5 filmes de Karim Aïnouz, diretor brasileiro vencedor no Festival de Cannes


Créditos: Divulgação


Este ano foi, sem dúvidas, inesquecível para o cinema brasileiro. Pela primeira vez, um longa brasileiro foi o grande vencedor de Un Certain Regard (Um Certo Olhar), mostra paralela à seleção oficial do Festival de Cannes. Feito conseguido pelo diretor cearense Karim Aïnouz com o filme “A vida invisível de Eurídice Gusmão”, uma adaptação do romance homônimo escrito por Martha Batalha e narra a historia de Eurídice e Guida, duas irmãs cariocas que tiveram suas vidas separadas e sonhos enterrados por causa do peso do patriarcado. O longa é protagonizado por Carol Duarte e Julia Stockler, e tem a participação de Fernanda Montenegro interpretando Eurídice na velhice. Para os interessados em conhecer um pouco mais da filmografia de Karim, separamos cinco filmes do diretor que é fundamental assistir.

Madame Satã (2002)

O filme conta a história da artista transformista João Francisco (Lazaro Ramos), presidiário, negro, pobre e homossexual, que frequenta o bairro da Lapa, na década de 1930, e mostra o caminho que o levou até se transformar em Madame Satã, lendário personagem da boemia carioca. O longa ganhou o troféu APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) nas categorias de Melhor Ator e Melhor Diretor.

O Céu de Suely (2006)

Hermila (Hermila Guedes) é uma jovem de 21 anos que retorna à cidade-natal, Iguatu, cidade no interior do Ceará, junto com seu filho, Mateuzinho, enquanto aguarda a chegada de Mateus, pai da criança, que ficou em São Paulo para resolver umas pendências. Após um tempo sem notícias do namorado, Hermila se desespera e, na tentativa de sair da cidade, resolve rifar seu próprio corpo para conseguir dinheiro suficiente para comprar uma passagem de ônibus e ir embora em busca de uma vida nova.

Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo (2009)

José Renato (Irandhir Santos) é um geólogo enviado para realizar uma pesquisa de campo pelo sertão nordestino. Sua missão era avaliar o melhor percurso para um canal que será construído, desviando as águas do único rio caudaloso da região. A sensação de vazio, abandono e isolamento o perseguem, mas ele decide seguir viagem na tentativa de transformar seus sentimentos.

O Abismo Prateado (2011)

Baseado na canção “Olhos nos Olhos”, de Chico Buarque, o longa mostra a vida de Violeta (Alessandra Negrini), uma dentista casada e com um filho. Depois de um dia normal de trabalho, recebe uma mensagem do marido avisando que vai embora para Porto Alegre e pedindo para ela não segui-lo. Desesperada, ela tenta mesmo assim ir atrás do marido.

Praia do Futuro (2014)

Donato (Wagner Moura) é um salva-vida que trabalha na Praia do Futuro, litoral de Fortaleza, no Ceará. Após fracassar ao tentar salvar a vida do amigo de Konrad (Clemens Schick), um piloto alemão, de afogamento, apaixona-se por ele e parte para Berlim. Anos depois, Ayrton (Jesuíta Barbosa) decide ir atrás de seu irmão mais velho, Donato, a quem considerava seu herói.

Então, já decidiu qual filme de Karim Aïnouz é seu preferido?

Curral, dirigido por Marcelo Brennand, está sendo rodado no interior do Pernambuco




Longa marca a estreia do diretor em ficção. Thomás Aquino, Rodrigo García e Carla Salle estão no elenco


Por Andréia Bueno
O filme Curral, dirigido por Marcelo Brennand, está sendo rodado em Gravatá, Pernambuco. O longa conta a história de Chico Caixa (Thomás Aquino), um homem humilde recrutado por seu amigo de infância Joel (Rodrigo García), candidato a vereador, para ajudar na conquista de votos num importante bairro. Neste drama político, Chico é a mola motriz para situações que irão questionar os processos eleitorais no interior do Nordeste.
Thomas Aquino, Rodrigo García, Marcelo Brennand e Pedro Wagner (Foto:Daniela Nader)
Marcelo Brennand dirigiu em 2011 o premiado documentário “Porta a Porta”, onde acompanhou o passo a passo de candidatos a vereador da cidade de Gravatá, no interior de Pernambuco, e as estratégias dos seus cabos eleitorais para conquistar os votos da população. Inspirado na trajetória de sucesso do documentário Marcelo criou a história de seu primeiro longa-metragem de ficção: “Curral”.
O diretor conta que “as referências dos processos de campanha e procedimentos, já haviam sido reunidas durante o documentário Porta a Porta. O desafio agora é transformar essas informações em um drama político, envolvente e crítico, sem ser partidário ou panfletário. A intenção aqui é observar e questionar os procedimentos eleitorais que marcam esse tipo de certame, notadamente nas cidades de interior”. E complementa que a ideia é que o projeto “resulte num filme de narrativa envolvente, que o público sinta empatia pelo protagonista, mas que também provoque pontos de reflexão sobre a sociedade pernambucana, nordestina e brasileira e desperte debates sobre o tema do processo político de uma eleição”.
O elenco é composto por Thomás Aquino (“Bacurau” e “Praia do Futuro”), Rodrigo García (“Tatuagem”) e Carla Salle (“Motorrad”). A direção de fotografia é de Beto Martins. A direção de arte é de Juliano Dornelles (“Aquarius”, “Bacurau” e “O Som ao Redor”) e o figurino fica com Rita Azevedo (“Aquarius”).
No longa, Chico Caixa (Thomás Aquino) é um homem humilde e ex-funcionário da distribuidora de água de Gravatá, em Pernambuco, local que sofre com a escassez hídrica. Ele é recrutado por um amigo de infância, o advogado Joel (Rodrigo García), que precisa conquistar votos de um bairro popular fundamental para conseguir se tornar vereador. Para se eleger os dois usam o fornecimento de água como moeda de troca com a população. Chico se vê confrontado entre suas necessidades financeiras e seus princípios.
Curral é uma produção de Bárbara Maranhão e Marcelo Brennand. O filme tem roteiro de Marcelo Brennand, Fernando Honesko e Marcelo Muller. O longa é uma produção Zéfiro Filmes, em coprodução com a Querosene Filmes e distribuição da Pandora Filmes. 

