Idealizado pela atriz Gabriela Carneiro da Cunha, espetáculo tem dramaturgia de Grace Passô e direção de Georgette Fadel
Projeções de imagens feitas por Eryk Rocha no sul do Pará trazem sons e rostos dos camponeses que ainda vivem na região
Foto: Elisa Mendes
Com direção de Georgette Fadel e dramaturgia de Grace Passô, o espetáculo “GUERRILHEIRAS OU PARA A TERRA NÃO HÁ DESAPARECIDOS” realiza sessões extras em São Paulo, nos dias 12, 13 e 14 de fevereiro, no Sesc Belenzinho, sexta e sábado, às 21h30 e no domingo, às 18h30.
A estreia em São Paulo foi em 15 de janeiro e ficou em cartaz, em curta temporada de três semanas, até 31/01/2016.
Selecionado no programa Rumos Itaú Cultural 2013/2014, a peça estreou no Espaço Sesc, no Rio de Janeiro, em setembro de 2015. No Sesc Belenzinho a temporada integra a programação “ARTE – SUBSTANTIVO FEMININO” com espetáculos, shows, intervenção, debates e oficinas acerca das questões da mulher na sociedade e nas artes. As obras escolhidas trazem ao público temáticas relevantes e de diferentes pontos de vista sobre o feminino.
“GUERRILHEIRAS OU PARA A TERRA NÃO HÁ DESAPARECIDOS” foi concebido pela atriz Gabriela Carneiro da Cunha a partir da história de 12 mulheres que lutaram e morreram em um dos mais importantes e violentos conflitos armados da ditadura militar brasileira, a Guerrilha do Araguaia.
Ocorrida entre os estados do Pará e Tocantins, na floresta amazônica, no período entre abril de 1972 e janeiro de 1975, a Guerrilha do Araguaia reuniu cerca de 70 pessoas, sendo dezessete mulheres, que saíram de diversas cidades do país para participar do movimento que pretendia derrubar a ditadura e tomar o poder cercando a cidade pelo campo.
Por meio de um diálogo entre a ficção e o documentário, “Guerrilheiras ou para a terra não há desaparecidos” é um poema cênico criado a partir da história dessas mulheres, de sua luta e das memórias do que elas viveram e deixaram naquela região. A peça também busca iluminar esse importante episódio da história do país ainda tão nebuloso. “Certas coisas devem ser feitas: manter a chama acesa, relembrar e iluminar a história das lutas e dos lutadores, com todas as contradições que cada luta carrega”, destaca a diretora Georgette Fadel.
Após uma profunda e detalhada pesquisa sobre o tema, equipe e elenco da peça realizaram uma viagem até o sul do Pará com a diretora, a autora e as atrizes Carolina Virguez, Daniela Carmona, Fernanda Haucke e Mafalda Pequenino. Sara Antunes, que também integra o elenco, não participou da viagem, pois na ocasião estava grávida de nove meses. Assim como as guerrilheiras eram de diferentes cidades, a equipe é formada por artistas do Rio, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e da Colômbia.
Foram 36 horas de viagem de ônibus saindo do Rio de Janeiro até chegarem às margens do Araguaia, onde ouviram os relatos de quem presenciou esta história, num lugar marcado pela tradição do massacre. Em uma terra de esquecidos e desaparecidos, onde existe uma guerra velada, há um povo que dá voz àqueles que foram mortos. O cineasta Eryk Rocha documentou todo o percurso da equipe durante os quinze dias de viagem. Os registros audiovisuais, entre rostos e paisagens, serão projetados no palco do teatro, criando um diálogo com as atrizes. Os sons captados do rio acompanham algumas cenas.
“O tema está completamente alinhado com o momento atual do país. No ano passado foram os 50 anos do Golpe Militar, tem o trabalho da Comissão da Verdade e vimos as manifestações de junho detonarem um fluxo de pensamento e questionamentos sobre os rumos do Brasil, do movimento de ocupação dos estudantes secundaristas das escolas da rede pública do estado de São Paulo, tudo isso em um cenário político árido em termos de invenção e identidade. Não é por acaso que os artistas estão trazendo fortemente em linguagem poética essas questões em suas obras, acredita a atriz.
Para criar os figurinos, Desirée Bastos garimpou cerca de 50 peças, entre calças, camisas, vestidos, chapéus, roupas íntimas em brechós no Rio e bazares no sul do Pará. As roupas foram enterradas às margens do rio Araguaia pelas próprias atrizes. Os trajes foram desenterrados e lavados. O resultado dessas peças deterioradas faz alusão aos corpos que nunca foram encontrados.
SERVIÇO
“Guerrilheiras ou para a terra não há desaparecidos”
Sessões Extras nos dias 12, 13 e 14 de fevereiro de 2016. Sexta e sábado, às 21h30. Domingo, às 18h30.
Sala de Espetáculos I (110 lugares).
Não recomendado para menores de 18 anos.
Duração: 90 minutos
Preços – R$ 20,00 (inteira); R$ 10,00 (aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e servidor da escola pública com comprovante); R$ 6,00 (trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo credenciado no Sesc e dependentes).
Ingressos à venda pelo Portal Sesc SP (www.sescsp.org.br), ou nas unidades
Não recomendado para menores de 18 anos.
Sesc Belenzinho
Endereço: Rua Padre Adelino, 1000
Belenzinho – São Paulo (SP
Telefone: (11) 2076-9700
www.sescsp.org.br/belenzinho
Estacionamento
Para espetáculos com venda de ingressos:
R$ 11,00 (não matriculado);
R$ 5,50 (matriculado no SESC – trabalhador no comércio de bens, serviços e turismo/ usuário).
Realização: Sesc