Entrevista com Vânia Pajares




Por Nicole Gomez

Vânia Pajares já foi responsável por grandes sucessos que passaram pelo Brasil. Se você assistiu O Rei Leão, My Fair Lady ou até mesmo Mudança de Hábito e se apaixonou, Vânia foi uma das grandes responsáveis pela magia acontecer! Atualmente, ela está atuando em A Pequena Sereia. Se você quiser conhece-la e se emocionar, o espetáculo está em cartaz no Teatro Santander! 
Foto: Divulgação
Conversamos um pouco com a maestrina para saber mais sobre a jornada que a tornou uma das grandes profissionais do teatro musical. Confira:
Acesso Cultural: Você foi e continua sendo responsável por reger grandes musicais. Pode dizer qual deles foi mais desafiador e por quê?

Vânia Pajares: My Fair Lady, em 2007. Porque foi a primeira superprodução de Teatro Musical que eu regi e porque estreei no dia 08 de Março, Dia Internacional da Mulher: um manifesto do poder feminino. Ou seja, uma tremenda responsabilidade e um enorme desafio.
AC: Existe algum espetáculo que você ainda sonhe em reger? Conte um pouco!
VP: Tem vários! Para listar alguns: School of Rock, Matilda, Sweeney Todd, Chicago… Não tenho uma preferência por determinado estilo, apenas amo boa música e boa dramaturgia. E sempre me apaixono pelo Musical que estou regendo.
Em Mudança de Hábito – Foto: Arquivo Pessoal

AC: Qual momento você acha que é mais especial para você em um espetáculo? 
VP: O show como um todo é especial em todos os momentos. Porém, quando subo ao pódio da regência e peço a afinação da Orquestra, logo em seguida há um momento em que faço uma oração silenciosa onde, além de me concentrar ainda mais no show que tenho pela frente, declaro minha intenção de que tudo que faço ali é para servir a um propósito muito maior do que as palavras conseguem explicar. Dessa forma tento ser um instrumento melhor e mais limpo para canalizar a energia maravilhosa da Arte que tenho a honra e o privilégio de executar com toda a companhia.
AC: Conte um pouco sobre o processo de preparação, desde que você recebe o trabalho, até o momento em que os espectadores assistem à apresentação.
VP: Um brevíssimo resumo, já que se trata de um processo trabalhoso, meticuloso e altamente especializado. Depois que recebo o convite para ser a Diretora Musical de um show, começa um longo trabalho de estudos da obra e da concepção do espetáculo: é uma gestação… Em seguida, muitas reuniões com a equipe criativa e produção e então acontecem as audições para escolha de elenco e da orquestra. 
Agenda definida, dois meses antes da estréia começam os ensaios de elenco e um mês mais tarde os de orquestra. No Ensaio à Italiana, o Elenco se junta à Orquestra. E depois de muitas horas de ensaios juntos, envolvendo todas as equipes técnicas do show, temos a nossa primeira pré-estréia com público, Coletiva de Imprensa, Estréia Vip e estréia oficial. Em seguida a temporada oficial e ensaios de manutenção do show durante a mesma.
Durante a apresentação de ” O Rei Leão” – Foto: Arquivo Pessoal
AC: Já aconteceu alguma situação inusitada durante alguma de suas apresentações? 
VP: Muitas e muitas vezes. Ainda escreverei um livro: “Memórias do Fosso”…
Algumas situações: o público ainda se espanta em ver uma mulher regente. Em todo show alguém me aponta como se visse um aparição: ” Olha ! É uma ‘maestra’.”
Perguntam no intervalo entre os atos: ” é você a maestrina? Você é profissional? Você é maestrina de verdade?” Isso porque estou no pódio de regência, toda paramentada, com a batuta na mão e o primeiro ato já acabou, ou seja, me viram regendo. Já respondi cordialmente que sou profissional o bastante para ser aprovada pela Disney.
Uma vez enquanto eu regia a Exit Music, uma senhora me abraçou! Imagine a situação, já que obviamente fico de costas para o público… Mas é o meu trabalho que tanto amo! E lidar com essas situações com bom-humor faz parte dele.
Foto: Arquivo Pessoal