Cinemateca Brasileira: Mostra em Homenagem a Hector Babenco




Um dos mais importantes cineastas brasileiros, Hector Babenco faleceu na última semana, deixando uma sólida e bela filmografia, que será exibida em sua homenagem.  

Foto: Divulgação

Nascido em Mar del Plata na Argentina, em 1946, Babenco mudou-se para o Brasil aos 19 anos e naturalizou-se brasileiro em 1977. Em 1975 lança seu primeiro longa-metragem, O rei da noite, com marcantes interpretações de Paulo José, Marília Pêra e Vic Militello.

Baseado num caso policial, Lúcio Flávio, o passageiro da agonia foi um grande sucesso de bilheteria e recebeu diversos prêmios em 1977. Seu filme seguinte é uma de suas obras-primas, Pixote, a lei do mais fraco (1980), presença constante em listas de maiores filmes da década de 1980. Realiza em 1985 O beijo da Mulher Aranha, produção internacional falada em inglês, que recebeu o Oscar de melhor ator e o prêmio de interpretação masculina em Cannes para William Hurt e pelo qual Babenco foi indicado ao Oscar de melhor diretor.

Em 1987 dirige Jack Nicholson e Meryl Streep em Ironweed, e ambos são indicados ao Oscar pelos papéis. Ambientado na região amazônica e com atores brasileiros e estrangeiros, lança em 1990 Brincando nos campos do Senhor, uma coprodução entre Brasil e Estados Unidos. Em 1998 lança Coração Iluminado, drama autobiográfico selecionado para o Festival de Cannes. Em seguida realizaria seu maior sucesso de bilheteria, Carandiru (2003), também exibido no Festival de Cannes. Em 2007 o diretor retorna a Buenos Aires para as filmagens de O passado, estrelado por Gael Garcia Bernal, no qual Babenco aparece como um projecionista de cinema.  Este ano lançou Meu amigo hindu, seu último longa, com Willem Dafoe.

Toda a programação tem entrada franca.

CINEMATECA BRASILEIRA
Largo Senador Raul Cardoso, 207
Próximo ao Metrô Vila Mariana
Outras informações: (11) 3512-6111 (ramal 215)
www.cinemateca.gov.br

PROGRAMAÇÃO

QUINTA 21/07
SALA BNDES
19h00 O REI DA NOITE
21h00 LÚCIO FLÁVIO, O PASSAGEIRO DA AGONIA

SEXTA 22/07
SALA BNDES
19h00 PIXOTE, A LEI DO MAIS FRACO
21h30 O BEIJO DA MULHER ARANHA

SÁBADO 23/07
SALA BNDES
17h30 IRONWEED
20h30 BRINCANDO NOS CAMPOS DO SENHOR

DOMINGO 24/07
SALA BNDES
16h00 CORAÇÃO ILUMINADO
18h30 CARANDIRU
21h00 O PASSADO

FICHAS TÉCNICAS E SINOPSES

O beijo da Mulher Aranha
Brasil,1985, 35mm, cor, 120 min.
Com Raul Julia, William Hurt, Sônia Braga, José Lewgoy, Milton Gonçalves.
No presídio de um país latino-americano não especificado dois prisioneiros, um homossexual e um militante político, ensaiam uma difícil convivência. Baseado na novela homônima de Manuel Puig. Pelo filme, William Hurt recebeu o Oscar de Melhor ator e o prêmio na mesma categoria no Festival de Cannes de 1985. Não recomendado para menores de 16 anos

