Da Bahia para o mundo: conheça a trajetória do humorista Luiz França




Por Brisa Albuquerque

Ele tem França no sobrenome, Bahia no sangue e Japão no coração. Luiz França, ator e comediante nascido na cidade de Senhor do Bonfim, interior baiano, não pára. No Brasil coleciona parcerias de sucesso com o stand up 3Tosterona, há 18 nos em cartaz, ao lado de Robson Nunes. E, desde 2008, organiza “caravas” com outros humoristas brasileiros rumo ao Oriente. 


Foto: Divulgação
O jeito simples e carismático de falar revela um artista sensível às causas sociais do país e uma personalidade colaborativa que ajuda os amigos de profissão a levarem a alegria para os palcos mundo afora. Confira a entrevista exclusiva:
De onde vem esse sotaque? Os nordestinos têm tradição no humor, com grandes talentos como Chico Anisio, Tom Cavalcante, Renato Aragão…

Eu sou uma mistura, sou um baiano, criado no Rio que vive em São Paulo. Tenho cabeça de nordestino, não tem por onde escapar.

Em 2018, o stand up 3Tosterona completa a maioridade. Como surgiu esse espetáculo?

O projeto do 3Tosterona começou entre três comediantes: eu , Robson Nunes e  Roni Castro em 2000. Mas o Roni saiu e entrou o Diogo Portugal. O Diogo Portugal saiu e entrou o Danilo Gentili. O Danilo Gentili também saiu. Decidimos então ficarmos nós dois e o terceiro elemento sempre ser um convidado.  Os textos são individuais ou em conjunto. Não sentamos para escrever, eu e o Robson começamos o show e o texto vai surgindo. Improvisamos o tempo todo.

Hoje você é dono do Beverly Hills, em Moema, uma casa que entrou para a história do humor brasileiro…

O Beverly Hills foi o primeiro comedy club do Brasil onde eu e Robson Nunes fizemos nossa primeiras apresentações. O Clube da Comédia também começou nesse bar com o Rafinha Bastos, Marcela Leal, Marcelo Mansfield.  Esse ano queremos que a casa funcione de terça a domingo, com shows durante a semana toda.


Luiz França e Robson Nunes | Foto: Nando Jr.
Você testemunhou os primeiros passos de Danilo Gentili. Como foi o início da carreira dele?

Posso dizer que fui uma espécie de “padrinho” do Danilo Gentili. No início dos anos 2000, estávamos com um show no Beverly Hills e o Danilo pediu uma oportunidade, queria ‘dar uma canja’. A gente não quis dar muita abertura porque não conhecia  o trabalho dele. Não era essa loucura que é hoje em que as pessoas têm coragem de falar. Demos uns cinco minutos pra ele se apresentar e ele foi muito bem. O público adorou. Na semana seguinte pedimos para o Danilo voltar e sentou na cadeira, com um texto novo, e mandou muito bem. 

Como podemos rir em meio a tantos acontecimentos tristes no nosso país?

O mercado de comédia no Brasil está muito aquecido porque o brasileiro está cheio de problemas e rir é a melhor válvula de escape, melhor que brigar pelas ruas. A grande sacada do ser humano é brincar com o que não é favorável. Os políticos se acham ‘costas quentes’, qualquer bobagem que fazem até mesmo no trânsito já falam: ‘sabe quem eu sou?’ Essa mentalidade está impregnada na cabeça deles, se acham os intocáveis. Vai levar um tempo para colocar toda essa turma na cadeia e o Brasil viver uma sociedade melhor. Todo mundo trabalha muito e vê os caras roubando pra caramba, ficamos indignados.

A corrupção é uma matéria-prima para seu trabalho? Dizem que o Brasil é o país da piada pronta.

Engraçado sua pergunta porque todas as sextas-feiras tenho um show no Teatro Renaissence, em São Paulo, e preciso fazer humor com temas da semana. E sempre caía em assuntos de política. Dois meses seguidos falando desses caras de Brasília e decidi criar piadas de outros assuntos porque está todo mundo angustiado, querendo ver o Lula, o Temer presos. Deve ter político bom por aí mas os que estão no comando são os piores, são bandidos que merecem ir pra cadeia. Quero fazer piada desses caras quando estiverem atrás das grades. Vai ser uma lavagem da alma.

