Ana Beatriz Nogueira fala com exclusividade sobre o espetáculo “Um Dia a Menos”


Créditos: Cristina Granato


A atriz e produtora Ana Beatriz Nogueira, desembarca na capital paulista com o espetáculo “Um Dia A Menos” em curta temporada de quatro semanas no Teatro Renaissance. A peça é uma adaptação de Leonardo Netto, também diretor desta montagem, do conto homônimo de Clarice Lispector.

“Um Dia a Menos” é um dos últimos contos escritos por Clarice Lispector (1920-1977), já no ano de sua morte. O texto fala da solidão e dos muros que eventualmente levantamos, sem perceber, ao nosso redor.

Como que por um buraco de fechadura, acompanhamos a história desta mulher que é às vezes engraçada, às vezes patética, mas sempre de uma humanidade reconhecível por qualquer um. Uma mulher aparentemente normal, como muitas que vemos diariamente, conversando numa portaria, pagando uma conta num guichê de banco, comprando uma carne no supermercado.

Créditos: Cristina Granato

“O que mais me atrai neste texto é a humanidade da personagem criada pela autora. Esta personagem que tem como árdua a tarefa de atravessar um dia inteiro. De uma humanidade, repito, reconhecível por todos”, explica a atriz.

Conversamos com a polivalente Ana que revelou detalhes e curiosidades sobre o espetáculo, sua nova personagem na novela ” Um Lugar ao Sol” e como viveu durante o período em que teve que se resguardar em função da pandemia. Aperte o play e confira!

A MONTAGEM

Utilizando uma poltrona, uma mesa de apoio e um telefone, Ana Beatriz Nogueira nos faz, com seu trabalho, enxergar uma casa inteira. Para o diretor, Leonardo Netto, a economia de recursos foi uma escolha, um caminho para se chegar ao essencial do teatro: o ator e a ideia contida no texto, que este ator vem dividir com o público.

“Um Dia a Menos, além de um espetáculo, ouso dizer, complexo na sua simplicidade, é também uma reafirmação da crença no poder de comunicação do teatro que, se resiste há cinco mil anos e sobrevive a todas as crises, é porque pode abrir mão de tudo, menos do humano. Do elemento humano, do questionamento humano, do pensamento humano. Ainda temos muito o que entender sobre nós mesmos. Esperamos estar contribuindo de alguma forma.”, acredita o diretor, Leonardo Netto.

Serviço
‘UM DIA A MENOS’
LOCAL: Teatro Renaissance – Alameda Santos, 2233 – Jardim Paulista, SP | Tel: (11) 3069-2286.
HORÁRIOS: sábados às 17h30 e domingos às 20h30
INGRESSOS: R$70,00 e R$35 (meia)
HORÁRIO BILHETERIA: sexta, sábado e domingo, das 14h até o início do espetáculo
CAPACIDADE: 440 espectadores
DURAÇÃO: 50 min
GÊNERO: drama
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 14 anos
TEMPORADA: até 19 de dezembro

Augusto Lins Soares lança livro com 60 depoimentos sobre Chico Buarque


Créditos: Divulgação


Palavras não faltam quando o assunto é Chico Buarque. Cantor, compositor, escritor, cidadão politizado e amante do futebol são algumas das referências sobre este artista, considerado uma das figuras mais importantes da cultura brasileira. Muita gente tem uma (boa) opinião formada sobre Chico Buarque. É o que mostra o livro “Meu caro Chico – Depoimentos”, que está sendo lançado pela Editora Francisco Alves. Coube a Augusto Lins Soares pesquisar e organizar os 60 depoimentos reunidos na obra. A ideia do livro surgiu em 2018, quando ele estava organizando Revela-te, Chico – Uma fotobiografia.

“Durante a pesquisa, encontrei declarações e histórias curiosas que revelavam Chico e sua produção artística. Achei importante organizar este livro só com textos de autores de várias gerações e de diferentes áreas de atuação”, explica o autor que coletou novos depoimentos para completar a publicação, mas teve que adiar o projeto por conta da pandemia. A procura pela Francisco Alves foi um caminho natural já que a editora tinha publicado o primeiro livro de Chico em 1966, A banda – Manuscritos de Chico Buarque de Hollanda, e A imagem do som de Chico Buarque, em 1999.

