Comédia dramática ‘4 da Espécie’ em cartaz no Sesc 24 de maio


Créditos: Laerte Késsimos


As relações entre gênero e poder são o foco da peça 4 da Espécie, a história do corpo coisa nenhuma, escrita e dirigida por Michelle Ferreira, que está em cartaz no Sesc 24 de Maio, onde segue em temporada até 4 de dezembro. O espetáculo d’A Má Companhia Provoca traz no elenco Ivone Dias Gomes, Letícia Rodrigues, Lúcia Bronstein, Maíra De Grandi, Maura Hayas, Renata Augusto e Renata Guida.

A trama se passa em um feriado de Dia dos Mortos, quando Jaque Martini, Soni Kunder, Bibi Bibete e Lee Quatropani se encontram para viver uma aventura num chalé isolado nas montanhas. Lá, começam a ter pequenos conflitos que geram grandes problemas e trazem revelações sobre o caráter de cada um – sua mesquinhez, preguiça, vaidade e egoísmo.

Acuadas pela natureza, essas pessoas disputam território no âmbito doméstico e se envolvem em jogos de poder e dominação, brigando com ferocidade por coisas banais, fazendo alianças que revelam a frágil relação entre elas. Mudam seus discursos conforme seus interesses, cometem delitos ora inocentes, ora nem tanto, distorcendo o sentido da democracia. Uma agressividade latente está no ar, um impulso para a disputa, uma necessidade de fazer política.

Créditos: Laerte Késsimos

Parecem capazes de dominar o mundo. Exercem a liderança pela oratória ou pela violência. Mas algo parece fora do lugar. Quem são essas pessoas? Tem gênero? Por que um certo tipo de comportamento parece deter sempre o monopólio do poder?

A história é contada enquanto estressa os estereótipos sociais e transita rapidamente entre eles por meio de relações de poder e situações limite.
“Acreditamos que, se quisermos mudar um sistema de opressão, temos de olhar a feminilidade e a masculinidade como algo artificial, construído e esculpido por nós. Caso contrário, repetiremos o cruel casamento entre capital e patriarcado, sem nunca sair das cansativas dualidades que aprisionam os gêneros em ideais inalcançáveis por todos. O homem universal simplesmente não existe. A mulher universal também não. Isso é instrumento de domesticação.”, questiona a autora e diretora Michelle Ferreira.

Embora quase todas as peças da autora tenham protagonismo feminino, é a primeira vez que Ferreira traz a discussão para a estrutura narrativa. “E, para isso, é preciso que as mulheres contem suas próprias histórias. Que as artistas coloquem suas obras, que as escritoras escrevam, que as cientistas pesquisem… É por meio do trabalho real, objetivo e que ajuda a carroça da humanidade a ir para frente que vamos construir outras narrativas e versões da História. Precisamos de uma ficção a favor das diversidades, para que os corpos das mulheres parem de morrer e possam, simplesmente, existir. Precisamos aceitar as inúmeras possibilidades de sujeitos, não mais presos às dualidades mente/corpo, natureza/cultura, macho/fêmea e organismo/máquina”, acrescenta.

A encenação é apoiada na pesquisa que A Má Companhia Provoca vem desenvolvendo ao longo da sua trajetória sobre o jogo teatral. “Acho que nesta montagem radicalizamos o jogo, porque ele é extremamente explícito em cena. A plateia, inclusive, acaba sendo direcionada a torcer pela sobrevivência de uma dessas quatro personagens. Quem vai vencer o jogo daquela vida que está sendo contada ali?

E 4 da Espécie – A História do Corpo Coisa Nenhuma (2018) também foi a primeira peça de Ferreira a ser publicada em um livro, como resultado do prêmio PROAC 2017 de Criação Literária – Texto de Dramaturgia.

SERVIÇO
4 da Espécie – A História do Corpo Coisa Nenhuma, de Michelle Ferreira
Temporada: 10 de novembro a 4 de dezembro. Quintas, sextas e sábados, às 20h. Domingos, às 18h
Sesc 24 de Maio – Rua 24 de Maio, 109, São Paulo – 350 metros da estação República do metrô
Ingressos: sescsp.org.br/24demaio e nas bilheterias das unidades Sesc SP a partir de 02/11 às 17h. R$40 (inteira), R$20 (meia-entrada) e R$12 (Credencial Plena – Sesc)
Capacidade: Localizado no subsolo, o teatro do Sesc 24 de Maio tem capacidade para 216 pessoas, incluindo acomodações para cadeirantes, pessoas obesas e/ou com deficiência e mobilidade reduzida.
Classificação: 16 anos
Duração: 80 minutos
Gênero: Comédia dramática

Crítica: JIM




Assistido por mais de 100 mil espectadores, #JIM  com Eriberto Leão e Renata Guida está em cartaz na capital Paulista.

Por Colaboradora Monica Duarte

Crédito: Divulgação

‘Um acerto de contas com o seu ídolo’. Jim um homem que não conheceu o vocalista Jim Morrison pessoalmente, mas que teve sua vida pautada pelos ideais deste ícone do rock, com atuação marcante do ator Eriberto Leão interpretando Mojo reencarnação brasileira do ídolo e João Mota um homem comum de Brasília, fã enlouquecido do astro que  não consegue levar sua vida fora das referências traçadas por seu mito.

No palco um túmulo-piano envolto em uma luz divinal abriga o corpo de um homem que de repente balbucia algumas palavras ao som da  música rascante  “Light my fire” e à partir daí o público vivencia um misto de sensações e quimeras com muito rock e poesia.

A sensação que temos é a de que Jim Morrison, vocalista da banda The doors ( 1943-1971)está no palco. É nessa atmosfera que Eriberto Leão recita: “Existe a arte de subir nos telhados e existe a arte de subir nos ombros dos gigantes”.

       Crédito:Divulgação

Mas na peça , Eriberto Leão ator estudioso de seu ofício, não fica no conforto de ser bem nascido na arte. Foge da fácil caracterização e trejeitos do personagem. Com excelente voz caminha por entre 75 minutos de espetáculo certeiramente e bem acompanhado por uma banda competente. O texto de Walter Daguerre e a direção de Paulo de Moraes faz acontecer ao mostrar outros ângulos para admirar Jim Morrison. As ciumentas dizem que a atriz Renata Guida (correta em sua atuação) não acompanha o protagonista, mas os homens não reclamam de sua beleza jovial.

Muito interessante a utilização o tempo todo do microfone no palco para se comunicar (rede social dos ídolos na década de 70). Cenário enxuto para caber toda energia, poesia e fogo do som de Morrison. Aplausos a Eriberto Leão.

Serviço
JIM
Teatro VIVO 
Lotação: 274 lugares
Av. Dr. Chucri Zaidan, 2460 (antigo 860) – Morumbi
Informações: 3279.1520 e 97420.1520
Vendas: www.ingressorapido.com.br e 4003.1212
Sexta às 21h30 | Sábado às 21h | Domingo às 18h
Ingressos:
Sexta e Domingo R$ 80 (Setor A) | R$ 40 (Setor B)
Sábado R$ 80 (Setor A) | R$ 50 (Setor B)
Duração: 75 minutos
Recomendação: 16 anos
Temporada: até 18 de Dezembro