Jornalista Cristina Serra lança livro “Entrevista”

Jornalista Cristina Serra lança livro "Entrevista"

Créditos: Divulgação


Entrevista” (Kotter Editorial) é o novo livro da jornalista e escritora Cristina Serra nos apresenta 12 entrevistas com romancistas e poetas brasileiros, feitas nos anos 1980, quando trabalhou para o periódico LEIA, especializado em literatura e mercado editorial.

Com textos de introdução a cada uma das entrevistas, onde a autora reconstitui como as conseguiu, como foi a receptividade dos autores à jovem repórter em começo de carreira, as impressões que absorveu em cada encontro e que ficaram registradas em anotações guardadas até hoje no arquivo da jornalista.

As edições originais foram resgatadas no acervo da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM-USP), parceira do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB-USP), que guarda a coleção completa do LEIA.

Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade, Ferreira Gullar, João Cabral de Melo Neto e Mário Quintana são alguns dos brasileiros entrevistados, além da chilena Isabel Allende.

Cristina conseguiu extrair dos entrevistados reflexões profundas sobre seus processos criativos e método de trabalho, sobre a literatura e o Brasil. Algumas entrevistas são marcadamente confessionais.

Carlos Drummond fala de sua poesia: “São meus problemas, meus dramas, os meus sequestros, os meus complexos, a minha dificuldade de adaptação à vida, todo esse sofrimento.

Mário Quintana afirma que “poesia não deixa de ser uma forma de falar sozinho”.

Gullar diz que “poesia só tem um sentido: mudar as coisas”.

Jorge Amado conta que escrevia todos os dias até às 10h da manhã porque depois desse horário começava a “emburrecer”.

Segundo o professor Jaime Oliva, do IEB-USP, a entrevista já é considerada um gênero literário por vários estudiosos de literatura e, a seu ver, o livro “Entrevista” confirma esse entendimento. “Cristina faz poetas e romancistas exporem com clareza as entranhas da criação literária compondo um panorama dessa prática artística de uma geração bem relevante”.

A autora lamenta apenas ter perdido as fitas com as gravações originais das entrevistas, que ela pretendia tornar acessíveis em plataforma digital para os leitores. A umidade, porém, impossibilitou que o áudio fosse recuperado.

Cristina Serra estreou na literatura com o livro “Tragédia em Mariana – A história do maior desastre ambiental do Brasil”. A obra é uma investigação sobre o desastre provocado pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em novembro de 2015.

Obras inéditas de Ferreira Gullar são apresentadas em exposição na Dan Galeria




Mostra em parceria com a UQ! Editions traz ao público 60 relevos realizados pelo poeta e artista

Por Andréia Bueno

“As coisas na vida acontecem por acaso. Eu embarco nelas ou não”, escreveu certa vez o poeta Ferreira Gullar. Os relevos, nascidos do acaso, habitavam um universo particular do artista. A beleza e o colorido das obras que criou encantam o olhar: há um surpreendente contorcionismo de verso e reverso que emerge das formas. São esses os trabalhos que o público poderá conferir em Relevos, exposição organizada pela Dan Galeria em parceria com a UQ! Editions, entre 9 de junho e 14 de julho.

Sem título, 2014, Ferreira Gullar
A mostra dá continuidade ao lançamento de A Revelação do Avesso, livro de arte de edição limitada lançado em 2014, no mesmo espaço. A obra trazia 60 relevos, de três exemplares cada, reproduzidos em aço e acompanhados de um livro com poemas do próprio Gullar. A edição esgotou-se rapidamente. O autor do Manifesto Neoconcreto (1959), que lançou as obras de Lygia Clark e Helio Oiticica, estava aos 84 anos de idade, na plenitude do viço e do frescor criativo. Agora os originais em papel destes 60 relevos, nunca mostrados antes, são apresentados pela primeira vez.

As colagens em relevo de Gullar nasceram, de fato, do acaso. Segundo o próprio autor, ele já os fazia há tempos. Divertia-se em meio ao processo de escolhas de cores e surpreendia-se com as formas inesperadas que surgiam enquanto recortava o papel. Em determinado dia, colocou os recortes sobre um desenho para em seguida colá-los. A cena foi interrompida por seu gato, que estapeou abruptamente as folhas de papel, desarrumando os recortes. “Colei-os tal como estavam: disso resultou que o desenho era a ordem e os recortes coloridos, a desordem”, escreveu no texto de A Revelação do Avesso.

Poeta e crítico, Gullar nunca deixou de ser artista – à sua maneira, como ele explica no mesmo texto: “Me convenceram, alegando que não importava se eu sou ou não artista plástico; importava é que as colagens em relevo eram bonitas e originais. Tomei-me de entusiasmo e continuei a produzir estas colagens em relevo, que me divertem muito. Se são arte ou não, pouco importa, já que não me pretendo artista mesmo”.
Serviço:
Local: DAN GALERIA
Endereço: Rua Estados Unidos, 1638 
Abertura: 9 de junho, das 10h às 14h (somente para convidados)
Visitação: de 11 de junho até 14 de julho 
Horários: Seg. a sex. das 10h às 19h – sáb. das 10h às 13h 
Entrada: Gratuita 
Telefone: 11 3083-4600