Por Nicole Gomez
A estreia de O Paraíso Perdido acabou por causar uma grande confusão na Igreja Santa Ifigênia, em meados de 1992. Isso porque o espetáculo não foi bem visto por grupos religiosos, que protestaram contra as apresentações naquele local. Por vezes, os artistas que na peça faziam alusão ao Gênesis bíblico e criticavam a sociedade contemporânea chegaram a receber cartas com ameaça de morte.
Foto: Divulgação
Em pouco tempo, o assunto tomou conta dos noticiários e foi debatido nos mais diversos veículos, pelas mais diversas pessoas, desde a filósofa Marilena Chaui ao programa de calouros de Silvio Santos. As polêmicas acabaram por delinear a estética do Teatro da Vertigem. A partir desse marco, o grupo começou a pensar e criar peças voltadas ao espaço alternativo.
O nome do grupo veio justamente dessa certa instabilidade e desequilíbrio, vindo de uma passagem intitulada Monólogo da Vertigem, do poema Paraíso Perdido, de John Milton. O mesmo que inspirou a polêmica primeira montagem da companhia.
Essa polêmica, além do que se seguiu, é revisto em “Teatro da Vertigem”, recém-lançado no último dia 19. Organizado pela crítica Sílvia Fernandes, o livro comemora os 25 anos da companhia, reunindo textos de artistas e teóricos, imagens de arquivo e uma entrevista com integrantes do coletivo. Ali está, por exemplo, o começo do Vertigem, surgido nos anos 90, com seus integrantes saídos do ambiente da USP.
Hoje a companhia sobrevive com patrocínio da Petrobrás, que varia segundo as produções e não tem previsão para novas montagens. Entretanto, recebeu um convite para criar uma peça na Itália, que deve ficar pronta no próximo ano.
SERVIÇO:
Preço: R$ 80
336 páginas
Autora: Org.: Sílvia Fernandes
Editora: Cobogó