Uma superprodução brasileira baseada na obra de Marcos Rey, com adaptação e direção de Miguel Falabella, músicas e letras de Josimar Carneiro e Miguel Falabella. Estreia em São Paulo no dia 10 de julho
Fotos: Divulgação
A história de um triângulo amoroso irreverente na próspera e efervescente São Paulo das décadas de 20 e 30, apogeu do ciclo do café e do progresso trazido pela industrialização da cidade. As lembranças de Mariano (Leonardo Miggiorin), um dos protagonistas da superprodução musical totalmente brasileira “Memórias de um Gigolô”, conduzem a narrativa desse romance cheio de reviravoltas, boemia e humor.
Durante o espetáculo, o público acompanha os principais acontecimentos da vida do órfão Mariano. Criado no meio dos trambiques da cartomante Madame Antonieta (Mariana Baltar) – a famosa “La Buena Dicha” – ele aprende, ainda na infância, a se livrar de enrascadas. Com o falecimento da cartomante, é adotado por Madame Iara (Alessandra Verney), a dona de bordel a quem passa a tratar como madrinha, e que o insere em um mundo cercado de volúpia, jogo de interesses e também muita diversão.
Lu, Valete e Tumache
É por lá que Mariano conhece as duas pessoas que mudam completamente sua vida: a charmosa e encantadora Guadalupe (Mariana Rios), que pouco a pouco o transforma num gigolô de uma mulher só, e Esmeraldo (Marcelo Serrado), mais um gigolô e amante da boa vida – o valete de espadas que “La Buena Dicha” previu que apareceria em seu caminho. Lu passa a chamar Mariano carinhosamente de Tumache depois que ele se declara em inglês para a moça: “I love you too much”.
Entre os três surge um jogo de sedução vivido sem pudores ou repressão, em meio ao luxo, ao brilho e ao requinte que envolvem os magnatas da indústria cafeeira. Para levar esse universo para o palco do Teatro Procópio Ferreira, um cenário deslumbrante conta com os principais itens do bom gosto paulistano e remonta quadro a quadro a época retratada.
“Memórias de um Gigolô” é originalmente um romance do autor Marcos Rey e já foi adaptado para a TV em uma minissérie exibida pela TV Globo em 1986, com roteiro de Walter Avancini, Walter George Durst e Marcos Rey.
Uma homenagem à terra da garoa
Além de contar a história deste triângulo amoroso, “Memórias de um Gigolô” é também uma grande homenagem à cidade de São Paulo. A Esmeraldo cabe a missão de convidar o público a se transportar para atmosfera da terra da garoa: “Tente imaginar uma São Paulo que desapareceu aos poucos, mas da qual ainda se pode encontrar vestígios, aqui e ali, como fragmentos de um mundo que se foi. Muito diferente da cidade que conhecemos hoje. Ah! Os anos trinta! Se a revolução constitucionalista deixara um travo amargo na boca, o progresso da cidade nos apontava irremediavelmente para o futuro”, anuncia no início desta viagem no tempo.
“Chegou progresso
São Paulo partiu!
Vamos em frente
Que atrás vem gente
De todo canto desse meu Brasil!”
Com 461 anos de existência, a terra da garoa tem atributos suficientes para justificar a escolha do escritor Marcos Rey – também presente nesta adaptação teatral da obra –, especialmente em se tratando de suas características nos anos 30, 40 e 50, época em que se passa a narrativa.
Uma das cidades mais populosas do planeta, São Paulo abriga importantes monumentos, parques e museus, além de ser um dos principais polos econômicos brasileiros. Na década de 30, a cidade viu o fim da longeva política do “café com leite” que mantinha com o estado de Minas Gerais para o posto de presidente da república e, na mesma época, foi palco da revolução constitucionalista, que trouxe grande crescimento industrial e urbano, fazendo de São Paulo o berço da prosperidade no Brasil.
