Com direção de Amir Hadadd, Rugas volta em cartaz na capital paulista




Em cena, as atrizes Vanja Freitas e Claudiana Cotrim vivem uma série de personagens que mostram como a velhice pode ser criativa e poderosa

Por Andréia Bueno
Por que as palavras velho, velha e velhice são usadas de maneira pejorativa? Por que os velhos sofrem preconceito e, muitas vezes, se veem desamparados e rejeitados? Como promover uma maior relação entre as gerações? 
Vanja Freitas (esq.) e Claudiana Cotrim ( Foto: Thyago Andrade)
Há três anos, as atrizes Vanja Freitas e Claudiana Cotrim estudam o tema e tentam responder essas perguntas – a dupla realizou dezenas de entrevistas com pessoas de 40 a 80 anos, leu livros que falavam sobre o assunto e se debruçou sobre trabalhos acadêmicos e artísticos. Esse material chegou às mãos do dramaturgo Hérton Gustavo Gratto, que escreveu a comédia dramática ‘Rugas’ a partir da reflexão sobre essas questões (o autor foi o vencedor do 6º Prêmio FITA de Teatro, na categoria Revelação, por este texto). Com direção do premiado Amir Haddad, o espetáculo volta ao cartaz dia 9 de janeiro, no Teatro Maison de France, depois de uma pequena pausa na temporada, para mais quatro apresentações, sempre às quartas-feiras, às 18h30.
“Este é um assunto importante, tocante e delicado. Mas também bastante perigoso. Qualquer resvalo para o melodrama poderá colocar atores, personagens e a plateia num beco sem saída. Não somo eternos. Seria insuportável se fossemos. Por isso a vida, assim como o teatro, tem que ser vivida até o fim. Como se fossemos eternos. Eternamente velhos, eternamente novos”, avalia o diretor Amir Hadadd.
Aos 65 anos, Vanja Freitas começou a vivenciar uma série de situações que a fez refletir sobre essa fase da vida. Ao lado de Claudiana Cotrim, de 48 anos, passou a observar como as pessoas mais velhas atravessavam a rua e como se relacionam com a cidade. Os livros ‘A velhice 1 – a realidade incômoda’ e ‘A velhice 2 – a relação com o mundo’, de Simone de Beauvoir, e ‘Como envelhecer’, de Anne Karpf, também fizeram parte da pesquisa da dupla.
“Eu espero que o público se divirta e reflita sobre essa fase da vida que pode ser criativa e poderosa. Queremos passar uma mensagem amorosa e incentivar as pessoas a olharem mais para os velhos”, conta Vanja. “Uma amiga de 89 anos me disse uma coisa interessante: ninguém se prepara para envelhecer. E qual é a outra opção de não envelhecer?”
Claudiana Cotrim ( esq.) e Vanja Freitas ( Foto: Thyago Andrade)
A história do espetáculo gira em torno de uma cientista gerontóloga (que estuda o envelhecimento) e deseja fazer o tempo parar. Para isso, vai estudar no exterior e quase não tem mais contato com sua mãe. Até que um dia, durante uma palestra, recebe um telefonema da cuidadora dizendo que a mãe está muito doente e precisa ver a filha. O que ela vai fazer? Na trilha sonora do espetáculo, estão músicas como ‘Que sera, Sera’ de Doris Day, um hino dos anos 50, ‘Jura’ de Zeca Pagodinho, ‘Meu mundo caiu’, eternizada por Maysa; ‘Fascinação’, famosa na voz de Elis Regina; ‘Bodas de Prata’, de Maria Bethânia, entre outras.
“A partir da relação delas, a gente propõe ao espectador que pense sobre algumas questões: ‘o que você vai ser quando envelhecer?’ ou ‘quando você se sentiu velho pela primeira vez[RA1] ?. O público mais velho vai se identificar profundamente e os jovens vão ter a oportunidade de mudar seu pensamento a respeito do próprio futuro”, completa a atriz Claudiana Cotrim.
Serviço:
Rugas
Temporada: 9 a 30 de janeiro
Teatro Maison de France: Av. Pres. Antônio Carlos, 58 – Centro, Rio de Janeiro – RJ
Telefones: 2544-2533
Dias e horários: Quarta, às 18h30.
Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia).
Lotação: 355 pessoas
Duração: 1h05
Classificação indicativa: Livre.

Nathalia Timberg vive Iris Apfel no teatro, Através da Iris, T Maison de France




A peça, com texto de Cacau Hygino e direção de Maria Maya, abre as comemorações pelos 90 anos de Nathalia Timberg.


Por Andréia Bueno
“More is more, less is bore.”
“Mais é mais, menos é chato”, uma brincadeira com o velho “Menos é mais”, é o lema da novaiorquina Íris Apfel, 97 anos, empresária, designer de interiores e hoje uma das maiores referências mundiais na arte pope no mundo fashion. 
Montagem: Divulgação
É sobre esta mulher que fala “Através da Iris”, solo de Nathalia Timberg com texto inédito de Cacau Hygino e direção de Maria Maya. A peça abre as comemorações pelos 90 anos de Nathalia, que se completam em 2019, com a atriz em plena atividade artística. A direção de produção é de Bruna Dornellas e Wesley Telles, da WB Produções.
Através das ideias arrojadas e do humor algo ácido de Iris Apfel, a peça é um elogio à liberdade de ser e de se expressar, em qualquer tempo da vida. Apfel, hoje aos 97 anos, inspira e surpreende artistas e criadores mundo afora com sua autenticidade e pensamento. Suas ousadas misturas ao se vestir, seus acessórios exuberantes, os óculos gigantes e roupas multicoloridas falam sobre a independência a que todos tem direito. Sobre experimentar – e se experimentar – sem medo do julgamento.
Quando ainda atuava como designer de interiores, Iris, junto ao seu marido, Carl Apfel (morto em 2015, aos 100 anos), viajava o mundo em busca dos tecidos perfeitos para a clientela ilustre que incluía nomes como Estée Lauder, Jacqueline Kennedy Onassis e Greta Garbo. A dupla foi chamada para decorar a Casa Branca por nove administrações: Truman, Eisenhower, Nixon, Ford, Kennedy, Johnson, Carter, Reagan e Clinton. Aos 84 anos de idade, a designer foi surpreendida por uma virada em sua vida: passou a ter seu estilo reverenciado pelo mundo todo depois se tornar tema de uma exposição no Metropolitan Museum de Nova York, onde inicialmente seriam apresentados cinco looksseus em uma pequena galeria, mas o evento se transformou numa exposição inteira com mais de 80 lookse cerca de 150 mil visitantes.
Serviço
Local:Teatro Maison de France 
Endereço: Av. Pres. Antônio Carlos, 58 – Centro Tel: (21) 2544-2533
Horários: 5ªf às 17h, 6ª e sábado às 19h30 e domingo às 18h
Ingressos:R$ 80,00 e R$ 40,00 (meia)
Horário de funcionamento da Bilheteria: 3ª a domingo, a partir das 14h
Vendas por internet: www.tudus.com.br
Capacidade: 352 espectadores
Duração: 70 min
Gênero: documentário cênico
Classificação indicativa: 12 anos
Temporada: até 16 de dezembro
Acessibilidade: aos domingos, intérprete de Libras, e uma vez ao mês, audiodescrição.