E você também lava a alma quando está nos palcos? O humor é uma terapia pra você?

Eu viajo muito e tem dias que fico exausto a ponto de mal conseguir ficar em pé. Mas tenho que fazer o show, é meu trabalho. Eu me apresento e no final do stand up vem uma energia inexplicável que nem parece que estava cansado, a gripe some….

Brisa Albuquerque e Luiz França | Foto: Nando Jr.

Como estão as turnês pelo Japão?

Desde 2008 já levei quase quarenta comediantes para o Japão entre Paulinho Serra, Nany People, Fabio Porchat, Mauricio Meirelles, Fábio Rabin, Léo Lins, Leandro Hassum, entre outros. Eu sou o primeiro comediante brasileiro a se apresentar no Japão. Os brazucas acompanham tudo pela internet e muitos brasileiros nunca mais regressaram para o nosso país. Esse projeto aproximou muito esse público com os humoristas do Brasil.


Robson Nunes, Luiz França, Paulinho Serra e Bento Ribeiro | Foto: Nando Jr.

Como será o lançamento do “Pela Madrugada”, seu primeiro DVD solo?

Em 2017, decidi finalmente gravar meu primeiro DVD solo. É um show de stand up de uma hora e quinze minutos com participação do Danilo Gentili na abertura. No DVD eu falo sobre minha trajetória até minha primeira viagem para o Japão. O lançamento será dia 17 de março com dois shows em Tóquio e Gunma. Depois viajo para a região de Nagoya. A transmissão do lançamento no Japão será ao vivo pelas redes sociais de Luiz França. É só segui-lo em @lfranca. 

O show 3Tosterona está em cartaz todas as quintas-feiras, no Bar Jack&Joe´s, em São José dos Campos. O valor do ingresso é R$30,00, reservas pelo número 12 3203-4004.

Entrevista Projeto #Elenco60: Rodrigo Serphan




Conheça um pouco mais do elenco do musical 60!, Década de Arromba – Doc. Musical, através de entrevistas semanais. Esta semana, saiba mais sobre o ator Rodrigo Serphan

