5 motivos para assistir ‘Urinal, o musical’




Por Walace Toledo
Fotos Divulgacao / Ronaldo Gutierrez

Espetáculo está em cartaz de sexta à segunda-feira no Teatro Núcleo Experimental

1 – Uma história bem ousada

Uma seca de duas décadas causa uma terrível falta de água, fazendo com que toda a atividade sanitária da população seja realizada em banheiros públicos, controlados por uma megacorporação ardilosa. Sim, este é o curioso mote narrativo de “Urinal, o musical”. Urinal, ou Urinetown do texto original, não é um nome bonito e atrativo, mas forte do jeito que faz as pessoas comprarem pra ver “qual é dessa peça?”. Pra não contar muito, deixamos só a conclusão: você se surpreenderá e voltará para casa questionando muito sobre o modo de vida atual. Obs: Saiba mais lendo nossa matéria da estreia do musical clicando aqui.
2 – Teatro

O espaço teatral do Núcleo Experimental é pequeno, são 56 lugares para plateia. A experiência de assistir um musical neste local é muito interessante porque o público é quase parte do cenário, dá a sensação de ser parte do elenco pela proximidade com os atores. 
3 – Autenticidade vocal

Quase acústico, sem vozes tratadas por recursos tecnológicos, ouvimos a crueza vocal do elenco. Essa autenticidade nos permite apreciar a qualidade do timbre de cada ator.

4 – $$$$$

Diferente das megaproduções com valores altos, o ingresso para “Urinal” custa R$ 40 a inteira, estudante paga R$ 20. Além disso, às sextas-feiras a entrada é gratuita! Vale lembrar que de sexta os ingressos são disputados e a fila costuma ser grande, portanto chegue cedo!

5 – Qualidade 

Ficamos mal-acostumados com megaproduções cheias de efeitos especiais, palcos mirabolantes, cenário imponentes. Esta montagem intimista de “Urinal” mostra que não é a gradiosidade que define a qualidade de um projeto. Um dos grandes musicais em cartaz no cenário paulistano. Imperdível!!


SERVIÇO

Local: Teatro Núcleo Experimental – Rua Barra Funda, 637 – Barra Funda, São Paulo. Tel: 3259-0898. Capacidade 56 lugares.

Temporada: Até 6 de julho de 2015. 

Valores: R$ 40 (inteira) e R$20 (meia)

Horários: Sextas, Sábados e Segundas – às 21h. Domingos, às 19h.
OBS: Entrada gratuita às sextas-feiras, com ingressos distribuídos na bilheteria do teatro uma hora antes do início da sessão.

Duração: 1h50 min (+15 min. de intervalo)

Classificação: 10 anos

5 motivos para assistir ‘O Homem De La Mancha’




Por Leina Mara e Rodrigo Bueno
Fotos Divulgação

Musical ‘O Homem De La Mancha‘ com direção de Miguel Falabella em parceria com o Atelier de Cultura tem apresentações gratuitas no Sesi da Avenida Paulista até junho. Confira 5 motivos para assistir esse maravilhoso espetáculo!

1- A história

Um manicômio brasileiro no final dos anos 30. Um paciente é anunciado para internação. Apresenta-se como Miguel de Cervantes, poeta, ator de teatro e coletor de impostos. Chega na companhia de seu criado, Sancho.

Ele é abordado pelo Governador, louco que comanda os internos do hospital.  O grupo ataca seus pertences e lhe subtraem suas poucas posses. Cervantes se preocupa apenas com um manuscrito, que é arremessado entre eles.  Para dar a Cervantes a oportunidade de reaver seu manuscrito, o Governador instala um julgamento.

O Duque faz a acusação. Cervantes organiza sua defesa convidando os loucos a encenarem com ele uma peça de teatro.

É a história de D. Alonso Quijana, um velho fazendeiro aposentado, ávido leitor, desgostoso com os maus-tratos dos homens para com seus semelhantes. Melancólico com as injustiças do mundo e tomado pela loucura, imagina ser D. Quixote Senhor de La Mancha, um Cavaleiro Errante, atrás de aventuras que lhe permitam combater o mal, assistir os indefesos e praticar o bem.

