‘Salve a favela! Respeita a nossa correria. E a nossa arma é a nossa sabedoria. E a nossa meta é acabar com essa covardia’. Através desse refrão, esse é o chamado do movimento inédito entre KondZilla e MainStreet Records, envolvendo música e videoclipe, para jogar luz na questão urgente, grave e rotineira vivida por 18 milhões* de moradores de favelas do Brasil. Todos os dias pessoas inocentes, a maior parte delas pretas, são mortas de forma covarde e por engano durante operações policiais. Nos casos – todos reais no videoclipe – jovens e trabalhadores são confundidos com criminosos portando armas de fogo quando, na verdade, carregam objetos inofensivos como guarda-chuva, ferramenta, celular e livro, entre outros.
Ao escancarar a realidade, fruto do debate sobre perfilamento racial, o objetivo da primeira parceria entre as maiores gravadoras de rap e trap do país – e concorrentes nesse mercado – é mostrar união diante de uma causa aparentemente longe de solução. Mais do que isso, convocar a sociedade a ouvir o pedido de socorro das comunidades em prol de corpos pretos e periféricos que são mortos diariamente, deixando rastros de dor e medo.
Para dar voz e rosto a esse chamamento, da união dessas duas gigantes da indústria fonográfica, surgiu o convite para quatro dos nomes mais icônicos dos gêneros na atualidade: MCs Poze do Rodo, Bielzin e Borges, artistas exclusivos da MainStreet, além de Cabelinho, que atualmente está no elenco da novela ‘Vai na Fé’, da Rede Globo. Nascidos e criados em favelas do Rio de Janeiro, vivenciando essa realidade de perto, todos foram responsáveis pela composição e interpretação da música.
“Para nós, ‘Salve a Favela’ tem uma relevância gigantesca, além de ter sido um grande desafio. Infelizmente, estamos falando de um tema cotidiano e fazer isso através do Rap já nos faria cair num clichê por si só. Por isso, buscamos uma nova forma de apresentar o tema e, de fato, comover a audiência. O projeto é diferente porque, além de ser um grito clamando por atenção para casos reais, ele nos conduz ao conhecimento, passando pela revolta e desaguando num chamado à justiça, com uma atitude prática, exigindo ao STF uma mudança na lei de excludente de ilicitude. Algo precisa ser feito, e ninguém está olhando para isso”, exalta Lucas Lang, sócio e fundador da MainStreet.
O filme
Com quase sete minutos, o videoclipe se assemelha a um curta-metragem e mostra cenas baseadas nas histórias reais das vítimas, vivendo em comunidades periféricas do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. No elenco, o destaque fica a cargo da participação especial do ator André Ramiro que, após 16 anos, aceitou fazer novamente o papel de policial e vestir uma farda. Ramiro viveu nos cinemas o emblemático policial André Mathias, nos filmes Tropa de Elite 1 e 2, ganhando protagonismo com o personagem de boa conduta profissional e ‘antissistema’. Nesse contexto, em ‘Salve a Favela’, o ator, que também é rapper, fez questão de roteirizar suas falas para ajudar a reforçar o lado humanizado.
Ao lado de André Ramiro, moradores e artistas amadores de escolas de teatro das comunidades, que representam 60% do casting do filme, encenaram suas próprias realidades, contribuindo ainda mais para o resultado final. Com direção de Rafa Damy, em parceria com Gabriel Zerra, responsável por mais de mil clipes da KondZilla, e Gabriel Pinheiro, ambos nascidos e criados na periferia, o filme contou com a ‘codireção’ de diversos moradores do Alemão, que acompanharam de perto todas as cenas – trazendo um olhar ainda mais empático e condizente, de fato, com o sofrimento vivido por inúmeras famílias todos os dias. Com linguagem cinematográfica e visceral, o objetivo da produção é mostrar a vida como ela é para uma significativa parcela da população brasileira.
Assista aqui: Salve a Favela
A música também está disponível nas principais plataformas digitais, como Spotify, Deezer e Apple Music, entre outras.
Ajude a salvar a favela e contribua para ecoar esse pedido de socorro. Acesse www.salveafavela.com.br, veja as histórias reais de algumas das vítimas e conheça a ADI 5032. Trata-se de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, apresentada pela Procuradoria-Geral da República ao STF (Supremo Tribunal Federal), em 2013, e em trâmite até hoje, pedindo para que crimes cometidos por agentes das Forças Armadas durante o exercício de suas atividades, em operações de garantia da lei e da ordem (GLO) e de combate ao crime, sejam julgados pela Justiça Comum e não pela Justiça Militar.
O movimento #salveafavela foi lançado para que a população possa vigiar e cobrar, com o intuito de tornar casos reais, como os do videoclipe, em crimes cada vez menos comuns.