Neyde Veneziano apresenta versão contemporânea do Teatro de Revista


Crédito: Alex Santana


Autoridade no assunto Teatro Musical Brasileiro, Neyde Veneziano apresenta resultado de sua pesquisa sobre o formato contemporâneo do gênero Teatro de Revista com a estreia de Revista Babadeira no dia 20 de janeiro de 2023 na sede da Cia da Revista. Sexta e sábado às 21 horas. Domingo às 19 horas. Temporada até 19 de março, entrada gratuita. Veneziano imprime seu nome também na dramaturgia e direção do espetáculo contemplado na 38ª Edição do Fomento ao Teatro pelo projeto Teatro de Revista Hoje: Uma re-existência. São 18 cenas, todas com músicas inéditas e cantadas ao vivo, 12 artistas no palco – 10 drag queens e dois músicos. Serão 24 sessões a partir de 20 de janeiro, às sextas, sábados e domingos, com entrada franca.

As primeiras etapas do processo de montagem envolveram, além da pesquisa, oficinas de Dramaturgia (com Neyde Veneziano, Dagoberto Feliz e as drags Thelores Drag e Alexia Twister), Filosofia vocal (com Marcelo Boffa), Clown Music Queer (com Dagoberto Feliz) e Drags en reviste (com Neyde Veneziano) realizadas durante 2022. Em seguida vieram a seleção do elenco e início dos ensaios em outubro. Quinze drags frequentaram as oficinas de preparação para interpretar as estrelas do musical. “Drags são hiperbólicas, são grandes, são fascinantes. O Teatro de Revista é o gênero mais apropriado para elas”, afirma Neyde, q ue propõe um formato contemporâneo para o estilo.

Vamos atualizar o discurso. O teatro de revista era apoiado no machismo e na objetificação das vedetes. Hoje isso não tem mais sentido. A estrutura da revista segue maravilhosa, mas agora nosso discurso será sobre a diversidade, a inclusão e, principalmente, a liberdade”, completa

Com roteiro costurado a quatro mãos – Neyde Veneziano, Dagoberto Feliz, Thelores Drag e Alexia Twister -, Revista Babadeira é um espetáculo de Teatro de Revista contemporâneo e atualizado, por meio da ótica da diversidade e inclusão. Os quatro personagens centrais são: as duas commères (interpretadas por Alexia Twister e Thelores), Harmô nio (Mercedez Vulcão) e a Revista Brasileira (alegoria – Josephine Le Beau). “As outras se desdobram em vários ‘personagens episódicos’, cantando e representando diversos tipos importantes do teatro de revista”, explica a diretora.

Crédito: Alex Santana

Elenco: Alexia Twister, Antonia Pethit, Aprill XO, Divanna Kahanna Montez, Ginger Moon, Josephine Le Beau, Lacana Botafogo, Mercedez Vulcão, Thelores Drag. Participação especial: Tony Germano. Músicos: Daniel Baraúna, Demian Pinto.

Serviço

Temporada – De 20 de janeiro a 19 de março. Sessões – Sexta e sábado às 21 horas. Domingo às 19 horas. Espaço Cia da Revista – alameda Nothmann, 1135, Santa Cecília. Tel. 3791-5200. Horário da bilheteria – apenas no dia da sessão, abre com 1h de antecedência. Entrada franca. INSTA – @teatroderevistareexistencia

Grupo Folias estreia 7PISOS – uma peça para personagens ausentes


Créditos: Cacá Bernardes


7PISOS, peça livremente inspirada no conto de Dino Buzatti, com dramaturgia de Paloma Franca Amorim e direção de Dagoberto Feliz, caracteriza-se como um retorno político ao fazer teatral presencial após longa temporada pandêmica, ainda não encerrada, que foi capaz de pôr em xeque um dos princípios básicos das artes cênicas: o tradicional encontro entre público e intérpretes, espectadores e ficção.

Como um trabalho que dialoga com tempos atravessados materialmente pela História e pelas poéticas públicas que têm sido manejadas a fim de produzir a democratização do fazer teatral, 7PISOS desvela o percurso de Giuseppe Corte, um escritor negro que acabou de se internar voluntariamente em um hospital cujo estranho protocolo de tratamento diz respeito ao funcionamento de sete andares que separam os pacientes mais graves dos mais saudáveis. Desse contexto surge um infindável conjunto de ações ambivalentes que oscilam entre a violência e a naturalização da violência contra os ditos corpos socialmente desviantes, fazendo deles plataformas vivas para o exercício do poder.