Por Leina Mara

Foto: Divulgação/60! Doc. Musical
Após uma temporada de sucesso no Rio de Janeiro, em 2016, “60! Década de Arromba – Doc.Musical” repete o feito também em São Paulo, com temporada prorrogada no Theatro Net São Paulo.
Estrelado pela representante maior da Jovem Guarda, a cantora Wanderléa, o espetáculo é dirigido por Frederico Reder, com roteiro e pesquisa de Marcos Nauer.
“60! Década de Arromba – Doc. Musical” utiliza ferramentas de documentário (fotos, vídeos e depoimentos reais), somadas a cenas, textos e canções apresentadas ao vivo por 24 atores/cantores /bailarinos para contar a história da década de 1960.
No intuito de apresentar ao público um pouco mais sobre o elenco, divulgaremos um especial semanal de entrevistas com os atores. Esta semana o entrevistado é o ator Rodrigo Serphan
Foto: Divulgação
Rodrigo Serphan, ator formado pela CAL e autor do livro “Maria no Mundo da Música”. Compôs elencos de estudos nos espetáculos acadêmicos “Quase Normal” (CEFTEM) e “Into the Woods”(TERG). Participou de peças da CESGRANRIO e na casa Julieta de Serpa sendo o “60! Década de Arromba – Doc. musical” seu primeiro espetáculo no segmento profissional musical de porte grande. 
AC: Conte-nos um pouco sobre sua carreira e trajetória no teatro musical. Como começou?
RS: Venho dos espetáculos acadêmicos. Participei de uma montagem musical na CAL, com o grande professor Paulo Afonso de Lima sobre o “poetinha” Vinicius de Moraes, da montagem “Quase Normal” do CEFTEM e de “Into The Woods” do TERG. Institutos de ensino que me colocou de frente com pessoas da área, mas foi uma audição para a New York Film Academy que me trouxe um grande momento na vida. Alessandra Maestrini fazia parte da banca, me assistiu e deu um feedback sobre a carreira e sobre o dom , que culminou em um convite para um pocket show que ela realizaria naquele ano.
AC: Que artistas te inspiraram a seguir a carreira de ator ? Existe algum papel que ainda almeja interpretar? 
RS: Ouço Barbra Streisand desde sempre, tenho ela como exemplo de profissional e artista. Alessandra Maestrini, que me olhou nos olhos e disse que tudo é possível e que o trabalho é árduo. Não almejo um personagem de forma específica, apenas trabalhar com essa área que tanto amo.
Em cena do espetáculo Into The Woods – foto: Dias Castro
AC: Como foi seu processo de preparação para 60! Década de Arromba – doc. Musical? 
RS: Li tudo que encontrei sobre os movimentos sociais e artísticos da década. Estar ao lado de artistas que eu já admirava foi chocante. Meu primeiro musical fazendo parte de um elenco tão talentoso e especial. 
AC:Qual sua parte favorita no musical? Por quê? 
RS: Meu momento preferido é “Súplica Cearense”. Meus pais são cearenses e é uma canção que diz, de forma tão profunda, o que é o chão vermelho e rachado do nordeste tão presente nos contos de Rachel de Queiroz e que me emocionam.
   Em seu solo no 60! cantando Non, Je Ne Regrette Rien de Edith Piaf – foto: Divulgação
AC: Qual a sensação de trabalhar ao lado de Wanderléa? 
RS: Ela é uma ternurinha, mesmo. Foi muito especial o processo com ela e eu sou muito grato ao Frederico e ao Marcos por uma ideia tão genial em montar este espetáculo com a grande rainha da década.
     Com Wanderléa, no camarim com o seu Livro “Maria no Mundo da Música.” – Divulgação
AC: Quais são os planos para o futuro? 
RS: Ser artista é uma tarefa árdua. Metade do que fazemos é visto “atravessado” até mesmo por colegas de trabalho, mas o que se deixa nos palcos vira história. Quero fazer mais espetáculos, usar com sabedoria o exercício da palavra em cena e poder trabalhar com gente tão querida como as que me cercam agora. “Dentre as coisas maravilhosas que o “60!” me proporcionou, uma delas foi o lançamento do meu primeiro livro que escrevi aos 19 anos e que somente agora, aos 26, pude mostrar para as pessoas. É um conto de três crianças que não se dão bem e que se perdem no “Mundo da Música”. Passeando de Ptolomeu e Pitágoras até o impressionismo, eles aprendem a lidar com as diferenças e a acrescentar o conhecimento sobre a música que tanta mudança fez para o mundo.” Maria no Mundo da Música” lançado pela editora Giostri.
Foto: Caio Gallucci

Entrevista Projeto #Elenco60: Bel Lima




Conheça um pouco mais do elenco do musical 60!, Década de Arromba – Doc. Musical, através de entrevistas semanais. Para começar, saiba mais sobre a atriz Bel Lima