Os textos estão na ordem alfabética dos autores selecionados e apresentam um painel multifacetado sobre Chico Buarque. Está lá o depoimento mais antigo, de outubro de 1966, escrito por Carlos Drummond de Andrade em sua coluna do Correio da Manhã sobre “um rapaz de pouco mais de vinte anos” e sua primeira música a ganhar um festival: “E se o que era doce acabou, depois que a banda passou, que venha outra banda, Chico, e que nunca uma banda como essa deixe de musicalizar a alma da gente”, finaliza o poeta. Assim como a declaração de Carminho, feita exclusivamente para o livro, em 2021: “As músicas do Chico preenchem vários lugares, consolam-nos, alegram-nos, emocionam-nos”, afirma a cantora portuguesa.

Entre os textos, inéditos e já publicados, há um bilhete da escritora Clarice Lispector, uma crítica do poeta Torquato Neto, uma letra da cantora Eugénia Melo e Castro e um poema do presidente Lula. São registros de amizade, parceria, admiração e cumplicidade. De Roberto Freire a Maria Rita Kehl. De Sérgio Buarque de Holanda a Luca Bacchini. De Glauber Rocha a Laís Bodanzky. De Vinicius de Moraes a Criolo. De Tarso de Castro a Hugo Sukman.

Ao longo de Meu caro Chico – Depoimentos vão surgindo curiosidades. Como revela o escritor Eric Nepomuceno: “Chico é meu único amigo que se distrai lendo dicionários. Tem uma quantidade absurda de dicionários e por isso seu repertório de palavras parece infinito.” E segue com o relato divertido do funkeiro Rafael Mike, que participou da gravação da música As caravanas com o cantor, e o depoimento de Clara Nunes sobre Morena de Angola, feita especialmente para ela pelo compositor.

Em depoimento exclusivo para o livro, Miucha conta em detalhes, pela primeira vez, como ganhou uma música do irmão. E assim, de texto em texto, você vai conhecendo um pouco mais sobre a personalidade de Chico Buarque de Hollanda: o Chico da música, o da política, o piadista que atende os telefones em tom gaiato, o que tem medo de avião, o da pelada, o da gentileza e o da amizade, estes últimos sempre presentes.

O livro encerra com o depoimento do musicólogo Zuza Homem de Mello: “Chico Buarque, talvez o autor mais querido da estupenda geração dos anos 1960 que deu à música popular uma fartura de obras primas, atinge o auge de sua carreira na idade em que os compositores de música popular, por razões até hoje carentes de explicação, costumam pendurar suas chuteiras”. Então, viva Chico!

SERVIÇO

LIVRO: MEU CARO CHICO – DEPOIMENTOS
ORGANIZAÇÃO: AUGUSTO LINS SOARES
EDITORA: FRANCISCO ALVES
256 PÁGINAS
PREÇO: R$65

‘Codinome Madame’ estreia para curta temporada online

Codinome Madame estreia 15 de maio para curta temporada online

Créditos: João Valério


Imagine o Brasil vinte anos à frente. Em um futuro distópico, a liberdade de expressão é controlada com mãos de ferro, o estado laico não existe e os artistas foram banidos da sociedade. Nesse contexto, qualquer manifestação artística é calada, mas a arte resiste e busca lacunas para respirar. Esta é a premissa de Codinome Madame, segundo espetáculo da trilogia Madame da Nossa Companhia que estreia em 15 de maio e cumpre temporada online até 31 de maio, de sábado a segunda.

Com texto e direção de Tati Bueno, codireção de André Grecco e atuação de Bia Toledo, Codinome Madame conta a saga de Madame, uma ex-atriz que acolheu artistas perseguidos, recolheu obras de artes, instrumentos musicais e livros e passou a viver clandestinamente. Com uma proposta imersiva, o espectador é convidado a entrar no universo da peça antes mesmo do espetáculo começar. Para assistir, o público deve fazer um cadastro com um codinome no site #codinomemadame, onde notícias contextualizam o futuro distópico no qual a peça se passa. O link da transmissão será enviado pelo WhastApp cadastrado. Além disso, durante a semana que antecederá a apresentação os convidados receberão “notícias” deste futuro distópico. Ao acessarem o link da transmissão, a atmosfera estará criada.

