Entrevista com Artur Volpi, o Marcelo de Segunda Chamada


Créditos: Rayssa Zago


Sua estreia na televisão aconteceu neste ano ao interpretar Marcelo, filho da professora Lúcia (Débora Bloch), na série Segunda Chamada. Com apenas 26 anos, Artur Volpi abandonou o trabalho em uma multinacional para se dedicar à carreira artística. Com alguns trabalhos no teatro em seu currículo, o ator conversou com nossa equipe e nos contou um pouco sobre sua trajetória e projetos futuros. Confira!

Acesso Cultural: Em seu primeiro trabalho na TV, você interpreta Marcelo, filho de Lúcia (Débora Bloch), na série Segunda Chamada. Como surgiu o convite?

Artur Volpi: Eu fui procurado por produtores de elenco da Globo e fiz testes para o personagem. Acabei sendo escolhido depois de algumas etapas e tive a oportunidade de fazer minha estreia na TV.

AC: A série, que retrata as dificuldades do ensino público, mas especificamente do EJA (Educação para Jovens e Adultos) no subúrbio do Rio de Janeiro, está sendo muito aclamada pela crítica e público. A que você acha que deve esse sucesso?

AV: Acho que o sucesso da série se deve a um conjunto de fatores que, combinados, a transformaram nessa excelente produção. Primeiramente, nossas autoras, Carla Faour e Julia Spadaccini, que trouxeram um tema, ao mesmo tempo, inovador, atual e pertinente para ser discutido na televisão. Dentro do universo do ensino público, abordam as mais variadas questões, sociais e econômicas, dando densidade para a série. Além disso, a direção artística da Joana Jabace, aliada à toda a equipe, que trouxe uma linguagem certeira para tratar da realidade exposta nos episódios. Por fim, um elenco de peso, com atores e atrizes fantásticos, que me fizeram ter muito orgulho em fazer parte.

Créditos: Globo/Maurício Fidalgos

AC: Professor é uma profissão que, infelizmente, está sendo muito desvalorizada na sociedade. Comente um pouco sobre a importância da série em se preocupar e mostrar o valor da profissão na vida das pessoas.

AV: Os professores são os responsáveis, além da transmissão de conhecimentos, pela formação dos alunos como cidadãos, desenvolvendo neles o senso crítico necessário para a transformação e evolução do nosso mundo. Eles são essenciais para a sociedade e tem sido cada vez mais desvalorizados, pelo governo, com o desmonte de políticas públicas, e pelos próprios alunos, não por acaso os tantos casos de violência contra professores dentro da própria sala de aula. A série joga luz nesses agentes transformadores, chama novamente a atenção do público para sua importância e na influência positiva que podem ter na vida dos alunos. É desesperador pensar que ela se torna necessária por falar o óbvio: precisamos valorizar a profissão dos educadores.

AC: Durante os episódios, o público vai descobrindo que seu personagem era gay e tinha um relacionamento com um professor, interpretado por Caio Blat. Apesar de ser tratado de forma sensível, o drama do personagem é bem delicado e poderia causar alguma estranheza no público. Você tinha receio da rejeição?

AV: Não cheguei a ter receio da rejeição, principalmente pelo suspense que foi construído ao redor da trama do Marcelo. Achei que essa estrutura geraria o interesse do público ao longo dos episódios, independente do desfecho que seria revelado.

AC: Você é formado em Administração. Como foi abandonar a profissão para seguir a carreira de ator? Foi fácil fazer essa transição ou você encontrou alguns obstáculos pelo caminho?

AV: Eu sempre soube que o que realmente amava fazer era teatro. Ainda assim, pelas inseguranças todas, resolvi insistir na administração, que não deixou de ter uma importância grande na minha trajetória profissional, inclusive na artística. Meu curso de teatro eu consegui bancar com o salário que ganhava no escritório. A decisão veio quando surgiu uma primeira oportunidade de estrear em um musical dirigido pelo Dagoberto Feliz, o “Godspell – Em Busca do Amor“. Naquele momento, senti que era hora de finalmente criar coragem e fazer uma escolha levando em conta minha verdadeira paixão. Os obstáculos foram vários, a questão financeira, uma leve resistência dos meus pais, os períodos sem projetos em vista. Nenhuma novidade para quem vive da arte. Pelo menos agora estou fazendo o que sempre quis e isso já é o suficiente pra enfrentar as dificuldades da carreira.

Créditos: Luís França

AC: Quais seus projetos futuros?

AV: Por enquanto, projetos pessoais no teatro. Tenho um grupo de teatro que pretende estrear uma peça ano que vem, dirigida pelo Chico Carvalho.

AC: Há possibilidade da série ganhar mais temporadas?

AV: Sabemos que a primeira temporada recebeu uma excelente aceitação do público e que há uma boa visibilidade para a trama, visto que, recentemente, a série venceu duas categorias no Prêmio APCA 2019, “Melhor Série/Minissérie – Televisão” e “Melhor Atriz – Televisão” para Débora Bloch. Fico na torcida por novas temporadas!

Leina Mara

Formada em Letras na Universidade Federal do Ceará, apaixonada por cultura italiana, tv, teatro e música. Valoriza as pequenas coisas, momentos com os amigos e sonha em viajar pelo mundo.

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