Utilizando figurinos 100% sustentáveis, Monólogo “Prazer, Hamlet” faz temporada de sucesso em São Paulo


Créditos: Caio Gallucci


Buscando apresentar uma abordagem diferente de um clássico de Shakespeare, com recursos financeiros limitados e rico em detalhes visuais e textuais, a parceria entre Ciro Barcellos (renomado ator, coreógrafo e bailarino e integrante do grupo Dzi Croquettes) e Artur Volpi (jovem ator com uma grande bagagem teatral) para a montagem de “Prazer, Hamlet” conta com um grande diferencial: a presença de figurinos e adereços 100% recicláveis e reaproveitáveis, feitos pelo renomado figurinista Claudio Tovar (também membro do Dzi Croquettes).

“Gosto muito de me instigar a encontrar outras figuras dentro de um objeto, isto é, pegar algo já existente, transformá-lo e dar uma nova visão. Quando fui convidado para participar desse projeto, topei logo de cara, pois pude ver uma oportunidade de trabalhar com o desafio reciclado, ainda mais em uma parceria com o Ciro, que foi quem me chamou e nunca prezou por figurinos caríssimos, mas algo que tenha sua beleza realçada com um baixo orçamento”, ressalta Tovar.

Por conta da pandemia ainda presente no Brasil, e um retorno ainda gradual ao teatro, o espetáculo, produzido por Alexandre Bissoli, conta com uma verba baixa de produção, e toda equipe do espetáculo utilizou a criatividade para apresentar um trabalho que ressaltasse a personalidade de cada personagem interpretado por Artur: um ator que está se preparando para interpretar Hamlet, o Hamlet clássico com trechos e falas vindas do texto original e um novo Hamlet, que assume a função de comentarista da obra e revela o lado sarcástico da história e outros quatro personagens originais de Shakespeare.

Cada papel feito pelo ator é acompanhado pela iluminação, trilha sonora e um figurino específico, com sobras de tecidos e materiais recicláveis do lixo para montar figurinos reutilizáveis. “Trabalho com o Cláudio desde a época do Dzi Croquettes e mais uma vez ele montou figurinos lindos e que captaram a essência de cada personagem, como se cada peça de roupa e adereço falasse por si só”, aponta Ciro.

Para o monólogo, Claudio usou uma técnica japonesa chamada Borô para reciclar os tecidos, juntando pequenos pedaços de várias roupas já usadas e remendando-os para ficarem mais resistentes, como se fossem novos. Além disso, outros materiais também foram reaproveitados para a montagem das roupas e adereços, como cápsulas de cafés, prata boliviana, papel reciclado, dentre tantos outros.

“É muito interessante pegar um material considerado por muitos de “material de segunda” e dar a ele uma roupagem preciosa. Com isso, podemos mostrar que é possível fazer arte com a riqueza de detalhes da simplicidade e que chame a atenção do público”, afirma Cláudio.

“Prazer Hamlet” encerra temporada neste domingo ( 27) no teatro do Giostri Cultural. O objetivo é apresentar um trabalho inovador, que atraia novos públicos e mostre a arte como crônica dos tempos.

Serviço

Monólogo: “Prazer, Hamlet”
Local: Teatro Giostri

Endereço: Rui Barbosa 201, Bela Vista, São Paulo.

Data: até o dia 27/02/01 (domingo)

Sessões: sextas e sábados 20:30h, domingos 19:00h
Produção: Eureka Entretenimento

Vendas: Sympla e na bilheteria do teatro

É obrigatório o uso de máscara e a apresentação do comprovante vacinal.

Andréia Bueno

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