“Nosso corpo-ideia, Giuseppe Corte, é um escritor negro solitário, um ator negro, um negro ator (que poderia ser muitos mas é um só), nesse teatro paulistano onde as vozes negras ou não-brancas, migrantes, dissonantes, foram historicamente aplacadas por um senso de homogeneidade abstrata em que a brancura e o elitismo de seus agentes eram protegidos e quase invisibilizados pelo discurso falseado de que os palcos ocidentais são o seio da democracia”, diz Paloma Franca Amorim.

Créditos: Cacá Bernardes

Giuseppe Corte é esse corte na lógica racista dos teatros paulistanos, e irmana-se a tantas outras personagens que atualmente povoam os terrenos sagrados da cena e das coletividades. São Joanas, Antígonas, Neusas Suelis, Vadinhos, Jasões, Hamlets, Medusas, Zambis, Ofélias, Aqualtunes, são alegorias, coralidades, gestos simbólicos ou metafísicos, personas, todas enegrecidas, todas imersas em sua negrura incandescente, e bonita, e tecnicamente excelente, e dialética, como estratégia de resistência formal aos apagamentos sistemáticos responsáveis pelo halo eurocêntrico que perversamente caracterizou uma parte importante da cena teatral da cidade de São Paulo.

Giuseppe Corte, paciente doente ou são, é reflexo de um incômodo institucional e humano propagado secularmente. Só é possível falar de sua sobrevida a partir do fim, da morte e portanto da trajetória invertida na qual a tragédia do colonialismo torna-se ponto de partida do processo doloroso e necessário para o aprofundamento de uma poética anti-racista.

Serviço
de 18/02 até 04/04
sexta à segunda, 20h
Local: Galpão do Folias – Rua Ana Cintra, 213 – ao lado do metrô Santa Cecília
Ingressos: R$ 30 (Inteira), R$ 15 (Meia), R$ 10 (Sócio Morador)
Link: www.galpaodofolias.com
14 anos
70 minutos

Já assistimos Roque Santeiro O Musical. Confira nossa crítica!




Por Leina Mara

Baseado numa versão musical nunca encenada de Dias Gomes, que também escreveu o folhetim em 1985 na Rede Globo, Roque Santeiro – O Musical estreia na capital paulista.

Foto: Divulgação

Revisitando os principais personagens da trama, o musical conta um pouco sobre o personagem Roque e como ele virou uma lenda para a pequena cidade de Asa Branca. Mas, o “herói” que era dado como morto há 15 anos, retorna causando o maior rebuliço na cidade. 

Jarbas Homem de Mello interpreta o Sinhozinho Malta. Um papel dificílimo já que o personagem foi eternizado pelo grande Lima Duarte na novela. Porém, com grande talento, Jarbas traz um Sinhozinho caricato na medida certa e é impossível não se apaixonar pela sua interpretação.

Dagoberto Feliz também traz uma interpretação esplêndida. Seus momentos como Prefeito Florindo Abelha proporciona ao público os melhores momentos e muitas risadas. Toninho Jiló, interpretado por Marco França, é o personagem raíz. Típico trovador do sertão, faz os repentes durante as cenas. O elenco, muito bem selecionado, ainda é formado por Mel Lisboa (Mocinha), Luciana Camieli (Matilde), Nábia Vilela (Dona Pombinha), Edson Montenegro (Padre Hipolito), Flávio Tolezani (Roque), Livia Camargo (Viúva Porcina), Samuel de Assis (Zé das Medalhas) e Yael Pecarovich (Rosali).

Foto: Divulgação

Com praticamente nenhum cenário, o musical investe na trama e nas canções, que tem direção de ninguém mais ninguém menos que Zeca Baleiro. Para relembrar um pouco da novela que foi sucesso nos anos 80, o elenco canta as músicas “Dona” e “Roque Santeiro”, deixando o público nostálgico, o espetáculo conta com direção de Débora Dubois

Roque Santeiro – O Musical estreia dia 27 de janeiro, no Teatro FAAP. Imperdível!