“Ato e Efeito” lança segunda temporada com vídeos de Lázaro Ramos e Débora Falabella

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Créditos: Rodrigo Castro


Criado pelo jornalista e crítico teatral Rafael Teixeira e pela produtora tocavideos (dos filmmakers Fernando Neumayer e Luís Martino), o projeto “Ato e Efeito” entra em sua segunda temporada mantendo a sua proposta de exaltar as artes cênicas em uma abordagem audiovisual. Pela primeira vez desde que foram filmados, em 2017, todos os onze vídeos desta nova leva são disponibilizados no YouTube. Confira!

Diante das câmeras, atores e atrizes interpretam trechos de peças teatrais, tendo por base a leitura do próprio texto. “A ideia é proporcionar um olhar diferente sobre a dramaturgia, situando-a em um lugar que não é nem o da leitura, simplesmente, tampouco o da encenação convencional. Ao mesmo tempo, perpetuamos em um suporte físico uma arte essencialmente efêmera que é o teatro“, diz Rafael, curador do projeto.

Nesta segunda temporada, todos os onze vídeos tiveram como cenário a Casa Quintal de Artes Cênicas, empreendimento cultural na Lapa, Rio de Janeiro. A seleção, desta vez, incluiu apenas trechos de obras clássicas, lidos por: Lázaro Ramos (Iago, de “Otelo”, de William Shakespeare), Marcos Caruso (Teteriev, de “Pequeno-Burgueses”, de Maksim Góki), Inez Viana (Medeia, de “Medeia”, de Eurípedes), Adassa Martins (Prometeu, de “Prometeu Acorrentado”, de Ésquilo), Kelzy Ecard (Nina, de “A Gaivota”, de Anton Tchekhov), Bianca Byington (Mabel Chiltern, de “Um Marido Ideal”, de Oscar Wilde), Bruce Gomlevsky (Shylock, de “O Mercador de Veneza”, de William Shakespeare), Débora Falabella (Trofimov, de “O Jardim das Cerejeiras”, de Anton Tchekhov), Fábio Porchat (Piótr Ivánovitch Bóbtchinski, de “O Inspetor Geral”, de Nicolai Gógol), Cesar Augusto (Dr. Stockmann, de “Um Inimigo do Povo”, de Henrik Ibsen) e Gilberto Gawronski (Hêmon, de “Antígona”, de Sófocles).

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Créditos: Rodrigo Castro

Cinco desses vídeos já haviam sido exibidos em 2007 (mesmo ano em que foram produzidos), dentro da programação do TEMPO_FESTIVAL, no Rio de Janeiro. No ano seguinte, “Ato e Efeito” marcou presença novamente no festival, desta vez com todos os onze vídeos apresentados em uma instalação no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, também no Rio de Janeiro.

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“Tom na Fazenda” estreia no SESC Santo Amaro


Créditos: Ricardo Brajterman


Fenômeno teatral carioca de 2017 e de 2018, “Tom na Fazenda” estreia em São Paulo em 16 de março no SESC Santo Amaro para curta temporada de um mês. Idealizado pelo ator e produtor Armando Babaioff, que também assina a tradução, a montagem tem apresentações sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 18h, até 14 de abril. Dirigida por Rodrigo Portella, a peça traz no elenco Kelzy Ecard, Gustavo Vaz e Camila Nhary, além do próprio Babaioff. Desde sua estreia em março de 2017 no Rio de Janeiro, “Tom na Fazenda” fez 157 apresentações e já foi vista por mais de 18 mil pessoas.

