Spoiler: completo e atrapalhado, Arthur é genial




Se não terminar com a cabeça enfiada no vaso sanitário, a fama alcançará o personagem da canadense Stacey Matson

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Crédito: Divulgação

A Geração Jovem lança Um Ano na Vida de um Gênio, de Stacey Matson, que conta a história de Arthur A. Bean, um gênio mirim que enfrenta todos os percalços de um nerd na escola. Ele quer ser escritor, já registra algumas poesias e textos e jura que será famoso.

Parte de um projeto pedagógico da autora, o livro atinge diversas idades e, de forma descontraída, discorre sobre diversos temas como educação na escola, depressão, bullyng, superação da morte, entre outros. Vencedora do prêmio ‘The Chocolate Lily Award’, a obra possui um projeto gráfico personalizado e registra diversas referências literárias como Agatha Christie, Shakespeare e Hemingway.

Como todo nerd que se preze tem o seu algoz, o Robbie Zack, a quem ele chama de perdedor, pois esse colega de classe acredita que o Bean rouba suas ideias. Mas o gênio se justifica dizendo que ao ler textos de outras pessoas surge uma explosão de inspirações, processo costumeiro para todos os escritores famosos.

Na sétima série reencontra seu amor, Kennedy Laurel, que talvez nem saiba de sua existência e conhece a professora sra. Whitehead a qual não entende seu gênio criativo. 

Ele sabe de todas as dificuldades, mas tem certeza que a fama o alcançará, principalmente se ganhar o concurso de contos do ano.

Abaixo, trecho do livro:

De: Arthur Bean (arthuraaronbean@gmail.com)

Para: Kennedy Laurel (imsocutekl@hotmail.com)

Enviado: 23 de outubro, 10h04

Querida Kennedy,

Amo você

De: Arthur Bean (arthuraaronbean@gmail.com)

Para: Kennedy Laurel (imsocutekl@hotmail.com)

Enviado: 23 de outubro, 10h09
Desculpe, Kennedy! Acidentalmente apertei enviar antes de terminar a frase. Eu queria dizer que amo você ter tido essa ideia! “

Neste livro, o irreverente e ultrajante jovem gênio contará absolutamente tudo do seu ano por meio do seu diário de leituras, que carinhosamente chama de DL; cartas; bilhetes e e-mails trocados com seus amigos e professores; e textos feitos para suas lições de casa.

Arthur A. Bean promete um ano de muitas emoções e, se as ameaças de Robbie se cumprirem, ele está prestes a ter a cabeça enfiada no vaso sanitário!

Sobre a autora: Este livro divertido nasceu da tese de mestrado da autora na Universidade de British Columbia. Matson também dirigiu o programa de turismo e teatro do Parliament Hill, e criou os programas de interpretação do Museu Glenbow, Fort Calgary e do Aquário de Vancouver. Além de escrever, Matson gosta de jogar squash, esquiar, tocar piano e… Se vestir de princesa em festas de aniversário infantis!

Ficha técnica:

Título: Um ano na vida de um gênio

Título original: A year in the life of a total and complete genius

Autora: Stacey Matson

Tradução: Sandra Martha Dolinsky

Formato: 13,5x21cm

Págs: 264

ISBN: 9788581303574

R$: 34,90

Livro: Abusado – O Dono do Morro Dona Marta




Por Mellanie Anversa

Abusado, O Dono do Morro Dona Marta. Este é um livro de sucesso no meio jornalístico. Escrito por Caco Barcellos, a história factual é de um dos maiores traficantes do morro Dona Marca, integrante do comando vermelho, Marcinho VP.

O livro expõe a vida do personagem antes mesmo de criar seu nome no morro e na polícia. Caco acompanha Marcinho VP por algumas aventuras a procura de informações para que possa dar vida ao seu livro.

Na trama, nomes são modificados para segurança dos personagens. É fato que isso não impediu de que o CV (comando vermelho) descobrisse que o traficante estava revelando informações impublicáveis para os membros do grupo.

Neste momento coloco em discussão de qual forma a atuação jornalística, por mais que com boas intenções, pode afetar a vida de seus personagens. O livro é alvo de críticas esplêndidas, de apuração e linguagem ricas de detalhes que te fazem viver e sentir a história na pele.

É contada a história de um traficante procurado através de uma exposição de sua própria vida. As condições sociais que ele e todos os personagens envolvidos vivem. Conhecemos a vida de Marcinho além do que vemos em noticiários, descobrimos sua realidade.

Em momento algum o leitor é capaz de ver Marcinho VP como inocente nos crimes que cometeu, mas é compreensível que ele se tornou mais uma vítima do sistema. Passamos a notar que há vidas muito diferentes das nossas e que é preciso refletir sobre o mundo em que vivemos.

É incrível o que o jornalista é capaz de fazer apenas trazendo fatos de uma realidade. No entanto, entramos em questão do papel do jornalismo, que trouxe uma reflexão para muitos que mergulham neste livro, mas que tomou uma vida, justamente para trazer essa reflexão.

