Gaslight – uma Relação Tóxica, o último trabalho de Jô Soares, será conhecido pelo público dia 9 de setembro, quando estreia no Teatro Procópio Ferreira. Jô assina tradução, adaptação e direção do texto, com colaboração de Matinas Suzuki Jr e Mauricio Guilherme, parceiros de trabalhos anteriores.
Trata-se de uma das peças de maior sucesso da história da Broadway, escrita originalmente pelo dramaturgo britânico Patrick Hamilton (1904-1962), em 1938. A princípio estão previstos dois meses de temporada. Gaslight estreou no Richmond Theatre, em 1938, antes de ir para a Broadway, na década de 40. No Brasil, Gaslight teve uma montagem notável em 1949, no TBC, com direção de Adolfo Celi.
Com elenco formado por Érica Montanheiro, Giovani Tozi, Kéfera, Leandro Lima, Neusa Maria Faro, o espetáculo marcaria a volta de Jô aos palcos como diretor, quatro anos após dirigir e atuar em A Noite de 16 de Janeiro. Com cenário de Marco Lima, figurino de Karen Brusttolin, iluminação de César Pivetti, e trilha sonora original de Ricardo Severo, a montagem era cuidada de perto por Jô Soares, que trabalhou na concepção da encenação até os últimos dias.
Baseada no filme homônimo sobre abuso psicológico nos relacionamentos afetivos, a peça retrata um casal em conflito. Jack (Giovani Tozi), no início do casamento, se mostrava doce e apaixonado. No entanto, sob a alegação de que sua mulher Bella (Erica Montanheiro) sofre de algum tipo de desequilíbrio mental, revela-se um homem impaciente e menos cordial. A esposa sente que está ficando louca, mas ao buscar o amparo do companheiro para lidar com a suposta doença, encontra apenas a resistência do homem, que justifica não ter mais forças para lidar com a situação.
A complicação do diagnóstico de Bella é acompanhada de perto pela fiel governanta Elizabeth (Neusa Maria Faro) e pela jovem e extrovertida Nancy (Kéfera), a nova arrumadeira do casarão. Ralf (Leandro Lima), um inspetor de polícia, possui uma ligação curiosa com a casa, agora habitada pelo casal. Essa relação pode despertar fantasmas do passado que ainda habitam os cômodos com seus segredos, e podem revelar grandes surpresas.
A versão brasileira começou a ser gestada em 2018. “Gaslight nasceu numa noite de cinema no apartamento do Jô, quando nós dois assistíamos à versão cinematográfica, de 1944, estrelada por Ingrid Bergman. Fiz o convite arriscado para levarmos a história aos palcos e ele topou”, conta o ator e idealizador do projeto Giovani Tozi, também produtor do projeto ao lado da produtora e fotógrafa Priscila Prade. “O desejo foi amadurecendo, compramos os direitos, o Jô estava empolgado, sempre falando “e aí, tá pensando na peça?, tive esta ideia, vamos marcar uma reunião com todo mundo na semana que vem”, Tozi reproduz as palavras do amigo. Jô era um diretor exigente, buscava a perfeição e estava atento aos detalhes.
O texto foi adaptado para o cinema em 1944, com direção de George Cukor, e é a origem do termo gaslighting, usado sobretudo para descrever a ação do agressor que faz com que a vítima, a pessoa agredida, duvide de si mesma e de sua sanidade. O termo ganhou maior repercussão nos últimos anos graças ao movimento feminista. A encenação já estava toda idealizada, inclusive o cenário, quando Jô partiu. Ele só não viu os atores caracterizados – o que aconteceu no ensaio fotográfico de 5 de agosto, evento que o diretor acompanharia por vídeo, do hospital onde estava internado. Uma teia de aranha de 14 metros vai tomar conta do palco todo, ideia do Jô para retratar a difícil situação em que a personagem se encontra envolvida, sem forças para se desvencilhar.
Quando se maquiou e vestiu o figurino para as fotos do programa, a atriz Érica Montanheiro encontrou forças para seguir em frente. “Continuar a fazer o que a gente já estava fazendo sob sua orientação e seguir. Tudo saiu da cabeça do Jô”, revela a atriz que trabalhou em quatro peças com Jô, a primeira em 2011, O Libertino. “Este espetáculo será para ele. “Ele está aqui. Eu vejo o Jô, seu humor, a paixão por mistérios, em certas falas”, diz Leandro Lima. “Era para ele estar aqui com a gente. Foi um choque imenso”, fala Kéfera Buchmann, que conheceu Jô quando foi entrevistada por ele em 2015. Quando ficou sabendo da peça, ela pegou o telefone e se colocou à disposição para fazer. Aí rolou o convite, fiquei em choque, falei “mãe, vou fazer uma peça dirigida pelo Jô Soares, você tem em noção?!”
Gaslight – Uma Relação Tóxica é uma homenagem a Jô Soares, um dos mais importantes homens que a cultura e a educação desse país já produziu. Jô brinda o público com uma história carregada de mistério e suspense, sem deixar de lado o humor, sentimento que sempre o guiou, em tudo o que fez na vida.
Serviço
GASLIGHT, uma Relação Tóxica
Estreia para público dia 9 de setembro
Teatro Procópio Ferreira. Rua Augusta, 2823, Cerqueira César, São Paulo. Telefone: (11) 3083.4475.
Capacidade – 624 lugares, incluindo 07 poltronas adaptadas para obesos e mais 12 lugares reservados para cadeirantes. Temporada – Sexta às 21h, sábado às 18 e 21h, domingo às 19h.
Ingressos – Entre R$ 40 e R$ 150,00. Inteira a R$ 80, R$ 100 e R$ 150.
Meia a R$ 40,00, R$ 50,00 e R$ 75,00. Aceita todos os cartões de crédito.
Não aceita pagamentos em cheque. Não faz reservas.
Possui ar-condicionado e acesso universal. Recomendado para maiores de 12 anos. Duração – 90 minutos.