Codinome Madame foca nos desdobramentos emocionais da protagonista e conduz o espectador pelos caminhos tortuosos da memória da personagem. “Quando começamos a trabalhar no texto o país passava por um processo de desvalorização da cultura e identificamos convergências com os períodos do pós primeira guerra e da ditadura. Começamos a imaginar para onde estávamos caminhando. Não acreditamos que esta seja uma realidade irreversível, mas é um processo que precisamos colocar em discussão“, diz a dramaturga Tati Bueno. “Vivemos em uma sociedade doente onde todos os valores estão, de alguma maneira, invertidos. A empatia é artigo raro. Esse caos todo foi causado por nós mesmos. Como vamos remediar toda essa desgraça? Não temos uma resposta, só podemos te convidar a refletir sobre como funciona a sociedade e te encorajar a mudar“, completa Bia Toledo.

O espetáculo revisita obras de poetas como Rimbaud, Brecht, Goethe, Clarice Lispector, Oscar Wilde, Fernando Pessoa, entre outros, evidenciando que as artes colaboram com a construção da memória coletiva e a história de um povo. Na jornada de Madame, acompanhamos o seu renascimento, ou o ressurgimento da arte, como um respiro em meio ao caos. Tanto artistas como amantes da arte encontram espaço para manter vivo o teatro, a música, a poesia, as liberdades, nos dando a oportunidade de refletir sobre nossa relação com a arte e como ela é necessária. “A peça é, para mim, a elaboração simbólica de tempos sombrios, nos quais se revela a crueldade humana e, ao mesmo tempo, encontra-se a urgência da vida, que há algum tempo está guardada em caixas com instrumentos musicais calados.” diz André Grecco.

Destaque, ainda, para a equipe de criação artística, o Cenário do Chris Aizner, deixa a alvenaria a mostra, exposta a nossa bandeira chamada Cortina de Boca, que chama por toda pintura, todo grafite, todo rabisco que preenche hoje qualquer página em branco, qualquer muro em qualquer lugar. A preparação da atriz foi feita sob o olhar cuidadoso de Inês Aranha e Jéssica Areias. A trilha sonora, dirigida por Felipe Antunes, toda baseada em metais, sem nenhum outro instrumento de apoio, foi executado apenas com trombone, bombardino e tuba, pelo músico por Allan Abbadia, que também assina a assistência de direção musical. “Trabalhou-se com a sensação da forja. Do metal forjado, do fogo, da ilusão de um instrumento que pode parecer outro“, afirma Felipe. O tratamento final da trilha ficou por conta de Fábio Sá.

Codinome Madame estreia 15 de maio para curta temporada online
Créditos: João Valério

O processo de Codinome Madame começou em abril de 2019, ou seja, muito antes do isolamento social imposto pela pandemia. Mas o texto aborda os efeitos desse confinamento na saúde mental e, no caso de Madame, a arte que tem salvado muita gente, está proibida.

Serviço

Sábado a segunda, de 15 a 31 de maio, às 21h

Gratuito

Ingressos: cadastro pelo site #codinomemadame

Transmissão: o link será enviado por WhatsApp aos espectadores cadastrados

“HERÓIS” volta em cartaz para curta temporada online

HERÓIS volta em cartaz para curta temporada online

Créditos: Vitor Vieira Fotografia


Espetáculo que estreou em versão online e ao vivo em novembro de 2020 volta ao cartaz em 2021, de 13 a 28 de fevereiro. David Bowie foi a principal inspiração do personagem. Porém, outros astros do rock britânico e americano dos anos 60 e 70, como Lou Reed, Jim Morrison, Bob Dylan e The Rolling Stones, além do lendário fotógrafo Mick Rock, também estão entre as influências da montagem. Inclusive, referência a autores, como Clarice Lispector, Guimarães Rosa e Samuel Beckett; e filmes como “SHOT! O Mantra Psico-Espiritual do Rock“, de Barney Clay; e “Encontros e Desencontros“, de Sofia Coppola, também estão presentes. “Esse espetáculo fala sobre um individuo só (mesmo cercado de muitos), tomado de questões acumuladas ao longo de uma vida. Esse momento da vida, em que se abre uma fresta (como que estamos passando em escala mundial!), e podemos acompanhar os minutos de extrema potência em que tudo pode ser visto de “um novo lugar”. Seguir, fazer, reinventar a própria vocação por meio de novas e antigas companhias“, comenta Paulo Azevedo.