2- Elenco de primeira

O elenco é formado por 35 atores entre grandes nomes do Teatro Musical como Cleto Baccic (D. Alonso Quijana/D.Quixote), Sara Sarres (Aldonza/Dulcineia), Jorge Maia (Sancho), Kiara Sasso (Antônia) e Fred Reuter (Dr. Sansão Carrasco). As cenas de ensamble são de grande imponência, pela qualidade técnica aperfeiçoada em 75 dias de ensaios.

3- Cenários e Figurinos

O cenário é uma opressiva estrutura metálica semicircular de oito metros de altura (quase o dobro da altura da última produção que esteve em cartaz no Teatro do Sesi-SP), adornado por elementos da arquitetura do início do século 20, com quatro escadas em curva, interligadas por uma passarela, que conduzem ao nível do palco, o território dos loucos. É essa estrutura que cria o cenário do manicômio e, ainda assim, remete a um local abaixo do solo, assim como na versão original que é ambientado em um calabouço da inquisição. A estrutura é recoberta por mais de 400 metros quadrados de tule importado pintada a mão pelo artista cênico Vincent Guilmoto, com escrita ao estilo de Bispo do Rosário. Toda execução de construção foi realizada pelo Senai-SP, na escola de Lençóis Paulista. Nos figurinos, joias feitas com latas amassadas, coroas de prendedores de roupas, trapos que se transformam em luxo, tudo muito minimalista.

4- Repertório

As músicas, de Mitch Leigh e letras de Joe Darion, dão destaque ao espetáculo e se tornam memoráveis ao público, como o clássico “O Sonho Impossível”, e as canções originais “Dulcineia”, “O Homem de La Mancha” e “É Tanta Preocupação”.

5- Entrada Franca

Vencedor do Prêmio APCA 2014 de Melhor Espetáculo e Melhor Ator, o musical O Homem de L a Mancha já foi visto por mais de 100 mil expectadores. A adaptação da obra Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes, fica em cartaz no Teatro Sesi-SP até 28 de junho deste ano. As exibições são gratuitas e os ingressos podem ser reservados pelo site www.sesisp.org.br/meu-sesi.  Os ingressos remanescentes são distribuídos nos dias do espetáculo, a partir do horário de abertura da bilheteria (de quarta a sábado, das 13h às 21h, e aos domingos, das 11h às 19h).

Confira as entrevistas exclusivas do Acesso Cultural com os protagonistas do musical Cleto Baccic e Sara Sarres. Aperte o play!


Serviço

O HOMEM DE LA MANCHA

TEATRO DO SESI-SP (456 lugares)

Av. Paulista, 1313 – Bela Vista

Informações: www.sesisp.org.br/cultura e 11 3146-7405/7406.

Entrada gratuita

 Ingressos gratuitos reservados online pelo site www.sesisp.org.br/meu-sesi

de 15 em 15 dias a partir do dia 25 de agosto de 2014.

Apresentações entre dias 1º e 15, publicação na internet dia 25 do mês anterior.

Apresentações entre dias 16 e 31, publicação na internet dia 10 do mesmo mês.

 Serão distribuídos 50 ingressos por sessão na bilheteria, no dia do espetáculo, a partir do horário de abertura da bilheteria.

Horário da bilheteria:
Quarta a sábado, das 13h às 21h; domingo, das 11h às 19h.
Quarta a sexta às 21h | Sábado às 17h e 21h | Domingo às 19h.

Sessões para escolas: quinta às 15h.

