Marcos Amaro apresenta mostra inédita na Biblioteca Mário de Andrade

Partenogênese narra o ciclo natural da vida: gerar, nascer e renascer, como Mário de Andrade fez em 1928 na obra-prima Macunaíma


Créditos: Divulgação


Marcos Amaro passou por uma gestação, seguida de um silêncio tão grande escutando os murmúrios de seus pensamentos que deu à luz a Partenogênese. A série inédita de desenhos produzida durante um período que esteve longe do Brasil está exposta na Biblioteca Mário de Andrade. Bem como em Macunaíma, quando Mário de Andrade, em 1928, buscava sintetizar o caráter brasileiro do ponto de vista cultural, político e social, o artista paulistano mostra sua essência por meio do suporte que lhe é mais íntimo. Com curadoria de Ana Carolina Ralston, a mostra reúne 14 desenhos que protagonizam as memórias do artista, narradas desde o início da concepção até o ato de dar à luz um ser.

A história do herói sem nenhum caráter, Macunaíma, tornou-se um dos mais importantes livros brasileiros no contexto em que o modernismo buscava desvendar uma verdadeira identidade brasileira – livre de referências eurocêntricas. A curadora da mostra sugere que o fundo mato-virgem – onde a índia tapamunhas deu à luz Macunaíma – é onde Marcos Amaro renasce nostalgicamente. “Quando estou fora, consigo me distanciar melhor das influências externas – tudo fica mais seco, árido e, consequentemente, mais prolífico dentro de mim”, explica Marcos Amaro.

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Gerar, nascer e renascer. Os desenhos do artista dispõem-se na Sala Oval da Biblioteca Mário de Andrade em torno do ser partenogênico, materializado em uma serra de fita. A apropriação do objeto usado há dezenas de anos para cortar tecidos é o vínculo direto ao universo materno de Amaro – sua mãe, estilista, sempre fez da produção de vestimentas uma forma de alinhavar a relação com o filho.

A série revela o olhar do artista para o antes e a força da criação. “Na partenogênese, o embrião se desenvolve sem a fecundação. Apenas espécies que não dependem do sexo oposto conseguem chegar a tal intimidade consigo mesmas a ponto de gerar uma vida dessa forma única”, pontua a curadora. É o que Marcos Amaro faz por meio do desenho, o gênero mais íntimo e livre em sua produção multidisciplinar, capaz de transportar o público para dentro de seu universo.

Serviço
Partenogênese, de Marcos Amaro
Local: Biblioteca Mário de Andrade
Abertura: 01 de maio, quarta-feira, às 11h
Período expositivo: 02 de maio a 23 de junho
Endereço: Rua da Consolação, 94 – República
Visitação: diariamente, das 8h às 20h.

Andréia Bueno

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