A Turma do Balão Mágico tem três álbuns históricos lançados em streaming
Quem foi criança na década de 1980 não pôde passar incólume à Turma do Balão Mágico, um dos maiores fenômenos infantis do Brasil – na música e na televisão. Com sete álbuns lançados, entre 1982 e 1990, três dos mais representativos que ainda não estavam nas plataformas de streaming, acabam de serem disponibilizados, em comemoração ao Dia da Criança. Trata-se de mais uma ação do marketing estratégico da Sony Music, dando prosseguimento ao projeto de digitalização do seu catálogo, incluindo a restauração de tapes analógicos e projetos gráficos originais. São eles os álbuns homônimos – “A Turma do Balão Mágico” – dos anos de 1983, 1984 e 1985, que trazem clássicos até hoje lembrados, cantados apenas por seus integrantes ou em parceria com ícones da música brasileira. Eram artistas, na maioria, contratados da CBS (hoje Sony Music) do porte de Roberto Carlos, Djavan, Fábio Júnior, Baby do Brasil, Pepeu Gomes, Erasmo Carlos, além dos grupos Metrô e Dominó.
Tudo começou em 1981, quando o então presidente da CBS, o visionário Thomas Muñoz, chegou de uma viagem à Europa e viu que em países como França, Espanha e Itália a música infantil estava prestes a explodir. Daí trouxe ao Brasil uma série de músicas e pediu a Cláudio Condé, diretor artístico da companhia na ocasião, que contatasse o compositor Edgard Poças para criar letras em português para tais canções. Muñoz tratou então de buscar as crianças que defenderiam esse repertório. A primeira que convidou foi a pequena Simony, de apenas cinco anos, após vê-la cantar no programa de TV do animador Raul Gil. A seguir, o segundo componente que faria par com ela foi selecionado por meio de um teste na gravadora. Era Tob, que também muito menino já se apresentava em shows de calouros, desfiles e comerciais. Ouça aqui!
Quando o primeiro álbum, homônimo, de 1982 estava finalizado, com direito à cozinha instrumental comandada pelo mago dos teclados Lincoln Olivetti, um novo integrante foi agregado, Mike. Muñoz gostou do garoto e o contratou, tratando logo de tirar uma faixa do disco, para incluir “Oh! Suzanna” em sua voz, um clássico nos EUA, única canção que ele sabia de cor. O álbum, produzido por Mauro Motta e Roberto Costa, foi um êxito comercial tão impressionante, a bordo de sucessos como “A galinha magricela”, “Baile dos passarinhos (Tschip, tschip, tschip)” e “O trenzinho (Cin cin pon pon)”, que a TV Globo decidiu contratá-los e transformar o Balão Mágico num programa matinal diário, apresentado a princípio por Simony e pelos humoristas Castrinho e Orival Pessini na pele do alienígena adorável Fofão, que estreou em março de 1983.
Mais uma vez com repertório montado por Edgard Poças, o segundo álbum, homônimo, desta vez já trazia um som mais dançante, focando em temas como amigos, escola e os primeiros romances. Foram chamados grandes astros e estrelas do elenco da CBS para participar do projeto, como Djavan – na faixa “Superfantástico (Super Fantastico)”, que inicialmente apenas Poças acreditava, mas que se tornou uma gravação digna de qualquer antologia do gênero. Também foi recrutada Baby Consuelo (hoje, do Brasil) em “Juntos (Juntos)”, outro hit, além de “Ursinho pimpão (Mi osito pelón)” e “Ai meu nariz (Tengo un grano an la nariz)”. O disco foi recordista de vendas, chegando a 1 milhão de cópias, numa época que isso ainda não era tão comum, só na semana do Natal, motivando a TV Globo a ampliar a duração e as atrações de seu programa infantil.
Em 1984 era preciso inovar. Agregar um novo integrante. O escolhido foi Jairzinho (hoje Jair Oliveira), filho do cantor Jair Rodrigues, que à época apresentavam-se juntos na Itália cantando o sucesso “Io e te”. Ao regressar ao Brasil, Jairzinho cantaria com o jogador Pelé num estádio. Com a falta do Rei do Futebol, que furou em cima da hora, o garoto soltou a voz e foi muito bem, chamando a atenção de Muñoz, que apostou suas fichas nele. Seu quarto álbum, lançado em 1984, bateu novo recorde de vendas, puxado pelas canções “É tão lindo (It’s no easy)”, “Mãe, me dá um dinheirinho (Mama, dáme 100 pesetas)” e “Amigos do peito (Somos amigos)”, com as participações de Roberto Carlos, Baby & Pepeu e Fábio Júnior, respectivamente – sucessos estrondosos. Também bem executadas foram “Tia Josefina (Mi tia Josefina)”, “Se enamora (E’l’amore)” e um raro medley de canções nacionais, “Dia de festa” e “Atirei o pau no gato”, com a participação de Fofão. O grupo ainda ganhou um especial na mesma TV Globo, onde seu programa subia cada vez mais no Ibope, A Turma do Balão Mágico em Amigos do Peito, dirigido por Augusto Cesar Vanucci.
Em 1985, Tob, já com 14 anos, passava por uma mudança de voz, que logo engrossou, e em meados daquele ano ele foi afastado do grupo, substituído por Ricardinho, de 10 anos. O grande destaque do quarto álbum homônimo do grupo foi “Barato Bom é da Barata (De Cachibu de Cachivaca)” em parceria com Erasmo Carlos, além de “Tic Tac (Cuchichi)”, com Castrinho. Mas há participações interessantes da banda Metrô em “Não dá pra parar a música (No se puede parar la música)”, do grupo Dominó em “Fim de semana (Canta y baila)” e “Chega mais um pouco (Vente con nosotros)” e do casal Baby Consuelo (“do Brasil”) e Pepeu Gomes em “Um raio de sol (Um rayo de sol)”. A TV Globo, mais uma vez, exibiu um especial extra do quarteto, A Turma do Balão Mágico nº2.
O último ano da fase áurea da Turma do Balão Mágico foi 1986, quando Simony deixou a TV Globo, indo meses depois para a Rede Manchete, a fim de apresentar seu próprio programa infantil, Nave da Fantasia. O grupo se dissolveu logo depois do quinto e último álbum homônimo do grupo, lançado em setembro.
Apenas nos primeiros cinco anos, calcula-se que tenham vendido algo em torno de dez milhões de discos. O grupo teve ainda um revival, com novas formações, gravando álbuns em 1988 (“A Nova Turma do Balão Mágico”, destacando o hit “Bruxinha” e “Meninos e meninas (Pippi longstocking)”) e 90 (“A Turma do Balão Mágico”, com “Quem não sabe assoviar (Just walkin’in the rain)”, em dueto com o cantor Sebastian), já disponibilizados no streaming. Com este lançamento, a Sony Music cumpre seu papel de eternizar uma das mais bem sucedidas páginas da história da música infantil brasileira.
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Rodrigo Bueno
Formado em Marketing pela Universidade Anhembi Morumbi, também é Fotógrafo Cultural pela Escola de Fotografia Foto Conceito, já cobriu cerca de 5 mil shows nacionais e internacionais, além de eventos exclusivos como coletivas de imprensa e pré-estreias. Também é Analista de Marketing Digital, Executivo de Negócios, Jornalista, Web Design, Criador e editor de conteúdo de redes sociais.