Recomendação: 10 anos

Duração: 145 minutos

Cazuza mostra sua cara em exposição




Cazuza mostra sua cara na exposição 30 anos de Redemocratização do Brasil

No final dos anos 80, a indignação e revolta ainda tomava conta do país, mesmo iniciado o processo de redemocratização. As músicas mostravam isso. Cazuza usava letras fortes, “Meu partido é um coração partido”, na canção Ideologia; e “Brasil! Mostra tua cara, quero ver quem paga pra gente ficar assim”, em Brasil. Por conta da sua influência, Cazuza é uma das personalidades presentes na mostra 30 anos de Redemocratização do Brasil, que está em cartaz na Avenida Paulista, como parte da comemoração do Dia do Trabalho promovida pela União Geral dos Trabalhadores (UGT). A exposição conta com 30 painéis de 4 metros de altura e permanece até o dia 25 de maio.

SERVIÇO

Exposição 30 anos de Redemocratização do Brasil
Quando: a partir do dia 1º de maio até o dia 25
Onde: Avenida Paulista – São Paulo

Lucas Silveira, da Fresno, lança livro na Fnac Paulista




À frente da banda Fresno há mais de quinze anos, Lucas Silveira conta sua trajetória pessoal e musical com um apanhado de memórias que vão da infância aos dias de hoje. Costurando uma colcha de retalhos, o músico parte de suas composições para revelar as histórias por trás das letras, a vida fora dos palcos e os dilemas que transformaram sua vida. 
Partindo desta ideia que Lucas Silveira lança seu primeiro livro: “Eu não sei lidar”. O músico participa nesta quinta-feira, dia 14 de maio, a partir das 19h, de sessão de autógrafos na Fnac Paulista, com entrada gratuita.

Lucas Silveira nasceu em Fortaleza e foi criado em Porto Alegre. Artista, empreendedor e idealista, ganhou notoriedade com o sucesso da Fresno, banda da qual é vocalista e principal compositor. Hoje, além da banda, divide seu tempo entre inúmeros projetos artísticos e também trabalha como produtor musical em seu estúdio, em São Paulo. 

“Eu não sei lidar”, de Lucas Silveira
(Dublinense, R$ 32,90)
Sessão de autógrafos em São Paulo 
Dia 14 de maio, quinta-feira, às 19h
Fnac Paulista
Av. Paulista, 901 – Bela Vista

Programação gratuita: Record Store Day no MIS




Em parceria com a Locomotiva Discos, o museu vai receber cerca de 70 expositores de LPs dos mais variados estilos musicais. O evento, que tem entrada gratuita, acontece no dia 18 de abril, e terá apresentações ao vivo dos cantores Romulo Fróes e Bruno Souto

O Record Store Day, que acontece anualmente desde 2007, é um dia de celebração no mundo todo das lojas de discos independentes. Fãs de música, artistas e centenas de lojistas se juntam para celebrar a cultura do LP, com lançamentos exclusivos, edições especiais e shows de diversos artistas. No MIS – instituição da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, a data será comemorada no dia 18 de abril com uma grande feira de discos, realizada em parceria com a Locomotiva Discos, e apresentações ao vivo dos cantores Romulo Fróes e Bruno Souto. O evento terá como anfitrião Kid Vinil, que estará presente autografando seu novo álbum.

A tradicional feira de discos, que já aconteceu em diversos bairros da cidade como Perdizes, Vila Madalena, Centro e Pinheiros, ganha uma nova edição especial no MIS, que contará com cerca de 70 expositores entre lojas, sebos, colecionadores e vendedores especializados. O evento promove a venda, a troca e a compra de LPs importados, nacionais, raros, novos, usados, obscuros, raridades, compactos, deluxe editions, box sets e singles.
Quem for ao MIS pode encontrar raridades como os LPs Molhado de Suor,  álbum de 1974 de Alceu Valença (disco raro, original da época, primeira prensagem por R$ 390,00), Tropicália: ou Panis et Circencis (primeira edição, 1968, original de época, em mono, autografado por Caetano Veloso, Gilberto Gil e Gal Costa por R$ 700,00) e Mutantes/Mutantes  (primeira edição desse álbum,  em mono, por R$ 650,00).