A peça é baseada na obra Tom à la Farme, do autor canadense Michel Marc Bouchard. Foi numa conversa com um amigo que Babaioff tomou conhecimento do filme Tom na Fazenda (2013), adaptação da peça homônima, com direção do franco-canadense Xavier Dolan. Arrebatado pela obra, o ator começou a traduzir a peça, que aborda a inabilidade do indivíduo para lidar com o preconceito, a impotência, a violência e o fracasso. Em cena, o publicitário Tom (Armando Babaioff) vai à fazenda da família para o funeral de seu companheiro. Ao chegar, descobre que a sogra (Kelzy Ecard) nunca tinha ouvido falar dele e tampouco sabia que o filho era gay. Nesse ambiente rural e austero, Tom é envolvido numa trama de mentiras criada pelo truculento irmão (Gustavo Vaz) do falecido, estabelecendo com aquela família relações de complicada dependência. A fazenda, aos poucos, vira cenário de um jogo perigoso, onde quanto mais os personagens se aproximam, maior a sombra de suas contradições.

Créditos: José Limongi

“No ano em que traduzi a peça, 347 pessoas foram assassinadas pelo simples fato de serem quem eram. O Brasil é o país que mais mata homossexuais no mundo, mais do que nos 13 países do Oriente e da África onde há pena de morte aos LGBT. O que me fascina em Tom na Fazenda é essa possibilidade de falar de assuntos que eu realmente acho necessário. Eu sinto essa necessidade de dizer para o mundo verdades das quais eu acredito”, diz Babaioff. “Somos felizardos em poder contar essa história, agora em são Paulo, e somos gratos à trajetória que o espetáculo está realizando sem qualquer recurso vindo de leis de incentivo”, completa Babaioff. “Tom na Fazenda” estreou no Rio de Janeiro em março de 2017 no Oi Futuro, com patrocínio da Oi. As temporadas seguintes — nos teatros SESI Centro, Dulcina, Poeirinha, Censgranrio, Leblon e no Imperator —, quase sempre com ingressos esgotados, no entanto, não tiveram qualquer apoio.

Em junho de 2018, “Tom na Fazenda” foi apresentado no Festival TransAmériques (FTA), em Montreal, no Canadá – um dos mais importantes eventos de artes cênicas do mundo —, com legendas em inglês e francês. As três apresentações naquele país renderam à peça o prêmio de melhor espetáculo estrangeiro pela Associação de Críticos de Teatro de Québec. A última temporada de “Tom na Fazenda” foi no Imperator, no Rio de Janeiro, em novembro. A peça também participou no ano passado dos nos festivais de Curitiba (abril), Palco Giratório do SESC, em Porto Alegre (maio), Festival de Inverno de Garanhuns, em Pernambuco (julho), e Cena Contemporânea, em Brasília (agosto).

“Tom na Fazenda” conta uma história bastante comum entre jovens de várias gerações, mesmo de culturas diferentes. No Canadá, no Brasil, no Oriente Médio, no Japão ou na África do Sul, homens e mulheres jovens aprendem a mentir antes mesmo de aprenderem a amar. As famílias, guardiãs das normas sobre a sexualidade, garantindo sempre a heteronormatividade, inserem nos próprios membros a semente da homofobia. “Todo redemoinho que devastará a vida dos que fogem das normas surge no núcleo de suas próprias famílias”, comenta Rodrigo Portella, que opta, mais uma vez por uma encenação com poucos elementos para que as sutilezas das relações propostas pelo texto se sobressaiam. “Bouchard compôs uma obra de estrutura impecável. Ele vai fundo nas contradições dos seus personagens, o que os torna muito próximos de nós”, acredita o diretor.

SERVIÇO

TOM NA FAZENDA

Temporada: de 16 de março a 14 de abril.

Apresentações: sexta e sábado, às 21h, e domingo, às 18h.

Local: Sesc Santo Amaro – Rua Amador Bueno, 505. Tel.: (11) 5541 4000.

Ingressos: R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia) e R$ 9 (Credencial Plena).

Duração: 120 min. Lotação: 279 lugares. Classificação etária: 18 anos.

Bilheteria: Terça a sexta, das 10h às 21h30. Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h30.

Facebook e Instagram: @tomnafazenda