As mudanças na cidade entre as décadas de 30 e 50 foram percebidas tanto política quanto econômica e culturalmente. A paisagem urbana foi alterada, a indústria se tornou o principal motor econômico e a população viveu a efervescência do nascimento de uma grande metrópole – característica que São Paulo mantém até hoje, dentre as cidades do Brasil e do mundo.
Preparação e bastidores
Para atuar em “Memórias de um Gigolô”, os atores se dedicaram durante dois meses a ensaios de voz e texto com duração de oito horas por dia, quatro vezes por semana. Sob a direção de Miguel Falabella, eles buscaram as principais características de seus personagens e trabalharam em cima dos “tipões” da década de 30.
No papel do protagonista que conduz a narrativa do espetáculo, Leonardo Miggiorin conta que o trabalho é uma realização pessoal e profissional. Para viver Mariano, o ator fez aulas de canto e também musculação – para ganhar resistência física –, além de pilates e quiropraxia para aliviar a tensão do ritmo acelerado dos ensaios. “Tenho facilidade com a construção do personagem, é um processo que flui naturalmente para mim. Já em relação à música precisei me fortalecer psicologicamente porque muitas vezes o nervosismo me atrapalha. Mas com os ensaios e as aulas estou muito mais seguro para cantar em cena”, comemora. Miggiorin realizou também um trabalho de pesquisa e imersão em que leu o livro de Marcos Rey que deu origem ao espetáculo, assistiu filmes das décadas de 30, 40 e 50 e ouviu artistas da Era do Rádio, como Orlando Silva, Lupicínio Rodrigues, Dolores Duran e Nelson Gonçalves.
Para o ator, Mariano é um homem doce, apaixonado, vívido e destemido. “Ele é órfão desde pequeno e foi criado num ambiente festivo, noturno, onde precisou lidar com todo tipo de gente. Com isso, adquiriu habilidade e tornou-se um gigolô das palavras. O que ele mais sabia fazer era usar sua lábia para conseguir o que queria. Mas no meio do caminho ele acaba se apaixonando pela única mulher que não poderia: Guadalupe (Mariana Rios), a amada de Esmeraldo (Serrado), que se torna seu rival para a vida toda. É uma responsabilidade grande, pois meu personagem é o fio condutor da trama”, declara.
Mariana Rios, que vive a prostituta Guadalupe, exercita o lado musical profissionalmente e conta que a maior dificuldade com sua personagem foi a adaptação dos primeiros dias de ensaio: “As dificuldades são as de qualquer trabalho em que você se entrega: quer que seja perfeito, incrível. No começo, enquanto estamos aprendendo as músicas, ajustando os tons e outros detalhes, dá um pouco de medo. Mas depois da segunda semana você se apropria das músicas e do texto e fica tudo tão incrível que é gostoso, não tem mais dificuldade. O resto é só alegria”, conta a atriz, que fez aulas de dança, canto e preparação com uma fonoaudióloga para o musical.
Como resultado do trabalho de composição de personagem, uma Guadalupe encantadora é apresentada por Mariana ao público: “Ela não sabe quem escolher, para onde ela vai, e ao mesmo tempo tem um olhar perdido de uma pessoa sofrida, que passou por muita coisa. A história de Guadalupe é linda e a história do musical todo é muito bonita, contada de uma forma lúdica e com músicas maravilhosas”, elogia a atriz.
Já Marcelo Serrado precisou de mais dedicação à voz para aprimorar a parte musical. Para atuar em “Memórias de um Gigolô”, ele fez aulas de canto durante mais de seis meses com professores no Rio de Janeiro e em São Paulo. Dando vida a um personagem ao mesmo tempo muito chique e bastante violento, Marcelo revela os pontos fortes de Esmeraldo: “É um personagem muito rico, cheio de nuances, e ao mesmo tempo bem divertido”.