Por Leina Mara

Divulgação/60! Doc. Musical
Após uma temporada de sucesso no Rio de Janeiro, em 2016, “60! Década de Arromba – Doc.Musical” repete o feito também em São Paulo, com temporada prorrogada no Theatro Net São Paulo.
Estrelado pela representante maior da Jovem Guarda, a cantora Wanderléa, o espetáculo é dirigido por Frederico Reder, com roteiro e pesquisa de Marcos Nauer
“60! Década de Arromba – Doc. Musical” utiliza ferramentas de documentário (fotos, vídeos e depoimentos reais), somadas a cenas, textos e canções apresentadas ao vivo por 24 atores/cantores /bailarinos para contar a história da década de 1960.
No intuito de apresentar ao público um pouco mais sobre o elenco, divulgaremos um especial semanal de entrevistas com os atores. E para iniciarmos o especial, entrevistamos a  atriz Bel Lima
Foto: Divulgação
Bel Lima, atriz e cantora de 22 anos, formada em artes cênicas pela CAL. Participou das montagens acadêmicas, “Sweeney Todd”, “A Festa Selvagem” na CAL, “Vem Buscar-Me Que Ainda Sou Teu” e “Matilda” no Ceftem. Em 2017, participou do evento beneficente “Tudo Ao Contrário 2”. Iniciou sua carreira profissional em 2016 com “60! Doc Musical”, atualmente em cartaz no Theatro NET em SP. Confira a entrevista exclusiva!
AC: Conte-nos um pouco sobre sua carreira e trajetória no teatro musical?
Bel: Eu sou do mundo das práticas de montagem e fiz algumas no Ceftem e na CAL. Acho que são grandes bases de estudo para o mercado de trabalho.
AC: Que artistas te inspiraram a seguir a carreira de atriz/ator ? Existe algum papel que ainda almeja interpretar? 
Bel: Desde pequena já era fã da Barbra Streisand e da Patti Lupone. Sempre admirei a presença e o carisma delas no palco. 
Foto/ Divulgação – espetáculo “Sweeney Todd” da CAL
AC: Como foi o processo de preparo para 60! Década de Arromba – doc. Musical? 
Bel: Foi incrível. É meu primeiro trabalho profissional e tive muita sorte de poder trabalhar com profissionais na equipe criativa que sempre admirei. O elenco é indescritível. Todos amigos e parceiros que sempre torcem pelo outro. Não poderia ter tido elenco melhor pra compartilhar esses momentos. 
AC: Qual sua parte favorita no musical? Por quê? 
Bel: Acho que a sequência do Filme Triste/Splish Splash porque tem uma narrativa, o cenário é lindo e os meninos arrasam. Ou talvez o Twist inteiro pela grandiosidade do número. São tantos! 
Bel em seu solo da cena de abertura de 60! Doc Musical – Foto: Caio Gallucci

AC: Qual a sensação de trabalhar ao lado da nossa eterna Ternurinha? 
Bel: Ela é muito maravilhosa! Tá sempre sorrindo, fala com todo mundo e brinca com a gente na coxia. Ela é uma verdadeira estrela no palco e na vida. 
AC: Quais os planos para o futuro? 
Bel: Seria a pessoa mais feliz do mundo se eu pudesse viver de musicais a minha vida inteira!

Cantor americano Khalil, amigo de Justin Bieber, concede entrevista exclusiva




Por Redação

No último sábado dia 1 de abril, o cantor americano Khalil, participou da turnê de Justin Bieber no Brasil, fez um show particular apenas para amigos e convidados em uma casa noturna de são Paulo.

O programa “Em Busca de um Milionário”, exibido pela Record News, teve exclusividade para fazer a cobertura do evento na íntegra com a repórter Tamara Rossetti e o apresentador Alan Lucci, e que será exibido na próxima sexta às 00:30hs.

Reprodução / Internet

No evento que contou com a presença de artistas e celebridades brasileiras, o rapper Khalil deu uma entrevista exclusiva ao programa e contou tudo sobre sua passagem no Brasil num papo super descontraído e humorado.

Khalil Sharief, conhecido pelo primeiro nome Khalil é um cantor e dançarino estadunidense de R&B contemporâneo e Hip hop. Khalil que é super conhecido fora do Brasil, acaba de lança uma música com Justin Bieber onde teve seu sucesso consolidado.

Serviço – Em Busca de um Milionário
Data: 07 de abril (De sexta para sábado)
Horáio: 0h30
Record News

MEU REI: Entrevista exclusiva com EMMANUELLE BERCOT




Premiada como melhor atriz no Festival de Cannes por “Meu Rei”, Emmanuelle Bercot conversou com o Acesso Cultural sobre as filmagens do longa, como foi ganhar o prêmio de Cannes e muito mais. Confira a entrevista na íntegra!