Já entre os lançamentos estão discos como o álbum duplo Girls in Peacetime Want to Dance dos escoceses do Belle & Sebastian, Tudo Esclarecido da cantora Zélia Duncan, Vitória recém lançado álbum do Dead Fish depois de um hiato de cinco anos,  Convoque seu Buda  do Criolo e  Não fale com as paredes, relançamento com capa tripla, da banda carioca de rock progressivo Modulo 100.

A Feira de Discos acontece na área externa do museu entre 12h e 20h e tem entrada gratuita.

Shows: Romulo Fróes e Bruno Souto

O Record Store Day no MIS também conta com shows dos cantores Romulo Fróes e Bruno Souto. As apresentações são gratuitas e acontecem no Auditório MIS (172 lugares). As senhas devem ser retiradas com uma hora de antecedência na recepção do museu.

Romulo Fróes faz um show especial, às 15h, do álbum Calado (2004), seu primeiro álbum solo lançado pela Bizarre Records. O disco traz canções que misturam a tristeza do samba de Batatinha e Nelson Cavaquinho com a discreta melancolia de bandas como Damon & Naomi e Low, sobrepondo todo limite entre o tradicional e contemporâneo. No repertório do show estão músicas como Agosto, Tudo o que eu quero ouvir, Feliz e O som é comum, além de Cadência do samba, releitura do clássico de Ataulfo Alves. Em 2010, Calado foi considerado pelo jornal Folha de S. Paulo, um dos cinquenta álbuns mais importantes da música brasileira na primeira década deste século.

Cantor e compositor paulistano, Romulo Fróes tem cinco discos solos lançados e dois discos com o grupo Passo Torto. Atuante na cena musical independente, o artista é um de seus principais interlocutores, realizando documentários, trilhas sonoras, curadorias musicais, produção, direção de discos e shows de outros artistas, além de publicar textos sobre a música brasileira.

Bruno Souto se apresenta às 17h. Veterano na cena independente nacional (foi por 10 anos vocalista e principal compositor da banda Volver), o cantor pernambucano apresenta canções do seu primeiro álbum solo, Estado de Nuvem, lançado em 2013 pela Locomotiva Discos. Estão no repertório músicas como Dentro, Aurora, Dance, Avesso e Eu e o Verão.  Estado de Nuvem é um disco solar sem deixar de ser melancólico. Esteticamente, as músicas abrangem um espectro diversificado de intenções, como Synth Pop, Soul, Rock, e até Reggae, e inspiradas também nas estruturas melódicas do cancioneiro pop brasileiro e da MPB.

Convidado especial: Kid Vinil

Para celebrar o primeiro Record Store Day no MIS, Kid Vinil será o anfitrião do evento. Kid é um assíduo frequentador de lojas de discos no mundo todo, um dos maiores colecionadores de LP do Brasil e referência especial para quem gosta de música no país. Sua contribuição para a cena musical no Brasil é valiosíssima, tanto quanto jornalista e radialista, como também sua carreira musical, a frente da banda Magazine. Nesse dia Kid vai receber os fãs e autografar o compacto em vinil Beatriz, de sua atual banda, o Kid Vinil Xperience. A biografia recém lançada Kid Vinil: Um Herói do Brasil, também será vendida na data. 

RECORD STORE DAY NO MIS

DATA 18.04
FEIRA DE DISCOS

HORÁRIO 12h às 20h

LOCAL área externa
ENTRADA Gratuita

A maioria dos expositores aceita cartão, mas é recomendado levar dinheiro, pois alguns não aceitam.

SHOWS 
HORÁRIO 
15h – Romulo Fróes 
17h – Bruno Souto

LOCAL Auditório MIS (172 lugares) 
ENTRADA Gratuita – retirada com uma hora de antecedência na recepção do museu
CLASSIFICAÇÃO LIVRE

Museu da Imagem e do Som – MIS
Avenida Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo | (11) 2117 4777 | www.mis-sp.org.br
Estacionamento conveniado: R$ 10. Acesso e elevador para cadeirantes. Ar condicionado.

