e super talentosos? Alguns deles nunca tiveram uma oportunidade tão bacana de mostrar o trabalho na TV Aberta.

As quatro protagonistas são quatro negras que realmente tem o protagonismo com tudo que essa palavra engloba. Somos personagens ativas e donas das nossas próprias histórias. Coisa rara ainda na teledramaturgia brasileira em se tratando de personagens negros. Colocamos vários assuntos na pauta referentes a mulheres e a mulheres negras e estávamos ali com todo o nosso colorido, com nossos cabelos Black Power, representando e sendo referência para tantas mulheres. Estou muito orgulhosa de ter feito parte desse projeto. Junto com o Miguel Falabella, que nos deu essa oportunidade, acredito que fizemos história na teledramaturgia brasileira. Que bom que meu telefone tocou!!!!

AC: Você já havia feito alguns musicais antes de Sexo e as Negas, mas, com o seriado, o seu lado cantora ganhou mais visibilidade. Já pensou em seguir carreira musical?

MB: Sabe que, na verdade, o meu lado de atriz é que ganhou mais visibilidade com esse seriado. Os elogios que eu mais recebi foi quanto a minha interpretação. Algo que me fez feliz demais. Agora voltando ao Teatro e fazendo a peça “Noite Infeliz – a Comédia Musical das Maldades”, que está em cartaz no Teatro doa 4, é que novamente meu lado musical veio a tona de novo. Quando a peça acaba as pessoas vêm elogiar minha atuação e, principalmente, minha voz. Querem saber onde eu canto, se tenho carreira solo, se tenho CD. Bom, alguma coisa isso deve significar, né? E acredito que temos que ficar de olho nos sinais. Então, se eu penso em seguir carreira musical é sua pergunta? Porque não se tem tanta gente que elogia a minha voz, o meu timbre.

Minha mãe acha que é parecido com o timbre da Roberta Flack. rs… Eu já acho que sou única. Que meu timbre é único. Meu diretor musical do Sexo e As Negas, o Ricardo Leão, sempre elogiava esse “algo de único” que eu tenho na minha voz e no meu jeito de cantar. Um algo Maria Bia de ser que eu sempre colocava nas músicas que cantávamos em cada um dos episódios de Sexo e As Negas. Algo que estava sempre lá, mesmo quando cantávamos todas juntas. Uma identidade.

Sabe que eu já tenho até algumas músicas que gostaria de gravar? De amigos compositores de Brasília, do Rio, de São Paulo. Dá até pra gravar um CD. rs… Quero fazer um rock regional, algo na linha da Cássia Eller. Acho que tem essa lacuna no mercado que eu gostaria sim de preencher. Tenho um pouco dessa agressividade na minha voz. Algo que a Cássia tinha. Falo muito dela porque acho que foi a artista que eu mais já fui em shows na minha vida. Não perdia um em Brasília. Aquele último CD dela então, “Com Você Meu Mundo Ficaria Completo” é referência total pro tipo de som que eu gostaria de fazer. Mas algo também é fato e não deve ser deixado de lado. Eu sou muito pop!!! rs…

Enfim….carreira musical sim. Mas sem nunca deixar de lado a interpretação. Sempre conciliando os vários poderes que a arte proporciona.

AC: Atualmente você está em cartaz com a Ópera Rock “Cinza”, uma adaptação do conto da Cinderela.  Como é a sua personagem?

MB: Esse espetáculo esteve em cartaz no Rio com algumas apresentações, mas agora vai entrar em temporada em São Paulo. A personagem que eu faço, Ana Belle Chanson, é uma das irmãs malvadas da personagem C (Cinderela). Ela é ácida, engraçada, meio ninfomaníaca, debochada, articulada, com um passado de violência e abuso do pai, enfim…uma personagem não linear, cheia de nuances que me permite criar e me envolver com tantos sentimentos que o céu é o limite. A cada nova apresentação eu descobri coisas e vou enriquecendo ainda mais essa personagem. Sem dúvidas, depois da Soraia de Sexo e As Negas, Ana Belle é a minha nova paixão. Fora a parceria com as atrizes Juliana Viana, que faz a outra irmã malvada e, é claro, a madrasta feita pela atriz Raquel Keller. Esse trio é explosivo. Eu e as meninas temos uma química tão grande que é sempre uma diversão estar dentro e fora do palco com elas.

Foto: Ricardo Nunes
AC: Há novos projetos para a TV este ano?

MB: Por enquanto não. Nas últimas semanas fiz dois testes para trabalhos na TV, aberta e fechada, mas que ainda não tive o resultado. Estou na expectativa. Vida de ator! Que venham mais testes e convites como o do Miguel. Mas posso esperar para estar no ar de novo com um novo projeto e uma nova personagem. Amo fazer TV.