Brasileiro viaja por 10 países que não existem




Por Fernando Palumbo

O curitibano Guilherme Canaver acaba de lançar seu mais novo livro “Uma  viagem pelos países que não existem”. O nome da obra causa estranhamento, assim como os lugares que o autor visitou: Transnístria, Somalilândia, Abecásia, entre outros destinos desconhecidos para os viajantes.

Foto: Divulgação

Como pode um país não existir? O título na verdade é uma provocação. O não reconhecimento da ONU não impede que esses povos tenham suas moedas e governos próprios, controle de fronteira e instituições formalizadas. Além dos países já citados, o engenheiro florestal e autor de um blog de viagens escreveu sobre sua passagem também pelos “não países” Chipre do Norte, Saara Ocidental, Kosovo, Palestina, Taiwan, Ossétia do Sul e Nagorno-Karabakh. 

São histórias até certo ponto similares, populações que sofreram com guerras, perseguições e muito sofrimento. Porém, atualmente os países visitados passam por situações muito diferentes. Enquanto a Palestina já é reconhecida por 134 estados membros da ONU, o Chipre do Norte recebe apenas o apoio da parceira histórica Turquia.

Foto: Divulgação

Guilherme relata uma breve história, a luta por independência, os conflitos e a relação diplomática de cada país com outras nações ao redor do mundo. Contudo o livro não se limita as questão políticas e o autor também descreve pontos turísticos, cultura, comida e peculiaridades desses lugares.

Além do blog, Guilherme já publicou outros dois livros sobre suas viagens: De Cape Town a Muscat: Uma Aventura pela África e De Istambul a Nova Délhi e Uma Aventura pela Rota da Seda. 

Uma viagem pelos países que não existem
Autor: Guilherme Canaver
Editora Pulp – R$ 49,90
192 páginas

A linguagem eterna do pequeno príncipe




Por Aline Almeida

Escrever para incomodar, causar reflexão, e manter a mente em total exercício sempre, digo em exercício sempre com equilíbrio, e um dos métodos mais eficazes é a leitura, e claro, não podemos deixar de citar um livro publicado em 1943, que se trata de umas das obras literárias mais traduzidas do mundo: O pequeno príncipe.  Um livro de literatura infantil, que é lido não só por crianças, mas jovens, adultos, idosos, é uma obra eternizada que até nos dias de hoje é muito vendida.

O principezinho retrata a experiência do autor do livro que além de escritor era aviador, ele usa suas vivencias em viagens para se inspirar e assim escrever a obra. Podemos ler em todas as fases de nossa vida e mesmo assim será atual, tiraremos uma nova visão e maneira de enxergar a realidade. E num mundo cada vez mais virtual, convido você leitor, a cativar as pessoas que ama, ou cativar alguém que você queira conquistar, cativar de acordo com o grau de energia que precisa, seja profissional, espiritual, sentimental. 

“ – Que quer dizer “cativar”?

  – É algo quase sempre esquecido – disse a raposa.

 – Significa “criar laços”…

–  Criar laços?

– Exatamente – disse a raposa. – Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu também não tens necessidade de mim. Não passo aos teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo…”

Esse trecho do livro explica o significado de cativar, que é criar laços. Mesmo virtualmente é possível criar laços, desde que você passe a ser o único na vida de quem necessita, único de uma maneira peculiar, único não de uma maneira egoísta e ciumenta, mas único no sentido de que cada pessoa é especial e importante em sua maneira de ser.

E mesmo as crianças que leem o pequeno príncipe, entendem a importância de cativar, mas infelizmente, quando crescemos acabamos esquecendo com tantas responsabilidades e correria do dia a dia, por isso os livros existem, em especial o principezinho, para fazer lembrar-nos da tamanha importância do cativar, afinal não somos nada sozinhos, criar laços é preciso. Talvez a razão para o Peter Pan não querer ser adulto seja essa, esquecer-se de amar e se conformar com a solidão. Leia, leia em todos os momentos da vida e tenha sempre por perto um príncipe em sua vida. Pessoas para cativar têm de montes.

Raphael Montes convida para um Jantar Secreto




Por Lucas Damasio

Novembro também tem lançamento nacional de uma das mais jovens
estrelas em acessão da literatura policial brasileira. O carioca Raphael Montes
anunciou o seu quarto livro, sob o título de “Jantar Secreto”, que sai pela
editora Companhia das Letras.

