Conheça “Um Cara Qualquer”, de Amber Tamblyn!


Créditos: Divulgação


Romance de estreia da premiada atriz e escritora norte-americana Amber Tamblyn, Um Cara Qualquer (Any Man, título original) é um livro provocativo e brutal. Combina gêneros de poesia, prosa e elementos de suspense para dar forma às narrativas chocantes das vítimas de violência sexual, mapeando as formas destrutivas pelas quais a sociedade contemporânea perpetua a cultura do estupro. O extraordinário é como, com o passar dos anos, essas pessoas aprendem a se curar, unindo-se e encontrando um espaço para levantar as vozes. Com pontos de vistas alternados – e uma assinatura para cada voz e experiência da vítima – as páginas crepitam de emoção que vão do horror à empatia; e tiram o fôlego do leitor. Ousada, a obra pinta um retrato marcante da sobrevivência e é um tributo àqueles que viveram o pesadelo da agressão sexual.

Um Cara Qualquer é um romance que trata de agressão sexual de forma singular; uma narrativa que tem causando incômodo a muitos leitores norte-americanos. No romance, o vilão é uma mulher que atinge homens com agressões sexuais tão violentas e perturbadoras que poderiam ter sido arrancadas de um filme de terror. As vítimas do sexo masculino são narradores e mergulham na dor profunda de lidar com as consequências do crime que sofreram. Em entrevista para Stephanie Merry, editora de Booke World do jornal The Washington Post, Amber afirma: “A arte precisa trazer conversas difíceis; eu não tenho dúvidas de que esse livro vai incomodar muita gente, mas estou bem com isso.”

Créditos: Divulgação

Por traz da escolha de Amber Tamblyn há o desejo de chamar a atenção para um problema que atinge a sociedade como um todo. Há assédio sexual tanto de mulheres quanto de homens; há vítimas e algozes nos dois lados. “E temos que falar sobre o prejuízo humano que envolve essa violência. Pela força da narrativa e relevância do tema, escolhemos esse romance para estrear uma tecnologia de leitura que trará o leitor para dentro da história”, afirma Lu Magalhães, presidente da Primavera Editorial.

Traduzido por Cynthia Costa – doutora em Estudos da Tradução pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), professora do curso de tradução da UFU e com mais de 60 obras traduzidas – Um Cara Qualquerfoi um desafio pela troca constante de gênero textual proposta pela autora e pelo tom dos relatos das personagens, em primeira pessoa. “No primeiro caso, ao mesmo tempo em que era complicado passar da prosa à poesia, da poesia à notícia e até aos tweets, também fiquei contente, como tradutora, por poder experimentar tantas formas literárias em um único livro. Sobre o tom visceral dos relatos, a minha maior preocupação foi transmitir em português a dor e a emoção dessas personagens”, revela.

Sobre a estrutura textual – que combina poesia e prosa – na percepção de Larissa Caldin, publisherda Primavera Editorial, a autora usa os versos para imputar um sentimento mais exacerbado sem cair em clichês que nos levam a crer ser a poesia como invariavelmente sentimental e a prova racional. “A prosa da autora é incutida com uma linguagem viva e nada plácida que permanece em todo o texto. Talvez, Amber tenha propositalmente inserido a poesia e a prosa em oposição, de forma a mostrar, em um ponto de vista técnico e muito mais subjetivo, que a prosa era aquilo que as personagens diziam sentir para si e para o mundo; mas, a poesia era o quê, de fato, as personagens sentiam dentro de si, o Blue Bird de cada um”, analisa.

Créditos: Divulgação

Confira alguns trechos do livro:

Página 34

“(…) Camila me empurra pelo corredor, em uma cadeira de rodas fedendo a Listerine de hospital, rumo ao elevador. Fica mais fácil assim, dizem-nos eles. Sentirei dor ao caminhar por algumas semanas. Não consigo erguer os olhos e cruzar o olhar com as enfermeiras, dos pacientes ou dos médicos pelo caminho. Posso senti-los. Sou uma relíquia danificada indo embora para o museu.”

Página 147

“(…) Eu quis me matar de novo. Eu queria acabar com o sofrimento dela e terminar o que começara, aí correr para o lado dela e deixá-la me esmagar com a queda.”

Página 271

“(…) Depois que ela fez o que ela fez, ela me mandou contar bem devagar até o número da idade que eu tivesse e não me mexer até terminar de contar, e ela saiu. Eu contei duas vezes porque tive muito medo de que não fosse tempo suficiente. Teria sido uma contagem até dez, apenas.

Eu tinha só dez anos.”

Serviço

Ficção | Literatura

ISBN: 978-85-5578-075-2

Páginas: 328

Tradutora: Cynthia Costa

Preço sugerido: R$ 39,90