Comédia musical ‘Urinal’ estreia em São Paulo




Espetáculo da Broadway sobre escassez de água não poderia ser mais atual

Por Walace Toledo
Fotos e Vídeos Alana Calbente
E se uma seca de duas décadas causasse uma terrível falta de água, fazendo com que toda a atividade sanitária da população fosse realizada em banheiros públicos, controlados por uma megacorporação ardilosa?
Por esse mote discorre a história de “Urinal, o musical”. A montagem original estreou em Nova York em 2001, “Urinetown”, de Greg Kotis e Mark Hollmann, foi vencedora de três prêmios Tony. Sua versão brasileira entrou em cartaz no Teatro Núcleo Experimental, em São Paulo, no último fim de semana. Dirigido por Zé Henrique de Paula, espetáculo reúne treze atores e cinco músicos no elenco.
A peça inicia com uma saudação de boas vindas do Policial (Daniel Costa), o narrador, assistido pela moradora de rua Garotinha (Luciana Ramanzini). De acordo com o que ambos relatam, a seca fez com que banheiros particulares se tornassem impensáveis. Para controlar o consumo de água, as pessoas devem pagar para usar essas dependências, administradas pela Companhia da Boa Urina (CBU), comandada pelo Patrãozinho (Roney Facchini). Há leis severas garantindo que o povo pague para fazer xixi, e se elas forem quebradas, o culpado é enviado para uma suposta colônia penal chamada Urinal, de onde os criminosos jamais retornam.


Diálogos entre o Policial e a Garotinha permeiam toda a trama, o tempo para e eles discutem tanto sobre a própria estrutura do musical, quanto os obstáculos enfrentados pelos personagens. A rotina do Bonitão (Caio Salay), funcionário da Conveniência Pública nº 9 é quebrada após a chegada da meiga Luz (Bruna Guerin), filha do Patrãozinho, à CBU. Amável e sempre orientando a todos que sigam o que o coração diz, a jovem conquista o Bonitão. Com o aumento da taxa de uso dos banheiros, ele segue o conselho da amada e dá início à revolução. 
  
(da esq. para dir.) Gabriel Malo (coreógrafo), Inês Aranha (preparadora de elenco), Fernanda Maia (diretora musical) e Zé Henrique (diretor) receberam a imprensa para coletiva na terça (31)
Há dez anos no papel, Zé Henrique e Fernanda decidiram colocar o musical em prática durante as últimas eleições, onde o assunto ‘crise hídrica’ veio à tona bem forte. “É como se a peça tivesse pedindo para ser montada (…) aliar crítica social, uma questão política muito séria, com uma forma teatral que é puro entretenimento. Urinal consegue fazer isso de uma maneira que nos interessou demais e muito instigante”, conta o diretor. Não foi preciso fazer nenhuma mudança na dramaturgia para aproximar da nossa realidade. A mera tradução da peça fez emergir o tema.
Embora seja um musical americano, quem em sua trajetória surgiu no circuito alternativo e depois foi levado à Broadway, ainda é considerado um espetáculo meio maldito, esquisito e marginal. Esse tratamento tem tudo a ver com a forma de construção, inspirado nos cabarés alemães do começo do século XX, de atmosfera sombria, pós-apocalíptica e distópica à la George Orwell e Aldous Huxley, de um encaminhamento da sociedade que deu errado.
Gabriel e Inês
Interessante apontar que os atores em cena não tinham experiência em musicais, assim como a preparadora Inês Aranha, acostumada com o teatro dramático. “Essa equipe que temos aqui são atores, não são bailarinos nem cantores. Eles sabem cantar e estão dançando. Meu trabalho foi fazer que os personagens cantassem e dançassem. Não tivemos grandes técnicas de ballet e dança, e sim entender que a partitura dançada é uma partitura de ações. A coreografia é uma extensão da própria atitude do personagem em necessidade de se expressar”, explica Inês, que elaborou os movimentos com o experiente Gabriel. Malo trouxe à equipe seu expertise de atuação em grandes musicais, como West Side Story e Hairspray, além de experiências no mercado internacional.
O espaço pequeno, o teatro possui plateia de 56 lugares, traz mais atenção às vozes do elenco. Segundo a diretora musical, o público está perdendo o hábito de ouvir vozes que não sejam tratadas por recursos tecnológicos, “a gente tá fazendo um musical quase acústico”. Esses elementos de crueza e autenticidade vocais combinam com aquilo que a peça propõe, que “é realmente revelar a qualidade do timbre de cada ator. Vocês ouvirão vozes mais metálicas, arranhadas, delicadas, e isso tem a ver com a identidade vocal individual, que está em consonância com aquele personagem”, completa Fernanda.
  
