Por colaborador: Samuel Carrasco
Assistir a um espetáculo do
Teatro Oficina não é ver uma peça, entender (ou não) e ir comer uma pizza. É
ali que se alimenta, é ali que se digere, é ali que se descarta e se recicla.
Você se deposita naquele chão, e leva os outros pra casa chamando de si.
Teatro Oficina não é ver uma peça, entender (ou não) e ir comer uma pizza. É
ali que se alimenta, é ali que se digere, é ali que se descarta e se recicla.
Você se deposita naquele chão, e leva os outros pra casa chamando de si.

Foto: Lenise Pinheiro/Folhapress
É um evento. Já tive a sorte de
poder assistir a outros espetáculos deles (presencialmente ou pela internet, um
dos diferenciais do grupo) e deu pra constatar que, mesmo não sendo uma
linguagem nova, afinal de contas o grupo completa 58 anos de pura
antropomacumbanalógicatranscendentaltamentetecnologicamentecorporgyamor, a sua
proposta nunca se encerra. Aliás, é inteligentíssima toda a disposição cênica:
o espaço do Oficina que já quebra qualquer predisposição dramática, as
projeções, a intensa interação com a platéia, a banda, as legendas, tudo.
poder assistir a outros espetáculos deles (presencialmente ou pela internet, um
dos diferenciais do grupo) e deu pra constatar que, mesmo não sendo uma
linguagem nova, afinal de contas o grupo completa 58 anos de pura
antropomacumbanalógicatranscendentaltamentetecnologicamentecorporgyamor, a sua
proposta nunca se encerra. Aliás, é inteligentíssima toda a disposição cênica:
o espaço do Oficina que já quebra qualquer predisposição dramática, as
projeções, a intensa interação com a platéia, a banda, as legendas, tudo.
É definitivamente um ritual! Não só
em Bacantes, em que o culto a Dionísio se faz protagonista, mas os cantos,
movimentos, energias, tudo deliciosamente profano e consagrado por natureza,
nos empurra pra festa em todas as suas montagens. É linda a harmonia, é lindo o
desprendimento, é lindo ver aquela fonte de vida, quase um pássaro, quase um
touro, sob a figura de um senhor de seus 79 anos. É ele: Zé Celso, o maestro
que guia e se deixa guiar, sendo autor, sendo diretor e representando,
sabiamente, o sábio Tirésias. E que sabedoria.
em Bacantes, em que o culto a Dionísio se faz protagonista, mas os cantos,
movimentos, energias, tudo deliciosamente profano e consagrado por natureza,
nos empurra pra festa em todas as suas montagens. É linda a harmonia, é lindo o
desprendimento, é lindo ver aquela fonte de vida, quase um pássaro, quase um
touro, sob a figura de um senhor de seus 79 anos. É ele: Zé Celso, o maestro
que guia e se deixa guiar, sendo autor, sendo diretor e representando,
sabiamente, o sábio Tirésias. E que sabedoria.
No texto, Dionísio (também
chamado na Mitologia Romana de Baco, deus do vinho, celebrações e do teatro),
interpretado ali por Marcelo Drummond, é impedido de seguir com seus rituais
regados a vinho e orgias na conservadora TebaSP, então governada por Penteu
(Fred Steffen). As bacantes são mulheres adoradoras de Dionísio que,
embriagadas pelo vinho, se “desvirtuam” e cometem as mais duras atrocidades.
Nesse grupo está, inclusive, a mãe e as tias do prefeito, o que enfurece o
poderoso homem dando o clímax ao enredo.
chamado na Mitologia Romana de Baco, deus do vinho, celebrações e do teatro),
interpretado ali por Marcelo Drummond, é impedido de seguir com seus rituais
regados a vinho e orgias na conservadora TebaSP, então governada por Penteu
(Fred Steffen). As bacantes são mulheres adoradoras de Dionísio que,
embriagadas pelo vinho, se “desvirtuam” e cometem as mais duras atrocidades.
Nesse grupo está, inclusive, a mãe e as tias do prefeito, o que enfurece o
poderoso homem dando o clímax ao enredo.
A história, que já é conhecida há
milênios, ganha um corpo cada vez mais contemporâneo, com expressivas alusões
ao atual cenário político e social que vivemos. Um misto grito de dor e
revolta, emocionante e fortalecedor, envolto com cantos das suas dezenas de
atores.
milênios, ganha um corpo cada vez mais contemporâneo, com expressivas alusões
ao atual cenário político e social que vivemos. Um misto grito de dor e
revolta, emocionante e fortalecedor, envolto com cantos das suas dezenas de
atores.
Na Grécia do Brasil, essa tragicomediorgya
mais uma vez te tira do sossego mental e te chacoalha contra o vento, e você
sente, cada um da sua maneira, o seu papel nesse jogo.
mais uma vez te tira do sossego mental e te chacoalha contra o vento, e você
sente, cada um da sua maneira, o seu papel nesse jogo.
Mas você tem que ver, ficar até o
final das cinco horas e meia de espetáculo (dois intervalos) pra comungar daqueles
corpos, divinos e humanos, e vomitar tudo o que te aprisiona.
final das cinco horas e meia de espetáculo (dois intervalos) pra comungar daqueles
corpos, divinos e humanos, e vomitar tudo o que te aprisiona.
Pra mais notícias dá pra acessar
a página deles no facebook clicando aqui!
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