Está em cartaz desde o dia 4 de fevereiro no Oi Futuro, a exposição OLAMAPÁ com trabalhos de Katie Van Scherpenberg, sob a curadoria de Gabriel Perez-Barreiro. A artista vai exibir os vídeos Menarca e Landscape painting, a série de fotografias Esperando papai e a instalação Síntese. As obras referem-se à pesquisas pictóricas, sentimentos e a história dos 20 anos em que viveu na floresta amazônica com seu pai.
A obra de Katie van Scherpenberg é fundamental para poder entender o desenvolvimento da arte brasileira desde a década de 1980 até hoje. Com forte fundamento na pintura, seu trabalho transita por diversas linguagens como instalação, vídeo, arte ambiental e fotografia. A exposição OLAMAPÁ resgata um conjunto de trabalhos realizados sobre a região do Amapá (Amazonas), onde passou a maior parte da infância e retornou por alguns anos quando adulta. Nas obras mostradas articulam-se uma série de questões sobre a vida, o tempo, a matéria e a arte que fazem de sua obra referência chave na arte contemporânea.
Artista Plástica e professora, Van Scherpenberg iniciou seus trabalhos experimentais de intervenção na paisagem na década de 1980, utilizando-se de praia, rios, jardins e florestas como suporte para suas pinturas. “Tudo o que faço é pintura. Os trabalhos não são feitos no sentido happening ou uma instalação Em cada intervenção examino aspectos, técnicas e problemas estéticos da pintura: o preto e branco em Síntese, a questão da luz em Esperando Papai, a aquarela em Menarca (pigmento se dissolvendo na água). No vídeo Landscape painting, fiz intervenções na própria natureza lembrando as expedições artísticas e cientificas do século XIX. A pintura é a técnica que eu uso para pensar e sentir. Uma busca constante de crescimento, alastramento, densidade, absorção e profundidade. Eu nunca sei exatamente o que vai acontecer, o conceito e a poesia vem depois. Quando comecei estas obras, nunca pensei em mostrá-las. Eram ensaios que eu realizava para mim. Depois, quando associei os estudos com minhas pinturas é que decidi expô-las”, declara a artista.
Para o curador da mostra, Gabriel Perez-Barreiro, também curador da edição 2018 da Bienal Internacional de São Paulo, “a obra de Katie nos ensina ou nos faz lembrar que a arte e a vida não são categorias distintas – a arte não é uma reflexão sobre a vida, mas uma parte inseparável dela, feita da mesma materialidade e dos mesmos rumos. Olhar um trabalho de Katie van Scherpenberg é entregar-se a uma experiência de pathos no seu sentido mais exato, gerando uma resposta emocional por meio de um sentimento de rendição. Um trabalho que registra um processo implacável de decadência inevitável que nos faz conscientes da nossa própria mortalidade, um fato, aliás, da mais profunda indiferença para o mundo que nos cerca.”
Obras | Intervenções | Ensaios visuais
Menarca | 2000-2017
A artista utiliza-se de pigmento vermelho para “pintar” a água, fazendo referência à menarca, primeiro fluxo menstrual feminino. Usando a água como tela a artista deixa uma marca passageira na natureza que se encarrega de dissolve-la. Trabalho realizado na praia de Boa Viagem em Niterói.
Esperando por papai | 2004
Sequência de fotos realizadas no Rio Negro, Amazonas. A personagem está sentada ao lado de uma mesa, num final de tarde com a água pela cintura. Sobre a mesa, também parcialmente encoberta pela água, um lampião aceso. As imagens captam o pôr do sol e a substituição da luz natural pela iluminação de uma lamparina, enquanto se aguarda…
Síntese | 2004-2019
Remontagem do trabalho realizado em uma pequena praia ribeirinha do Rio Negro, Amazonas. Quadrados de sal grosso dispostos à margem do rio são dissolvidos aos poucos pelas águas. Gradativamente ficam cobertos de gravetos de carvão, arrastados pelas águas, vindos das árvores destruídas pelas queimadas. O sal muito branco em contraste com a areia negra da praia amazônica e a fuligem oriunda da floresta.
Landscape painting | 2004
Registro da artista pintando folhas de árvores da floresta Amazônica às margens do Rio Negro, fazendo da paisagem sua tela e a própria obra.
Serviço
Exposição Olamapá
Local: Centro Cultural Oi Futuro – Galeria 2
Endereço: Rua Dois de Dezembro, 63 – Flamengo
Telefone: (21) 3131-3050
Abertura: 4 de fevereiro de 2019, segunda-feira, às 19h
Visitação: de 5 de fevereiro a 31 de março de 2019
Horário: de terça-feira a domingo, das 11h às 22h
Classificação indicativa: Livre para todos os públicos
Entrada Franca