O diretor, Miguel Falabella, além de acompanhar toda a parte cênica é responsável também pelas letras das 20 canções do espetáculo. Josimar Carneiro assina a direção musical e as músicas. Com um trabalho primoroso nas mãos, Miguel revela que adora trabalhar com musicais: “Descanso trabalhando. Meu emprego é uma farra! Gosto de musicais e principalmente de entregar ao público uma coisa brasileira. Sempre fui apaixonado por esse romance”, conta, declarando-se à obra de Marcos Rey.
O trabalho de Miguel Falabella foi muito elogiado por toda a equipe e elenco, dentre eles Marcelo Serrado, que revela sua admiração: “Trabalhar com o Miguel é um prazer. Ele é um grande diretor, roteirista, sempre o admirei. Para mim é uma honra estar em um projeto com ele, o Miguel é um geniozinho”, vibra o ator.
Também sobram elogios ao diretor vindos de Leonardo Miggiorin: “Aos doze anos de idade, no Rio de Janeiro, eu pedi um autógrafo para o Miguel Falabella. Vinte anos depois, estou sendo dirigido por este grande homem do teatro que tanto respeita a arte e seus artistas. Estou muito feliz em trabalhar com ele e com toda a equipe que tanto admiro”.
Números e curiosidades de uma grande produção
“Memórias de um Gigolô” conta com 21 atores em cena e soma 130 pessoas envolvidas em toda a equipe do espetáculo, entre produção, elenco e pessoal técnico. Para dar vida e embalar esse grande musical, 14 canções foram compostas por Miguel Falabella em parceria com Josimar Carneiro.
A cenografia foi construída com elementos que remetem à cidade de São Paulo, não de forma literal ou realista, mas na sua essência. No total foram utilizados mais de 2 mil metros de tecido e mais de 8 toneladas de ferragem e madeira no suporte do cenário, que cria um jogo de cenas ágil e delicado para abrigar uma história tipicamente paulistana.
O visagismo é temporal e retoma as décadas de 30, 40 e 50, tanto na maquiagem dos personagens quanto nos elementos de postiçaria. Ao todo, o elenco usa 23 perucas e 10 bigodes, além de 125 figurinos completos.
SERVIÇO
Período: 10 de julho a 30 de agosto de 2015
Local: Teatro Procópio Ferreira (Rua Augusta, 2823)
Horários: Quinta 21h; Sexta 21h30; Sábado 18h e 21h30; Domingo 18h
Preços dos ingressos: de R$ 50,00 a R$ 180,00
Classificação etária: 10 anos
FICHA TÉCNICA:
Baseado na obra: Marco Rey
Texto, Adaptação e Direção Geral: Miguel Falabella
Músicas e Direção Musical: Josimar Carneiro
Coreografia: Fernanda Chamma
Produção Geral: Sandro Chaim
Coprodução: Rose Dalney
Cenografia: Renalto Theobaldo e Beto Rolnik
Figurino: Ligia Rocha
Designer de Luz: Drika Matheus
Designer de Som: Gabriel D´Angelo
Elenco: Marcelo Serrado, Mariana Rios, Leonardo Miggiorin, Alessandra Verney, Mariana Baltar, Luiz Pacini, Ubiracy Paraná do Brasil, Osmar Silveira, Adriano Fanti, Adriana Capparelli, Clara Camargo, Luana Bichiqui, Laura Visconti, Renata Brás, Fernanda Belinatti, , Fernando Cursino,Thati Abra e Alexandre Lima.
Apresentado por Banco Volkswagem
Patrocínio: Proac SP, Lei de Incentivo à Cultura, Raízen e Lorenzetti
Apoio: Alberflex, Novartis, Wbaco e Tubos Ipiranga
Transportadora Oficial: Avianca
Realização: Miniatura 9, New Marketing, Aveia Cômica, Chaim XYZ Produções, Governo de SP , Ministério da Cultura e Governo Federal, Pátria Educadora