Nesta segunda cena, abertura do segundo ato, Luz foi sequestrada pelos rebeldes. Em seguida, o Bonitão chega ao esconderijo para acalmar os ânimos e não deixar que nada aconteça com sua amada.

A montagem do espetáculo pelo Núcleo Experimental põe em questão a atual infraestrutura do teatro musical no país. Ideia vinda da geração dos anos 2000, de Les Misérables, de que um musical da Broadway precisa de uma grande produção, com palco polivalente, orquestra gigante e cheio de recursos se mostra defasada. “Agora estamos num momento de maior conscientização, que ‘teatro é teatro’, ‘música é música’, e existem milhares de maneiras de fazer isso. Então, as pessoas estão mais interessadas, mesmo os jovens que pegaram essa geração de musical, a conhecer obras que não dependam de um cenário mudando magicamente, e simplesmente da história que tem a contar. É uma ótima fase, e eu acho Urinal um bom impulso; sim “podemos fazer um musical da Broadway de forma ‘alternativa’”, conclui Malo.
Características artesanais marcam a produção da montagem. Zé Henrique salienta que a grande maioria dos recursos materiais usados na peça (material de cenário, figurino e iluminação) foi reciclada de doações recebidas e acervo do grupo. O material recebeu tratamento adequado e foi customizado às necessidades da produção, gerando aproveitamento integral de recursos e mínima geração de resíduos durante sua execução.

Zé Henrique

Ainda integra o elenco Adriana Alencar, Bia Bologna, Fábio Redkowicz, Gerson Steves, Nábia Vilella, Paulo Marcos Brito, Thiago Carreira e Thiago Ledier. Além dos músicos Rafa Miranda (Piano), Clara Bastos e Pedro Macedo (Baixo), Rafael Heiss e Abner Paul (Bateria), Flávio Rubens (Clarinete e Saxofone) e Valdemar Santos Nevada e Evandro Bezerra (Trombone).
  
“Urinal, o musical” foi realizado pelo Núcleo Experimental com recursos provenientes do Prêmio Zé Renato de apoio à produção e desenvolvimento da atividade teatral para a cidade de São Paulo.

Com presença de familiares, amigos, outros atores de musicais: Tiago Abravanel (Tim Maia) e Fabiano Nascimento (Rita Lee Mora ao Lado), e público em geral a estreia foi um sucesso. Não se engane, não é por ser uma comédia musical que é uma história feliz, já diz o Policial no primeiro ato. Garotinha e a caricata dupla policial rendem boas risadas, assim como a adorável Luz. Um espetáculo que surpreende e deixa os espectadores no caminho para casa pensando em muitas questões sobre o modo de vida insustentável da sociedade atual.


SERVIÇO


Local: Teatro Núcleo Experimental – Rua Barra Funda, 637 – Barra Funda, São Paulo. Tel: 3259-0898. Capacidade 56 lugares.

Valores e Horários: R$ 40,00 (inteira) e R$20,00 (meia). Sextas, Sábados e Segundas, às 21h. Domingos, às 19h. Até 6 de julho de 2015. OBS: Entrada gratuita às sextas-feiras, com ingressos distribuídos na bilheteria do teatro uma hora antes do início da sessão.

Duração: 1h50 minutos (mais 15 minutos de intervalo).

Recomendação: 10 anos.