O novo livro contará a história de três amigos que foram para o Rio de
Janeiro fazer universidade e se encontravam em dificuldade financeira. Um dos
amigos fazia o curso de ciência da computação, outro cursava medicina e o
terceiro, gastronomia. Em meio à trama de cada personagem, surge uma ideia que
faz os amigos embolsar muito dinheiro: por meio da internet, eles convidam as
pessoas até a casa onde moram para vivenciarem experiências gastronômicas
diferenciadas.
Conhecendo o estilo de trama sem travas e avassalador do escritor,
quando o assunto é explorar a maldade e a loucura de seus personagens, pode-se
imaginar o que aguardará os leitores nas páginas da nova obra.
Em “Os Suicidas” (Selo Benvirá da editora Saraiva – 2012), primeiro
livro do autor, ele explora o lado obscuro de nove adolescentes que decidiram
ir para o porão de uma casa com uma Magnum 608 com objetivo de tirarem a
própria vida. O medo e o terror psicológico que desenha cada personagem torna
evidente o interesse do autor pelo lado sombrio das pessoas, alicerce que
sustenta a narrativa enquanto o leitor vai desvendado o mistério que existe por
trás do suicídio coletivo.
Em sua segunda publicação, “Dias Perfeitos” (Companhia das Letras –
2014), Raphael ainda foca na maldade que habita em cada pessoa, contando uma
história de amor obsessivo através dos olhos e do julgamento de um psicopata,
em uma narrativa violenta, com diálogos ágeis e muito suspense.
Em “O Vilareijo” (Suma das Letras – 2015), Montes explora a loucura
como a fonte do terror que rasga cada página do livro. Além de uma escrita
visceral e histórias horripilantes, o livro conta com ilustrações que ajudam a
ambientar ainda mais a escrita precisa e instigante do autor.

Um fato interessante que ocorre, quando acompanhado a trajetória de
Raphael Montes, é a movimentação que o autor tem conseguido gerar nos debates
sobre literatura de gênero no país, em especial, na literatura policial. Com um
repertório enorme e diálogos sobre a importância de uma literatura de
entretenimento que tenha outras camadas que possibilite reflexões mais
profundas, ele tem conseguido trazer um novo frescor para o mercado editorial
nacional.

RESENHA: Enclausurado, novo livro de Ian McEwan




Por Dilson Cross 

‘Enclausurado na barriga da mãe, ele escuta os planos da progenitora para, em conluio com seu amante, que é também tio do bebê, assassinar o marido. Apesar do eco evidente nas tragédias de Shakespeare, este livro de McEwan é uma joia do humor e da narrativa fantástica. Em sua aparente simplicidade, Enclausurado é uma amostra sintética e divertida do impressionante domínio narrativo de McEwan, um dos maiores escritores da atualidade.”

Foto: Divulgação

“Enclausurado” é um pequeno romance estranho de McEwan, e é mais brilhante do que tem o direito de ser. O enrendo parece surgido de uma imensa fonte de obras literárias liberais: um crime aparentemente passional baseado em “Hamlet”, narrado por nada menos que um feto.

Se você puder ir além dessa premissa que parece um tanto quanto nojenta, descobrirá um romance que soa até mesmo como uma brincadeira, mas oferece uma história que é um suspense surpreendente. Ao contrário de Shakespeare, pode-se dizer que “Enclausurado” é uma comédia filosófica com certos momentos de tragédia.

“Então aqui estou eu, de cabeça pra baixo em uma mulher”. É assim que se abre esse monólogo apresentado num líquido amniótico. McEwan tem o que parece ser muito divertido: construir uma voz que é ao mesmo tempo viva com jogo de palavras, selvagem e capaz de todos os tipos de disposições antiéticas. 

Às vezes, McEwan emprega uma voz para divagar sobre algumas preocupações familiares. Por quê esse é um feto precoce. Ao longo de vários dias escuros, ele revela um gosto peculiar para vinhos, um amplo conhecimento em história e uma curiosa interação com eventos atuais. Tal coisa seria inacreditável, exceto que nosso narrador afirma ser um assíduo ouvinte dos programas educacionais de sua mãe. Mas o romance é voltado para o seu total isolamento, uma consciência presa como testemunha relutante de tudo.

Ele sabe que há algo de errado:”Fora destas paredes quentes”, ele adverte, “um conto de gelo desliza para a sua conclusão horrorosa.” Sua mãe, Trudy, tem um caso com seu tio, Claude. Que, quando não estão fazendo sexo – descrito de uma perspectiva assustadoramente perto – estão planejando assassinar o marido de Trudy, tudo para colocar ele fora do caminho para ficar com uma velha casa cara em algum lugar de Londres.



O que um feto pode lamentar, além da incapacidade de agir? “Esperar é o jeito”, ele reconhece. Ao ouvir os planos dos conspiradores, o pré-nascido reflete e divaga sobre o mundo que está prestes a entrar. “Uma combinação, pobreza e guerra, com a mudança climática mantida em sigilo, um épico antigo em nova forma, grandes movimentos de pessoas, com rios engolidos como na primavera, Danubes, Rhines e Rhones, de pessoas com raiva ou desoladas ou desperançosas, amontoados nas fronteiras contra os portões de arame farpado, derrubada em milhares para compartilhar a sorte do Ocidente “.

McEwan, que ganhou o Prêmio Booker em 1998 por “Amsterdam”, tem mostrado uma forte preferência por novelas curtas, e neste caso mostra que a contenção parece mais sensata do que nunca. Seu narrador observa que alguns autores – os bebês adoram – pode realizar maravilhas em pequenos espaços. McEwan sabe que a brevidade é a alma da sagacidade.