Brincando nos campos do Senhor
Brasil, EUA, 1991, 35mm, cor, 186min
Com Aidan Quinn, Tom Berenger, Daryl Hannah, John Lithgow
Um casal de evangélicos embrenha-se na selva amazônica brasileira para catequizar índios ainda arredios à noção de Deus. As intenções religiosas e a harmonia entre brancos e índios no local tornam-se instáveis com a presença de um mercenário descendente de índios americanos. Roteiro de Babenco e Jean-Claude Carrière, baseado no romance homônimo de Peter Matthiessen. Não recomendado para menores de 16 anos

Carandiru
Brasil, 2003, 35mm, cor, 145 min.
com Luiz Carlos Vasconcelos, Milton Gonçalves, Maria Luísa Mendonça, Rodrigo Santoro, Lázaro Ramos
Um médico se oferece para realizar um trabalho de prevenção a AIDS no maior presídio da América Latina, o Carandiru. Lá ele convive com a realidade dos cárceres, que inclui violência, superlotação das celas e instalações precárias. Baseado no livro de Drauzio Varela. Seleção oficial no Festival de Cannes. Não recomendado para menores de 16 anos

Coração iluminado
Brasil, Argentina e França, 1998, 35mm, cor, 130min.
com, Miguel Angel Solá, Maria Luisa Mendonça, Walter Quiroz, Xuxa Lopes.
Um amor interrompido pela suposta morte da amante, vem à tona novamente quando Juan retorna ao lugar onde a paixão por Ana se iniciara. Lá chegando descobre que Ana está viva e casada, vai ao encontro e no caminho conhece Lilith, aumentando assim ainda mais a lembrança da paixão antiga. Um dos grandes filmes de Babenco. Seleção oficial no Festival de Cannes. Não recomendado para menores de 18 anos

Ironweed
EUA, 1987, 35mm, cor, 137min
Com Jack Nicholson, Meryl Streep, Carroll Baker, Tom Waits
Um homem destruído pela morte do filho e sua companheira, uma cantora e pianista, vagam sem esperança, sem lar e sem dinheiro. Alcóolatras, vão para a cidade onde seu filho morreu vinte e dois anos antes, e convivem com outros andarilhos nos anos da Depressão. Jack Nicholson e Meryl Streep, ambos indicados ao Oscar pelos papéis, também estiveram juntos no filme de Mike Nichols, A difícil arte de amar (1986). Não recomendado para menores de 14 anos

Lúcio Flávio, o passageiro da agonia
Brasil, 1976, 35mm, cor, 125 min.
com Reginaldo Farias, Ana Maria Magalhães, Milton Gonçalves, Paulo Cesar Pereio, Ivan Cândido, Grande Othelo.
Os últimos momentos da vida de Lucio Flavio, um bandido famoso que empreende fugas e ações espetaculares. Capaz de fugir de qualquer prisão, ele acaba descobrindo que é vítima de poderosas organizações criminosas. Visto por mais de 5 milhões de espectadores no seu lançamento. Não recomendado para menores de 18 anos

O passado (El pasado)
Brasil, Argentina, 2007, 35mm, cor, 114min.
com Analia Couceyro, Gael Garcia Bernal, Claudio Tolcachir, Marta Lubos, Marcelo Chaparro
A história de Rimini e Sofia, dois adolescentes que se casam, ficam juntos por 12 anos e resolvem se separar. A partir daí, Rimini tenta recomeçar sua vida, mas a presença constante de Sofia irá provocar pequenas tragédias. Baseado no romance homônimo de Alan Pauls.
Não recomendado para menores de 18 anos

Pixote, a lei do mais fraco
Brasil, 1980, 35mm, cor, 125min.
Com Marília Pêra, Jardel Filho, Rubens de Falco, Elke Maravilha, Tony Tornado, Beatriz Segall.
Oprimidos pela violência do reformatório onde estão encarcerados, um grupo de meninos decide fugir para viver do roubo de carteiras – entre eles, Pixote. Nas ruas, recebem uma proposta para transportar drogas para o Rio de Janeiro, mas o negócio não dá certo e eles retornam à capital paulista. Conhecem uma prostituta e, em acordo com ela, passam a assaltar seus clientes. Baseado em romance de José Louzeiro, o filme recebeu diversos prêmios em festivais nacionais e internacionais, entre eles o Leopardo de Prata no Festival de Locarno de 1981. Não recomendado para menores de 18 anos

O Rei da noite
Brasil, 1975, 35mm, cor, 98min.
Paulo José, Marília Pera, Vick Militello, Cristina Pereira.
Primeiro longa do diretor, o filme é inspirado na cultura do tango, muito presente nos meios boêmios de São Paulo nas primeiras décadas do século XX. Jovem começa a namorar uma moça de família ao mesmo tempo em que frequenta a vida noturna da cidade e mantém um ardente romance com uma cantora de cabaré. Prêmio de Melhor ator para Paulo José no Festival de Brasília de 1976. Montagem de Sylvio Renoldi. Não recomendado para menores de 16 anos