Histórias de coletivo literário viram hit e conquistam versão em audiolivro


O ator Marcello Melo disse ter se identificado com as poesias, ao narrar a obra. (Créditos: Divulgação)


Assim como Rupi Kaur faz do trauma a matéria-prima de sua poesia e utilizou o Instagram para divulgar a sua arte, o universitário Igor Pires da Silva usou a dor do término de um relacionamento, classificado pelo próprio autor como abusivo, para colocar em versos seus sentimentos. Foi assim que surgiu a história do coletivo TCD, que começou nas redes sociais, virou site, foi catapultado a livro com o título “Textos Cruéis Demais para serem lido rapidamente” e, agora, ganha versão em audiolivro.

A produção e distribuição do livro falado é de responsabilidade do Ubook, maior plataforma de audiolivros por streaming da América Latina. “Sentimento não tem gênero, é o que nos faz nos reconhecermos nos outros. A dor de uma perda, a superação de um trauma, e a alegria de uma conquista, é o que nos faz criar empatia. E, para que todos se sentissem representados, optamos por expor estes sentimentos nos timbres masculino e feminino. Foi daí que surgiu a ideia de trabalharmos o audiolivro com dois narradores”, explica Cristina Albuquerque, gerente de conteúdo do Ubook. Os escolhidos para darem voz ao título foram os cantores e atores Marcello Melo e Luiza Casé.

Para Melo, o grande diferencial da obra é expor que a poesia está mais presente na vida das pessoas, do que pensa a maioria. “Além do trabalho de narrar um audiolivro ter sido uma experiência primorosa, é muito legal poder participar de um exercício que serve para desmitificar este gênero literário, e mostrar que é muito fácil se identificar com textos poéticos”, pondera o ator em sua primeira experiência de narração de um audiolivro. “Eu tive uma identificação muito grande com esse livro. A poesia do Igor é muito urgente, muito visceral. É plausível dizer que ela é cotidiana, de certa forma. Acredito até que, por me identificar com a obra, a tarefa ficou mais fácil”, complementa.

A relação com a poesia, entretanto, não é recente. Marcello é, inclusive, autor de um livro de poesias, intitulado “Erro Gramatical”. O primeiro contato do artista com a poesia ocorreu, há 12 anos, em um workshop realizado no ‘Nós no Morro’ por Elisa Lucinda, uma poeta, jornalista, cantora e atriz brasileira, que possui catorze obras publicadas.

Foi, aliás, no grupo de teatro ‘Nós no Morro’ que Marcello iniciou sua carreira artística. Em 27 de julho, Marcello participará, inclusive, de uma exibição que ocorrerá na cinemateca do MAM em homenagens a artistas do Morro do Vidigal. Na ocasião, quatro curtas-metragens de cineastas da comunidade serão exibidos. E, Marcello está presente em todos. Ele é roteirista, diretor e ator principal da obra ‘Marulho’, que conta a história de o porquê que pessoas sãs enlouquecem. Nas histórias ‘Cacumbu’, de Daniel Paz; e ‘O Poder’, de Sabrina Rosa (segunda mulher negra cineasta a dirigir um longa-metragem de ficção), Marcello participa como ator. E, no curta assinado pelo músico e cineasta Sérgio Ricardo, ‘Pé sem chão’, Marcello faz uma narração.

Atualmente, Marcello está rodando a série ‘Arcanjo Renegado’, uma produção da GloboPlay em parceria com o Multishow, que estreia no próximo ano e tem o ator Marcello Melo Jr, filho do narrador de Textos Cruéis Demais, como protagonista.

O poder da poesia

Luiza corrobora com a ideia de que são nas pequenas coisas que a grande poesia mora. “O grande desafio dessa narração foi saber imprimir a tonalidade certa para conciliar os acontecimentos cotidianos e a carga emocional contida na literatura. Cada detalhe do texto pode ser expresso pela voz, aproximando ainda mais a/o ouvinte seja pelo sentimento ou criação de imagens”, explica a artista que dia 12 de julho lança pela Universal Music seu álbum “Mergulho”, com composições próprias, produzido por Arto Lindsay e Thiago Nassif. Seu EP “Luiza Casé” já está disponível em todas as plataformas e teve o clipe de lançamento “Me Leva” dirigido por Monique Gardenberg.

Considerada, em 2015, a maior revelação do blues nacional, a também atriz Luiza Casé emprestou sua voz para as poesias de Igor Pires da Silva
(Créditos: Peter Wrede)

Multi talentosa, Luiza Casé foi descoberta no programa Geleia do Rock no Multishow em 2010; considerada, em 2015, a maior revelação do festival de Blues do Circo Voador, no Rio; e também enveredou pela arte da interpretação em Malhação, produção na qual viveu a personagem Lorelai.

Luiza é prima de Regina Casé, que foi apresentadora do Esquenta, da Rede Globo; e filha do produtor de cinema Augusto Casé (Cilada.com, Muita Calma Nessa Hora, Ó Paí, Ó, E Aí, Comeu?) e da coreógrafa Andrea Maciel.