Deborah Secco, Lúcio Mauro Filho e Marcos Veras estrelam “Entrando Numa Roubada”. Road Movie de André Moraes passeia pelo humor negro aliado à aventura.
Por Walace Toledo

Traição e perturbações marcam as histórias dos personagens de “Entrando Numa Roubada”, primeiro longa-metragem de ficção do renomado produtor musical André Moraes, que além da direção, assume roteiro e trilha sonora. Produção da Urca Filmes em coprodução com a Paramount Pictures, Autorama Films e Mistika; e distribuição da Europa Filmes, já está em cartaz nos cinemas.
Dentro de uma linguagem experimental, Moraes cercou-se da esposa (Ana Carolina Machado), do irmão (Bruno Torres) e parceiros de longa como Lúcio Mauro Filho e Deborah Secco para rodar uma história mix de ação, aventura, thriller psicológico e uma pitada de humor. No elenco ainda estão João Guilherme, Júlio Andrade e Marcos Veras; com participações especiais de Tonico Pereira e de José Mojica Marins, o “Zé do Caixão”.
De cima para baixo: André Moraes, João Guilherme, Júlio Andrade e o trio Vivian Buff, Ana Carolina Machado e Deborah Secco na coletiva realizada dentro de um cinema, em São Paulo. (Fotos: André Araújo)
Segundo Moraes, “foi um roteiro que mudou muito, o primeiro é de 2007”, mas a essência do longa não foi alterada. No decorrer das gravações toda a equipe colaborou para o melhor resultado, “eu diria que todos foram produtores, diretores, montadores e atores; foi um filme realmente feito por uma equipe, que é o que a gente entende como se faz cinema”, afirma Leonardo Edde, produtor do longa e sócio-fundador da Urca Filmes.
A entrada de Júlio Andrade no elenco foi um divisor de águas, a carga dramática sobrepôs a interpretação mais humorística; “quando Julinho chegou meio que a gente reescreveu tudo, repensamos no roteiro, e aí junto foram os personagens”, explica Deborah.
Apesar dos anos de desenvolvimento, as gravações duraram cinco semanas seguidas, no final de 2013. Principal locação, Piracaia, cidade do interior de São Paulo, tinha a atmosfera perfeita para um filme de estrada com clima western. Produção e atores foram amparados pela polícia local para as cenas de perseguição e explosão.
Da esquerda para direita: Marcos Veras, Lúcio Mauro Filho e Bruno Torres posam para os fotógrafos durante coletiva de imprensa, em São Paulo. (Fotos: André Araújo)
6 AMIGOS.
1 TRAIDOR.
1 FILME.
1 VINGANÇA.
O sucesso batia na porta dos atores Eric (Júlio Andrade), Laura (Deborah Secco), Alex (Marcos Veras), Vítor (Bruno Torres), que também é roteirista, e do diretor Walter (Lúcio Mauro Filho), com o filme “Missão Explosiva”. Porém, todo o êxtase da pré-estreia e do reconhecimento do último trabalho dos amigos no cinema caem por terra após sofrerem uma grande traição, e que partiu de dentro do grupo. Anos depois, no “limbo da carreira”, cada um tenta levar a vida da maneira que pode: Laura e Walter fazem bicos como animadores de festa infantil, Eric vende muambas e Vítor trabalha numa loja de pneus; exceto Alex, que tornou-se um rico e inescrupuloso pastor evangélico.
A sorte parece encontrá-los de novo assim que Vítor ganha R$ 100 mil em um concurso de roteiros. Somente Eric sabe a verdade sobre a traição e não poupará esforços para vingar-se; mesmo que isso represente enganar novamente os amigos e ainda envolver quem não tinha nada com isso, como Letícia (Ana Carolina Machado). Eric convence o grupo a rodar um road movie através do duvidoso “método Polonês”, onde gravarão em única tomada assaltos à postos de gasolina e bancos. Como a decepção e o fracasso levam ao desespero e ao “tudo ou nada”, para recuperar a dignidade e o sucesso os outros amigos acabam nem questionando ao fundo o projeto. O resultado é uma roubada sem volta.
Moraes conta que o nome do personagem do Lúcio Mauro é em homenagem ao seu mestre Walter Lima Júnior, “só o nome (risos)”. Alucinado à base de remédios, Walter é a pessoa que mais sofreu no ostracismo, “um personagem que é engraçado, mas que a graça está na desgraça, muito mais que na piada. O interessante é que eu tirasse graça dessa situação dele tragicômica”, conta Lúcio.
Já Marcos Veras faz um pastor evangélico que não pensa em nada no bem dos seus fiéis, só está afim de arrancar o dinheiro deles. De tom autoritário, o personagem mau-caráter Alex também satiriza os religiosos cantores. Apesar de citar uma religião específica, o ator pontua que seu personagem poderia ser qualquer outro líder religioso, um dirigente de time de futebol ou um político, alguém que direcione o grande poder que tem em mãos somente para o mal.

TRILHA INTERNACIONAL
Na pegada rock’n’roll, violência e destruição, à la Tarantino tupiniquim, André põe toda sua bagagem profissional à disposição da produção cinematográfica. Um filme de cenas rápidas, como um videoclipe, pedia uma trilha sonora puxada para o metal. Há uma referência forte ao Iron Maiden, mas infelizmente não puderam usar músicas da banda. Entretanto, no CD há um regravação da canção “Hallowed Be Thy Name” para saciar essa vontade.
Para um segundo olhar sobre a soundtrack, André chamou – direto de Hollywood – a premiada produtora de trilhas para filmes, Vivian Buff (“Capitão América” e “G.I.Joe: Retaliação”). A gravação foi realizada nos estúdios da Sunset Sound, nos Estados Unidos, e contou com a participação de grandes nomes, como o baterista americano Omar Hakim, que já trabalhou com Sting, Madonna, David Bowie, entre outros. A trilha sonora com 16 faixas está disponível em todas as plataformas digitais.