Foto: Divulgação

Você sabia que Maïwenn a tinha em mente para interpretar Tony desde o momento em que terminou de filmar POLISSIA?

Ela nunca tocou no assunto nos dois anos que se seguiram ao lançamento do filme. Então, um dia, ela apareceu com uma parte do roteiro – a parte que se passa no centro de fisioterapia – e me disse que queria que eu fizesse a protagonista do filme dela. Eu fiquei chocada.

Qual foi a sua reação inicial?

Foi ao mesmo tempo empolgante – a perspectiva de fazer um filme com Maïwenn é sempre estimulante para um ator – e irreal. Mas eu só fui mesmo entender a dimensão do que ela estava me pedindo quando ela me deu a versão final do roteiro.

Houve algum momento em que você pensou em recusar?

Sim. Por um bom tempo achei que não deveria ser eu a interpretar Tony e eu disse isso para Maïwenn. Eu dei mil bons motivos para ela: “Você precisa de uma mulher mais bonita, com coxas mais finas etc”. E então ela veio com uma frase para a qual não havia resposta: “Pare de julgar as minhas decisões. Você está falando comigo como uma diretora. O filme é meu, a visão é minha”. Isso bastou para mim. Ela já tinha me dirigido em POLISSIA, eu sabia o quanto ela adora atores. Eu sabia que ela não ia me deixar sozinha, sabia que não ia me abandonar, que ia me dar apoio.

Antes de se tornar diretora, você quis ser atriz e atuou em filmes regularmente. Esse papel principal em MEU REI foi uma espécie de vingança dos seus primeiros anos?

Eu adoro atuar. Eu atuo de tempos em tempos quando me oferecem papéis, mas desde que comecei a dirigir, atuar ficou em segundo plano. Eu não tenho nenhuma frustração quanto a isso, nem feridas a curar. A Tony de MEU REI foi um grande presente de Maïwenn e uma das surpresas da vida, mas de forma alguma uma vingança.

O filme exigiu muita preparação?

Maïwenn queria que eu estivesse em boa forma física. Eu trabalhei muito nisso junto com um instrutor, fazendo muita ginástica com pesos e exercícios de musculação que me ajudaram a ganhar uma boa percepção do meu corpo. Foi importante para a personagem, especialmente nas cenas no centro de educação física, e foi de grande ajuda para mim durante as filmagens. Maïwenn tem um estilo de direção que às vezes faz você se sentir drenado. É como um desafio esportivo: você tem que se esforçar para ultrapassar seus limites. Graças ao treinamento, eu estava mentalmente pronta. Maïwenn também me pediu para passar um tempo trabalhando com uma advogada e me deu dois livros para ler – “Full of Life”, de John Fante, e “O Movimento Romântico”, de Alain de Botton. Sem entender bem a ligação, eu tentei perceber o que chamou a atenção dela e o que ela queria que eu absorvesse para o papel. Sem dúvida que, inconscientemente, eu tirei elementos desses dois trabalhos para alimentar minha performance. Quando ela o escolhe para um papel, Maïwenn também está escolhendo a pessoa que você é. Para me preparar para Tony, também pensei muito neles como casal e mergulhei em algumas memórias da minha própria vida. Foi uma tarefa solitária que consistiu em escavar algumas emoções, certos estados mentais, para extrair material visceral que eu pudesse usar para ser o mais autêntica possível dentro da performance.

Isild Le Basco, que interpreta sua cunhada, trabalhou com você no seu início como diretora. Você a conhece, e já trabalhou com Maïwenn como corroteirista em POLISSIA. Parece que você tem quase uma relação familiar com elas.

Sim, são vínculos muito tangíveis, quase como os de uma família. Eu as conheço há muito tempo e havia algo de muito comovente nessa dinâmica que nos uniu através do filme.

Você diria que Tony é uma vítima?

De jeito nenhum. Nunca há vítima e algoz num casal! Tony tem que suportar muito, mas nunca desiste. Ela luta por seu ideal, que é começar uma família e viver com o pai do seu filho. Eu a vejo como uma guerreira. Mas o vício dela naquele homem impede que veja que a relação é impossível. Ela está se destruindo, mas continua. Ela não consegue controlar.