AC: Para finalizar, deixe uma mensagem para os leitores do Acesso Cultural.

MB: Pra quem gosta do meu trabalho ou quiser saber um pouco mais sobe mim, vou deixar aqui os contatos das minhas Redes Sociais. Me curte, compartilha, cutuca, comenta…tá valendo tudo. Adoro e interajo bastante com todo mundo.

Instagram: @mariabiaoficial
Twitter: @mariabiaoficial

Entrevista com o cantor Jay Vaquer




Por Rodrigo Bueno e Andréia Bueno

Filho de guitarrista americano, ex-parceiro de Raul Seixas e da cantora Jane Duboc, o cantor e compositor Jay Vaquer traz na bagagem 14 anos de carreira, 6 álbuns de estúdio, um CD/DVD gravado ao vivo e reconhecimento do público. Seu CD autoral mais recente, “Umbigobunker!?“, teve a produção musical assinada pelo premiado Moogie Canázio e recebeu indicação ao Grammy Latino como o disco mais bem produzido do ano.

Ampliando seus horizontes, o cantor assina texto, música, letras e direção do musical Cinza, em cartaz no Rio de Janeiro.

Em entrevista exclusiva para o Acesso Cultural, Jay fala sobre sua carreira, quais os planos para 2015 e muito mais. Confira!

AC: Jay, o fato de ser filho da consagrada intérprete Jane Duboc e do ex-guitarrista do inesquecível Raul Seixas, deve ter influenciado em sua decisão pela carreira musical. Partindo deste ponto, quais influências musicais você possui para cada trabalho realizado desde a gravação do primeiro disco “Nem Tão São”  até os dias atuais?

JV: Tom Jobim, Caetano Veloso, Chico Buarque, Cazuza, Renato Russo, Paul McCartney, Stevie Wonder, uma infinidade de influências. E ser filho de músicos certamente influenciou sim, não só geneticamente como a chance, a oportunidade de estar ali no habitat, nos bastidores, nas coxias e nos estúdios.

AC: Em 2009 você participou do programa “Som Brasil” que homenageou o cantor Renato Russo, interpretando “Pais E Filhos”, “Monte Castelo” e “Será”. Conte para nós como foi esta experiência?

JV: Foi bacana, se eu tivesse que escolher um homenageado acho que o Renato seria um dos escolhidos, mas tive a sorte de ter sido escolhido pra ser um dos artistas nesse Som Brasil Renato Russo, interessante que era Renato e não Legião. Eu não escolhi as músicas, quem escolhe é o programa, eu gostei por ter sido um exercício legal. Pegar canções já consagradas como ‘Será’ que é um hino que já virou pagode, já virou de tudo e colocar a sua cara, o seu jeito de interpretar com as harmonias e timbres é uma experiência única.


AC: Polivalente, além de interpretar canções, criar composições, você também assinou a direção musical e criou a trilha de dois espetáculos infantis (Peter Pan e Cinderela, o Musical) em 2013. Neste mesmo ano, você “inaugurou” a série “Transversões”, que aborda anualmente o trabalho de outros compositores, registrando esse exercício em CDs. Como surgiu a ideia deste trabalho?

JV: O ‘Transversões’ é a ideia de gravar sempre que possível escolhendo um compositor bacana, e tentar imprimir a minha cara, o meu jeito de ver a canção, que acaba ficando uma composição autoral. Foi esse o trabalho que eu fiz com o Transversões 1, com as canções do Guilherme Arantes, e pretendo fazer com vários compositores alternando entre o Transversões, os volumes todos, e os discos autorais.

AC: Qual balanço você faz da sua consagrada carreira? Existe algo que você desejou realizar no decorrer da carreira e que ainda não se concretizou?

JV: Ah Obrigado, mas eu não acho que a minha carreira seja consagrada, de jeito nenhum. Nossa, tem muita coisa pra realizar, vários discos estão por vir, vários musicais. Enquanto eu estiver vivo, pretendo estar vivo por muito tempo, eu vou escrever musicais, tem muita coisa mesmo para se concretizar.

AC: Além da série “Tranversões”, você assina a direção e o texto da peça “Cinza”, em cartaz no Rio de Janeiro, como foi produzir esse espetáculo? Além deste projeto, o que o público pode aguardar para os próximos meses?

JV: Cinza tem sido um projeto muito gratificante, difícil de fazer, envolve muita gente, profissionais e dinheiro, mas tem sido legal deixar isso pronto, gradativamente está quase no ponto e vou viajar o Brasil inteiro com esse espetáculo. E para os próximos meses, além de Cinza, o disco autoral que eu já estou doido pra colocá-lo na rua, então músicas próprias, disco novo, com show novo. é o que está por vir. E depois, começo a escrever também um próximo musical, mas esse projeto para o final do ano.


Acesse o site do musical Cinza:
http://cinza.art.br/