Dica de Leitura: “Nem tudo tem que ser seu” de Jami Attenberg

Dica de Leitura: "Nem tudo tem que ser seu" de Jami Attenberg

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Chega ao Brasil o sétimo romance de Jami Attenberg, obra que está conquistando leitoras de diferentes faixas etárias pelo mundo, sobretudo por trazer uma compreensão profundamente humana de personagens complexos, que formam uma família disfuncional. Figurando na lista de melhores títulos lançados na temporada – em publicações como People, Vogue, EW, New York Post, Observer e Buzzfeed –, “Nem tudo tem que ser seu” (All This Could Be Yours, título original), é uma exploração oportuna e penetrante do que significa ser pego na teia de um homem tóxico; mostra como um relacionamento abusivo pode envolver gerações e aborda o que é preciso para se libertar. Com projeto gráfico de Manu Dourado e capa da Nine Editorial, o livro é um lançamento da Primavera Editorial.

Se eu sei o porquê de ele ser do jeito que é, talvez eu possa entender o porquê de eu ser do jeito que sou“, pensa Alex, uma advogada cabeça dura, mãe amorosa e filha de Victor Tuchman – incorporador imobiliário sedento por poder. Agora que Victor está mais no leito de morte, ela sente que pode, finalmente, descobrir os segredos do pai. Ela viaja para Nova Orleans para estar com a família e, principalmente, para interrogar a mãe, Barbra, que se defende das perguntas incansáveis de Alex e reflete sobre a vida tumultuada com Victor. Enquanto isso, Gary – irmão de Alex –, está incomunicável, tentando iniciar a carreira no cinema, em Los Angeles. A esposa de Gary, Twyla, está tendo um colapso nervoso, explodindo em choro. A disfunção está no auge. À medida que cada membro da família lida com a história de Victor, eles devem descobrir uma maneira de seguir em frente, um com o outro, por si mesmos e pelo bem de seus filhos.

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Conheça “Um Cara Qualquer”, de Amber Tamblyn!


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Romance de estreia da premiada atriz e escritora norte-americana Amber Tamblyn, Um Cara Qualquer (Any Man, título original) é um livro provocativo e brutal. Combina gêneros de poesia, prosa e elementos de suspense para dar forma às narrativas chocantes das vítimas de violência sexual, mapeando as formas destrutivas pelas quais a sociedade contemporânea perpetua a cultura do estupro. O extraordinário é como, com o passar dos anos, essas pessoas aprendem a se curar, unindo-se e encontrando um espaço para levantar as vozes. Com pontos de vistas alternados – e uma assinatura para cada voz e experiência da vítima – as páginas crepitam de emoção que vão do horror à empatia; e tiram o fôlego do leitor. Ousada, a obra pinta um retrato marcante da sobrevivência e é um tributo àqueles que viveram o pesadelo da agressão sexual.

Um Cara Qualquer é um romance que trata de agressão sexual de forma singular; uma narrativa que tem causando incômodo a muitos leitores norte-americanos. No romance, o vilão é uma mulher que atinge homens com agressões sexuais tão violentas e perturbadoras que poderiam ter sido arrancadas de um filme de terror. As vítimas do sexo masculino são narradores e mergulham na dor profunda de lidar com as consequências do crime que sofreram. Em entrevista para Stephanie Merry, editora de Booke World do jornal The Washington Post, Amber afirma: “A arte precisa trazer conversas difíceis; eu não tenho dúvidas de que esse livro vai incomodar muita gente, mas estou bem com isso.”

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Por traz da escolha de Amber Tamblyn há o desejo de chamar a atenção para um problema que atinge a sociedade como um todo. Há assédio sexual tanto de mulheres quanto de homens; há vítimas e algozes nos dois lados. “E temos que falar sobre o prejuízo humano que envolve essa violência. Pela força da narrativa e relevância do tema, escolhemos esse romance para estrear uma tecnologia de leitura que trará o leitor para dentro da história”, afirma Lu Magalhães, presidente da Primavera Editorial.

Traduzido por Cynthia Costa – doutora em Estudos da Tradução pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), professora do curso de tradução da UFU e com mais de 60 obras traduzidas – Um Cara Qualquerfoi um desafio pela troca constante de gênero textual proposta pela autora e pelo tom dos relatos das personagens, em primeira pessoa. “No primeiro caso, ao mesmo tempo em que era complicado passar da prosa à poesia, da poesia à notícia e até aos tweets, também fiquei contente, como tradutora, por poder experimentar tantas formas literárias em um único livro. Sobre o tom visceral dos relatos, a minha maior preocupação foi transmitir em português a dor e a emoção dessas personagens”, revela.

Sobre a estrutura textual – que combina poesia e prosa – na percepção de Larissa Caldin, publisherda Primavera Editorial, a autora usa os versos para imputar um sentimento mais exacerbado sem cair em clichês que nos levam a crer ser a poesia como invariavelmente sentimental e a prova racional. “A prosa da autora é incutida com uma linguagem viva e nada plácida que permanece em todo o texto. Talvez, Amber tenha propositalmente inserido a poesia e a prosa em oposição, de forma a mostrar, em um ponto de vista técnico e muito mais subjetivo, que a prosa era aquilo que as personagens diziam sentir para si e para o mundo; mas, a poesia era o quê, de fato, as personagens sentiam dentro de si, o Blue Bird de cada um”, analisa.

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Confira alguns trechos do livro:

Página 34

“(…) Camila me empurra pelo corredor, em uma cadeira de rodas fedendo a Listerine de hospital, rumo ao elevador. Fica mais fácil assim, dizem-nos eles. Sentirei dor ao caminhar por algumas semanas. Não consigo erguer os olhos e cruzar o olhar com as enfermeiras, dos pacientes ou dos médicos pelo caminho. Posso senti-los. Sou uma relíquia danificada indo embora para o museu.”

Página 147

“(…) Eu quis me matar de novo. Eu queria acabar com o sofrimento dela e terminar o que começara, aí correr para o lado dela e deixá-la me esmagar com a queda.”

Página 271

“(…) Depois que ela fez o que ela fez, ela me mandou contar bem devagar até o número da idade que eu tivesse e não me mexer até terminar de contar, e ela saiu. Eu contei duas vezes porque tive muito medo de que não fosse tempo suficiente. Teria sido uma contagem até dez, apenas.

Eu tinha só dez anos.”

Serviço

Ficção | Literatura

ISBN: 978-85-5578-075-2

Páginas: 328

Tradutora: Cynthia Costa

Preço sugerido: R$ 39,90