Análise parcial da 18ª temporada de Law & Order SVU




Por colaboradora: Débora Blair

A nova temporada de uma das séries policiais norte-americanas mais assistidas de todos os tempos mal estreou em Novembro no Brasil e já teve uma pausa em Dezembro e Janeiro. Nós, fãs, obviamente ficamos enfurecidos e ansiosamente aguardando o retorno dos episódios inéditos. Pois bem, chegou a hora: Law & Order: Special Victims Unit retomará com seus capítulos “fresquinhos” na próxima terça-feira, dia 07/02. Vamos analisar como tem sido a 18ª temporada até agora, com seus 7 primeiros episódios já exibidos?

Resumindo esses primeiros capítulos:

1) O aparecimento de uma criança pequena abandona – e ARMADA – no Central Park leva a equipe a investigar uma rede de terrorismo em formação nos Estados Unidos.

2) Um homem inocente chamado Sean Roberts sai da cadeia após cumprir injustamente 16 anos de pena. A vítima do crime (um estupro) há 16 anos atrás, Melanie Harper, se aproxima de Sean para ajuda-lo a se reintegrar à sociedade. Porém, Sean estupra e mata a filha de Melanie e volta para a cadeia, dessa vez com uma culpa real em suas costas.

3) Um impostor se faz passar pelo reitor de uma grande universidade dos EUA para chantagear e dormir com as mães dos jovens que tentam entrar na Universidade em troca de uma vaga para eles. Ao ser desmascarado por uma das vítimas, o homem vai a julgamento por estupro – afinal, as mulheres não sabem a real identidade do homem com que dormiram e, por isso, não consentiram em fazer sexo com ele. Mas ele é absolvido do crime de estupro e só responde pelo de falsidade ideológica.

4) Kim Rollins, irmã encrenqueira de Amanda Rollins, volta à vida de Amanda e continua lhe causando problemas. A equipe investiga o caso de estupro de Jenna Miller, uma atleta olímpica do salto com varas que tem vida dupla como prostituta. O estuprador se livra da condenação devido ao estado mental perturbado de Jenna.

5) O jovem brilhante e bem-sucedido Ellis Griffin é acusado de estupro em uma festa. Seu pai é Patrick Griffin, ex-policial, primeiro parceiro de polícia de Olivia Benson. Patrick implora a Olivia pela retirada das queixas contra seu filho, uma vez que o caso está obscuro e duvidoso e Ellis na verdade é um bom menino. Patrick traz à tona uma situação na vida de Olivia em que ele a ajudou a se livrar de uma acusação de negligência em campo, e usa isso para chantageá-la e fazê-la se sentir culpa pela situação de Ellis.

6) A transexual Eva Carson é estuprada e morta. Os suspeitos e envolvidos no caso são estrelas do Hip Hop norte-americano e seus empresários. O verdadeiro culpado não é condenado devido às suas influências no mundo artístico e suas tramas sujas.

7) Uma linda e jovem executiva é estuprada por um homem mascarado, o qual ela acredita ser um antigo perseguidor da época de colégio. Mas as pistas, na verdade, apontam para o Sargento Tom Cole, oficial de polícia aposentado que tinha relações de amizade com a vítima. O sargento tem uma brilhante carreira, cheia de méritos e condecorações pela sua boa conduta, o que faz o detetive Carisi da SVU começar a questionar sua própria carreira – será que essa profissão não me transformará em monstro? Simultaneamente, Ed Tucker, namorado de Olivia Benson, manifesta sua vontade de se aposentar da polícia, o que deixa Olivia perturbada, pois ela não vê outra vida a não ser a caçada aos criminosos nas ruas.

Minhas percepções se referem às questões dúbias e profundamente relacionadas à ética e valores humanos levantadas nas histórias – embora essas sejam naturalmente características da série, estão se tornando cada vez mais evidentes. Listarei abaixo algumas delas:

A prisão de um inocente transforma-o em um criminoso?

Passar-se por outra pessoa para dormir com mulheres pode caracterizar um estupro, ou somente um crime de identidade? E essas mulheres, são realmente vítimas ou simplesmente pessoas de caráter duvidoso que traem seus maridos em troca de algo material?

 O estado mental alterado de uma vítima deve servir de razão para inocentar um ato criminoso? Há futuro digno para uma vítima de estupro que vê seu molestador sair ileso de uma acusação simplesmente por ter mostrado ao júri que está perturbada mentalmente?

Um favor do passado deve ser “jogado na cara” de alguém que pode te beneficiar no presente fazendo algo antiético e até mesmo ilegal? No caso de Olivia Benson e Patrick Griffin: os dois casos (do passado e do presente) devem ser comparados?

Os crimes que acontecem no meio artístico… Há alguma esperança de serem solucionados? Até quando as influências e rios de dinheiro correndo nesse ambiente “livrarão a barra” de criminosos? E a questão de gênero: existe esperança na luta contra o preconceito?

A carreira policial, militar ou algo do gênero é capaz de transformar um cidadão de bem em um monstro criminoso e pervertido? Ou o “gene do mal” sempre esteve na pessoa e só se manifestou agora? Para esses profissionais, existe alguma vida além da caçada aos bandidos nas ruas, ou elas se resumem a esse ofício?

As respostas a esses questionamentos variam de pessoa para pessoa. Eu confesso que não as encontrei todas ainda, e talvez nunca as tenha. Minha conclusão é: todas essas mudanças no decorrer de Law & Order: SVU refletem, de fato, as transformações na sociedade – não somos os mesmos em 2017 e em 1999, quando a série foi lançada. As relações interpessoais mudaram, o crime mudou, o ser humano mudou, as comunidades mudaram, os valores mudaram, a política mudou. Tudo é relativo, questionável, dúbio, ambíguo. 

Acredito que essa seja a intenção dos roteiristas, editores e diretores do seriado: acompanhar as mudanças no mundo. Continuaremos assistindo, nos emocionando e nos questionando ao assistimos cada episódio inédito da 18ª temporada a partir de 07/02, terça-feira, no Canal Universal às 22h. 

Acesso Cultural

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