No dia 10 de dezembro acontecerá no Cinemark do shopping Eldorado o lançamento para convidados do curta-metragem “Escolhidos” do diretor Pablo Diego Garcia, protagonizado pelos atores e influenciadores digitais Thiago Pessoa e Paulo Tardivo. Após a sessão terá um bate-papo com o elenco e direção.
“Escolhidos”, explora as nuances das relações humanas e as contradições da fé sem nunca entregar o óbvio. Em um bairro aparentemente comum, uma família lida com questões universais que questionam o que realmente significa ser escolhido. O filme convida o espectador a refletir sobre empatia, espiritualidade e os silêncios que falam mais alto que as palavras.
O roteiro do curta, é do ator Tiago Pessoa que convidou o diretor Pablo Diego Garcia para o projeto. Conversamos com Pablo Diego referente ao convite para o projeto e muito mais. Confira com exclusividade:
Acesso Cultural | Rodrigo Bueno: Como foi receber o convite para dirigir esse curta?
Pablo Diego Garcia: Receber esse convite foi um momento muito especial, porque eu estava procurando uma história pra contar. Eu queria fazer o meu primeiro filme, mas queria uma história potente. Quando recebi o argumento do Tiago. Senti que era aquela. Senti que essa história tinha algo que precisava ser libertara, mas de uma maneira única. Não foi apenas sobre dirigir o meu primeiro filme; foi sobre criar uma experiência sensorial, onde o som, o silêncio e as sensações se tornam ferramentas narrativas. Para mim, foi um momento de unir minha trajetória no teatro e no audiovisual em um novo espaço, explorando o cinema como uma linguagem ainda mais poderosa.
AC | RB: O filme fala de escolhas, fé, empatia. Como foi trabalhar esses assuntos e a importância deles?
PD: Esses temas são universais, mas trabalhá-los dentro de uma narrativa sensorial foi um desafio fascinante. Meu objetivo era criar um espaço onde o espectador pudesse sentir, mais do que apenas assistir. Fé, empatia e escolhas não são conceitos simples — eles carregam contradições e questionamentos, e eu quis que isso transparecesse na atmosfera do filme. E uma coisa importante. Tínhamos crianças em cena. E Dirigir crianças dentro dessa história foi uma experiência delicada e reveladora. Elas trazem uma verdade tão pura que desafia você a olhar para a história com novos olhos. Foi um equilíbrio entre respeitar a sensibilidade delas e permitir que elas se conectassem à intensidade da narrativa. Fé, empatia e escolhas estão no centro de tantas histórias pessoais e coletivas, e trazer isso para a tela foi um exercício de equilíbrio — algo que conduz a reflexão sem impor. Eu queria um filme que respeitasse a inteligência emocional de quem assiste.
AC | RB: A equipe do curta é formada na maioria por pessoas LGBT. Qual a importância dessa conquista?
PD: Ter uma equipe majoritariamente LGBT é uma reafirmação do nosso lugar no cinema e da nossa capacidade de criar com autenticidade. Essa conquista vai além da representatividade; é sobre trazer olhares e sensibilidades únicas para histórias que precisam ser contadas. Trabalhar com pessoas que compartilham perspectivas semelhantes, mas ao mesmo tempo são tão diversas, enriquece o processo criativo. Esse projeto foi uma prova de que, juntos, podemos construir algo que impacta tanto pelo que se vê quanto pelo que se sente.
Na vida real, os atores Tiago Pessoa e Paulo Tardivo, são casados e pais da Sara e do Davi, que também estão no elenco de “Escolhidos”. “O filme veio de uma necessidade em reafirmar que a nossa formação familiar é igual a qualquer outra e que nenhum preconceito, ignorância ou intolerância vinda da religião, vai no marginalizar. Nossa pretensão é participar de festivais pelo mundo. Nosso desejo é que essa história seja vista pelo maior número de pessoas possíveis. E que mais uma vez o amor transforme”, conta o ator Tiago Pessoa.
Segundo dados da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-BR), 50.838 crianças foram registradas por casais homoafetivos no Brasil de 2021 e 2023. Esse é o caso dos atores Tiago e Paulo que em 2018 adotaram os seus filhos. “Embora o título seja “Escolhidos” o curta veio para retratar a exclusão que a sociedade, com sua crença limitante, exerce à nossa família”, afirma Paulo tardivo.
Todas essas questãos envolvendo família fizeram o diretor Pablo Diego Garcia de encantar pela roteiro. “Contar essa história tão sensível me fez trazer o som como personagem. O som não é pano de fundo; ele pulsa, invade e incomoda, traduzindo tensões que as palavras não alcançam. Eu queria criar uma experiência sensorial que provoca e convida o público a refletir sobre suas próprias contradições. Essa história não traz respostas fáceis, mas levanta questões que permanecem. Quero que o público saia do cinema pensando, sentindo e carregando algo que vai além do filme”, diz Pablo.
Esse trabalho celebra a amizade e a conexão profunda entre os criadores, destacando o valor de uma equipe majoritariamente LGBT. A estreia de “Escolhidos” nos cinemas da rede Cinemark é um marco que celebra a força do cinema brasileiro e da representatividade. O filme é um testemunho do poder da amizade, da criatividade e da colaboração artística.