Fale sobre as filmagens. Você sentiu muita pressão?

Eu estava muito focada e só pensava no filme. A pressão vinha de manhã, quando chegava no set. Enquanto dirigia minha scooter, repetia para mim mesma: “Ela a escolheu, você está onde tem que estar, confie nela, você só tem que dar a ela tudo o que tem”. Quando eu chegava lá, não havia tempo para medo ou análises, eu estava trabalhando, no presente.

Foto: Divulgação

Você discutiu suas cenas com Vincent Cassel?

Nós conversávamos muito sobre como víamos o casal e sobre as relações entre homens e mulheres, mas nunca na tentativa de concordar em como deveríamos interpretar.

Quais cenas você achou mais desafiadoras?

As cenas envolvendo felicidade são sempre traiçoeiras. Você sempre se preocupa se está sendo cliché demais, ou se está exagerando, sendo muito bobo ou romântico. Algumas das cenas de crise também foram difíceis.

Você começou filmando as cenas no centro de fisioterapia, onde Tony revive sua relação com Georgio nos últimos 10 anos.

E foi mais louco ainda porque eu não sabia tudo o que íamos filmar que envolvesse a relação deles ou até onde eu iria. Mas eu sabia bem como representar o sofrimento. Nessa parte, a atuação foi muito física, e eu acho isso fascinante, porque é orgânico. Durante o período de resiliência em que ela está curando suas feridas emocionais ao curar sua perna, Tony faz amizade com um grupo de jovens. Você sente que, apesar de ela ser mais velha do que eles, ainda tem algo da sua alma adolescente dentro de si. Eles a trazem de volta à vida. Graças a eles, ela recupera o gosto pelas coisas simples da vida, como sorrir, sair para caminhar, prazeres infantis até. Estou convencida de que são as crianças quem nos salvam, é isso o que o filme quer nos dizer de uma certa forma. É um renascimento através da energia da juventude, a cura através da descoberta de relações diretas e puras, sem agressões e mentiras, sem nenhum tipo de disputa de poder.

Como foi ganhar o prêmio de Melhor Atriz em Cannes?

Foi incrível. Foi o reconhecimento do trabalho (a personagem de Maïwenn e Etienne Comar, a direção de Maïwenn e a performance indissoluvelmente ligada a Vincent) por pessoas por quem, em sua maioria, tenho uma grande admiração. Depois eu sempre coloco os prêmios em perspectiva – eu nunca teria ganhado o prêmio se o júri fosse outro.

O filme da diretora e roteirista Maïwenn (Polissia), estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, dia 22 de setembro. Imperdível!

ENTREVISTA: De Cara com…Bruno Narchi!




Por Andréia Bueno

Em cartaz com as peças “Vanya e Sonia e Masha e Spike” no Rio de Janeiro e com o projeto independente “Os Estranhos Que Nos Habitam” em São Paulo, Bruno Narchi é o entrevistado da semana no quadro ‘De Cara com…’.

Foto: Rodrigo Bueno

Bruno, que atuou em musicais de sucesso como “Mamma Mia”, “Fame”, “Rock In Rio” e “Cazuza – Pro Dia Nascer Feliz”, conversou com a equipe do Acesso Cultural. Dentre diversos assuntos, contou fatos curiosos sobre sua carreira, composição de personagens e falou especialmente sobre o projeto independente “Os Estranhos Que Nos Habitam” realizado em parceria com os amigos Diego Antunes e Carina Gregório.

Com texto de Wagner D’Avilla e inspirado no “Estudo Comportamental da Obediência “ do psicólogo Stanley Milgram, “Os Estranhos Que Nos Habitam” aborda o universo das pessoas com transtornos de personalidade e faz um mergulho no universo dos psicopatas. A peça está em cartaz até o dia 30 de setembro no Teatro Top.

Ficou curioso para saber mais sobre a vida deste jovem e talentoso ator/cantor? Aperte o play e confira!