Veraneio escancara desconforto em famílias no pós-pandemia


Crédito: Nadja Kouchi


Após uma premiada parceria de sucesso em 2018 em Pousada Refúgio, o diretor Pedro Granato e o dramaturgo Leonardo Cortez se unem mais uma vez no espetáculo Veraneio, que discute dramas familiares, dilemas e agonias do mundo pós-pandêmico com humor afiado. O elenco traz como novidade Clarisse Abujamra que se une ao elenco de Pousada Refúgio formado por Glaucia Libertini, Maurício de Barros, Sílvio Restiffe, Tatiana Thomé e Leonardo Cortez.

A trama acompanha o reencontro, repleto de curiosidades e dramas, de Dona Laura e seus três filhos amargurados para celebrarem o aniversário da matriarca, interpretada por Clarisse Abujamra. O cenário é a uma casa à beira-mar recém-comprada por uma das filhas, Hercília, decadente apresentadora de televisão e incomodada com a presença da mãe no seu refúgio. Ela e os irmãos, Silvio e Mario Sérgio, estão ansiosos para conhecer o novo e misterioso namorado de Dona Laura, um animado professor de ginástica. A expectativa por esse encontro e as novidades que ele traz afetam a relação familiar.

Veraneio é um aprofundamento da pesquisa iniciada para Pousada Refúgio, primeiro encontro da dupla Granato e Cortez, que estreou em 2018 e abordava o desmoronamento dos sonhos e da hipocrisia de dois casais de classe média. A obra foi sucesso de público e crítica e ganhou temporadas em vários teatros de São Paulo também no ano seguinte. A peça foi indicada a importantes prêmios para Leonardo Cortez como Shell, APCA e Aplauso Brasil e, entre as distinções de destaque, está a de melhor ator para Maurício de Barros no Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte).

Assim como a antecessora, Veraneio trabalha um texto contemporâneo e inédito para refletir não só sobre os efeitos do isolamento e do afastamento das famílias, mas também do novo desafio que se coloca quando essas pessoas se reencontram com bagagens cheias de traumas, perdas, frustrações e angústias.

O texto coloca o espectador e a sociedade no espelho, pois sua construção e suas referências estão muito ligadas às angústias vividas pelos brasileiros nos últimos anos, atravessando não só uma crise sanitária, mas turbulências políticas e econômicas. Apesar da carga dramática e emocional que essa discussão pode despertar, a peça também quer provocar pelo humor.

Essa peça é uma comédia em que estamos rindo de nossa própria desgraça. Por isso muitas vezes sua graça é dolorida, porque o tombo é nosso. Uma vontade de fugir. Quem nos últimos anos não foi tocado em algum momento por esse impulso? Com o pesadelo político que vivemos nesses anos, a pandemia avassaladora e a crise? Mas como fugir da família? Essa espécie de instituição, esse agrupamento de afinidades e desavenças, esse núcleo visceral de pessoas com as mesmas raízes?“, questiona Granato.

Tudo é retratado por meio de diálogos ágeis e afiados, que marcam o estilo do dramaturgo, com a sensação de desestabilização das personagens. Inclusive a escolha do título da peça está ligada a essa intenção provocadora, esclarece Cortez, autor reconhecido no teatro por sua sensibilidade para tratar cotidianos e incômodos brasileiros. Além da vasta carreira na dramaturgia, ele fez sua estreia no cinema com o filme Down Quixote no Festival do Rio este ano.

A palavra ‘veraneio’, referente à verão, me aponta um desdobramento. Um festival de verdades reveladas como uma sentença. Diálogo franco, nem por isso fácil com os dias de hoje, onde somos protagonistas de um festival de desentendimentos e ausência de escuta. Ao mesmo tempo, quanta comédia. Prefiro rir das minhas dúvidas. Tripudiar da minha tristeza“, explica Cortez.

Serviço:

Espetáculo Veraneio

Temporada: De 20 de janeiro a 26 de fevereiro de 2023. Exceto 17, 18 e 19 de fevereiro.
Sextas e sábados, às 21h. Domingos e feriado (25/1), às 18h. Sessão com Libras nos dias 12 de fevereiro.
Ingressos: R$ 40 (inteira)/ R$ 20 (meia)/ R$ 12 (credencial plena).
Duração: 100 minutos.
Classificação: 14 anos.

SESC IPIRANGA – Rua Bom Pastor, 822, Ipiranga

Horário de Funcionamento: Terça a sexta, das 7h às 21h30; aos sábados, das 10h às 21h30; domingos e feriados, das 10h às 18h30. Capacidade: 198 lugares.