Sobre a encenação

A encenação se apropria do conceito de que o protagonista é o agente da cena. Acompanhamos o seu fluxo de pensamento no trânsito intenso entre os espaços de “fora” (realidade, o cotidiano) e o de “dentro” (o imaginário, o desejo, onde suas ideias e pensamentos se realizam com extrema liberdade). Como na performance, o jogo cênico é revelado a todo instante, temos um intérprete que, por vezes, canta, dubla ou apenas acompanha a tradução projetada em vídeo das canções e das rubricas (como uma ordem suprema para o performer, numa metáfora da presença do autor/diretor) – reflexões focadas no ser humano por trás do “artista/herói”. O desvelar dos bastidores de uma criação aponta para um relato formado por muitas vozes. Os limites entre o que é real e o que é imaginário enriquecem o essencial: compor uma obra cênica compartilhada “com” e construída “para” o espectador.

Mais que escrever uma peça teatral, o autor buscou criar algo como uma entrevista com um artista. Por isso, a audiência assume um papel: a de jornalistas em uma coletiva de imprensa com o astro do rock, criando um jogo entre o ator e o espectador.

A trilha sonora traz composições originais e releituras de clássicos do rock, criadas por Barulhista, a partir da seleção musical de Paulo Azevedo. As cenas foram pensadas como faixas de um álbum, com títulos e minutagem, na qual as letras das músicas pontuam determinados momentos da narrativa. Alguns dos títulos vieram de nomes de canções de rock stars que inspiraram a obra. “Atravesse para o outro lado”; “Onde Estamos Agora?”; e “Voltando à Vida” são alguns deles. As letras das canções são também dramaturgia. Foram escolhidas a dedo. Por isso, a tradução em português é projetada pra que a audiência possa solfejar em inglês. Para que ao mesmo tempo, possa senti-la em nossa jovem língua mãe.

A trilogia

A “Trilogia Solo” é idealizada, escrita e dirigida por Paulo Azevedo sobre a relação entre o teatro e outras áreas afins – a música (“HERÓIS”), as artes plásticas (“PASSE-PARTOUT”) e o rádio (“FORA DO (M)AR”). Compõe a cena como um reflexo do impacto das questões contemporâneas nos indivíduos com uma linguagem baseada na confluência do teatro com a música, a literatura, as artes plásticas, o audiovisual e o rádio. Em comum, personagens que tornam o espectador cúmplice da própria condição universal do ser humano de estar em constante adaptação e vulnerabilidade diante das transformações da sociedade. Além disso, trazem um olhar aguçado e poético sobre o cotidiano, as contradições do ser urbano e seus conflitos, sem perder de vista um humor refinado e a poesia.

O blog Suacompanhia traz vídeos, entrevistas e clipes que inspiraram a montagem, além de impressões sobre o processo de criação.

HERÓIS volta em cartaz para curta temporada online
Créditos: Vitor Vieira Fotografia

Sinopse

Ele é um astro do rock no auge da fama. Está esgotado pelas demandas de ser um mito.

Precisa apenas de um respiro. No caminho para mais um compromisso com sua banda, Ele se depara com uma formiga. Esse encontro inesperado provoca uma jornada interna. Nisso, resgata questões deixadas para trás na correria da vida.

Exposto ao seu próprio cansaço nos bastidores, Ele se pergunta: “Por que eu levo esse tempo?”; “Em que momento eu crio? “; “Por que as pessoas admiram um artista? “; e “Vale a pena ser um herói? “. Nesse mergulho, busca as razões mais íntimas para seguir em frente, rumo a um novo lugar.

Escrito, encenado e com atuação de Paulo Azevedo, “HERÓIS” é inspirado livremente pelas músicas e vidas de David Bowie, Lou Reed e outros rock stars dos anos 60 e 70. O roteiro original cria um panorama do rock dos anos 60 e 70, com lendárias canções de David Bowie, Elton John, Lou Reed, Pink Floyd, The Rolling Stones, The Doors, entre outros.