Informações: (11) 3340-2035.

Vendas pelo site sescsp.org.br/ipiranga e nas unidades do Sesc.

Matheus Nachtergaele e Lucélia Santos estrelam “A Serpente”


Créditos: Jura Filmes


“A Serpente”, longa-metragem do pernambucano Jura Capela, coproduzido pelo Canal Brasil, chega aos cinemas das cidades do Rio de Janeiro (dia 25 de julho, com pré-estreia dia 24/7, no Estação Net) e Recife (23/8), com pré-estreia dia 22/8 (5af), no Cinema São Luiz), estando a praça de São Paulo em negociação de circuito.

Baseado na primeira obra escrita pelo dramaturgo Nelson Rodrigues (1912-1980), mas a última a ser publicada em 1978, o filme reúne em seu elenco, em encontro inédito, Matheus Nachtergaele e Lucélia Santos, além dos atores Silvio Restiffe e Cellia Nascimento.

Créditos: Jura Filmes

Rodado em preto e branco, “A Serpente”, busca ser fiel aos elementos da obra original de Nelson Rodrigues. Amor, ciúme, relações proibidas e tragédia envolvem as personagens centrais da trama, vividas por Matheus Nachtergaele (Paulo) e Lucélia Santos (que vive as gêmeas Guida e Lígia), quando uma mulher resolve emprestar seu marido por uma noite para a sua irmã gêmea – casada, mas ainda virgem.

Conhecedor do universo do dramaturgo, Nachtergaele exalta a obra e a participação de Lucélia Santos no filme: “Vi todas as peças do Nelson, sendo ele muito responsável por eu ser ator. Quando fui convidado para o projeto logo imaginei a Lucélia no elenco. Sendo ela a atriz preferida do Nelson Rodrigues e profunda conhecedora da sua obra, imagino que o desejo dramaturgo era vê-la interpretando as duas irmãs. Percebo que ‘A Serpente’ devolve a Lucélia para o cinema e para o Nelson”.

Mesmo sendo profunda conhecedora da obra do dramaturgo, declaradamente pelo autor ser ela a sua atriz preferida, foi grande o desafio de Lucélia Santos para viver as gêmeas Guida e Lígia, que declara: “Foi uma alegria imensa ter recebido convite do Jura e de Mateus para ‘A Serpente’, pois sou uma grande admiradora do Nelson Rodrigues, sendo que ele tem uma presença fundamental na minha carreira. ‘A Serpente’ foi um texto imaginado por ele e estruturado talvez, parece, no início da sua carreira, tendo sido o último texto que ele assinou na vida. Esse texto tem uma dimensão pra além de toda sua obra e um poder de síntese ao mesmo tempo, talvez por isso. Todas as noivas de Nelson estão presentes no primeiro plano do filme, cuja ação se passa na destruída cidade de Mariana. Filmamos lá logo após o acidente ambiental devastador e criminoso. Gosto muito do filme. É um filme de arte, em preto e branco, que prioriza as interpretações dos atores e traz assinatura de Jura Capela, um jovem cineasta cheio de talento, inteligência e percepção. A fotografia de Pablo é um luxo!

Créditos: Jura Filmes

Trabalhar com Matheus sempre foi um sonho na minha vida, pois eu o admiro profundamente e além de admirar eu o amo. Não poderia ter sido melhor oportunidade do que essa por se tratar de duas linguagens arrebatadoras para mim: o cinema, e Nelson Rodrigues. Desejo, sinceramente, que possamos voltar a nos encontrar no cinema hora dessas. Desejo também muito sucesso ao filme, apesar de não me encontrar no Brasil nesse momento. Estou em Lisboa, gravando uma novela para a TVI, uma emissora portuguesa.

Espero que ‘A Serpente’ também seja lançado aqui em breve!”

Ganhador do “Prêmio do Júri” como melhor filme no Festival de Cinema Luso Brasileiro de Santa Maria da Feira, em Portugal, “A Serpente” foi apresentado no Festival do Rio – 20o Rio de Janeiro Int’l Filme Festival, em 2016, o longa-metragem chega aos cinemas com a distribuição da Livres, de Cavi Borges.

Confira o trailer:

Serviço Pré-estreias abertas ao público:

Rio de Janeiro

Estação NET

Dias 24 de julho de 2019 (4ªf)

Horário: 21h

Endereço: Rua Voluntários da Pátria, 35 – Botafogo

Recife

Cinema São Luiz

Dia 22 de Agosto de 2019 (5ª feira)

Horário: 20h

Endereço: Rua da Aurora 175 , Recife/PE