A montagem parte dos mitos em torno do artista para abordar a relação com o tempo e os valores do mundo contemporâneo, além de revelar como somos todos um pouco heróis.

O caminho de Heróis até aqui

HERÓIS marcou o início do coletivo, fundado em 2014 por Paulo Azevedo e baseado em São Paulo, com a colaboração de antigos parceiros de diversos estados brasileiros. A primeira versão do texto escrito em 2014 tinha o título “HERÓIS: UMA PAUSA PARA DAVID”. Foi contemplada com o 1º lugar no Prêmio Funarte Myrian Muniz e cumpriu estreia e temporadas no SESC Palladium (2015) e CCBB BH (2016), sendo interpretada pela atriz Samira Ávila.

Serviço:
Duração aproximada: 55 minutos
Classificação etária recomendada: 12 anos
Gênero e modalidade: Drama cômico
Ingressos: Sympla
Valor: até R$40,00
De 13 a 28 de fevereiro, sábados, às 21h; e domingos, às 17h

Memorial lança 56ª edição da Revista Nossa América

Memorial lança 56ª edição da Revista Nossa América

Créditos: Divulgação


O Memorial da América Latina fará, dia 8 de setembro, o lançamento digital do novo número da “Revista Nossa América”, que será um tributo ao centenário de três escritores latino-americanos: Clarice Lispector, Mario Benedetti e João Cabral de Melo Neto.

A edição nº 56 da “Revista “Nossa América”, publicada pelo Centro Brasileiro de Estudos da América Latina (CBEAL), homenageia os escritores em seus centenários de nascimento, completados em 2020. Cada autor ganhou uma seção na publicação e pesquisadores foram convidados para escrever sobre diferentes aspectos da obra e do universo destes escritores.

As páginas de abertura de cada seção trazem trechos de obras dos escritores. Na seção de Clarice, há notas manuscritas de “A hora da estrela”; na seção de Benedetti, o poema “Por que cantamos”, e na seção dedicada a João Cabral de Melo Neto, um trecho de “Morte e vida severina”.

Além de fotos de acervo dos três escritores, a revista é ilustrada por imagens do artista Carybé, que fez as ilustrações do clássico “Morte e vida severina”, de João Cabral de Melo Neto; do ilustrador uruguaio Manuel Loayza e ilustrações exclusivas produzidas pelo autor de um dos textos, o artista e professor Elinaldo Meira.

A Revista Nossa América pode ser lida no site do Memorial.

Edição 56 – tributo aos autores centenários da América Latina Clarice Lispector

A capa da revista e a primeira seção são dedicadas à escritora brasileira Clarice Lispector, com fotos do acervo do Instituto Moreira Salles. A revista é aberta pela entrevista com a professora Nádia Batella Gotlib, professora aposentada de Literatura Brasileira da USP. Nádia, autora de vários livros sobre Clarice, desenvolveu atividades de pesquisa e ministrou cursos de graduação e pós-graduação em várias universidades brasileiras e do exterior, como Oxford, na Inglaterra, e Buenos Aires, na Argentina, e foi convidada pela Academia Brasileira de Letras (ABL) para fazer a conferência sobre Clarice Lispector na série de eventos chamada Cadeira 41.

Em seguida, ainda nessa seção, a crônica da atriz e diretora de teatro Vanessa Bruno conta como é a adaptação das obras de Clarice para o teatro. Vanessa relata, num texto carregado de emoção, como a pandemia da Covid-19 interrompeu as atividades teatrais e como Clarice a inspira para seguir nessa travessia.

Mario Benedetti
A seção do escritor uruguaio traz textos de pesquisadores da Universidad de la República, do Uruguai. O professor Pablo Rocca faz a análise de como Benedetti se tornou um escritor popular dentro e fora do Uruguai graças à universalidade de sua produção, que vai da poesia à prosa, passando pela crítica e pelos roteiros.

Pedro Russi e seu colega Pablo García contam, numa crônica, como o escritor soube eternizar as memórias latino-americanas, sejam as da infância, sejam as dos ciclos históricos do continente. A seção é encerrada com a publicação do poema “Pai nosso latino-americano”, que simboliza essa memória histórica latino-americana.

João Cabral de Melo Neto
O autor de “Morte e Vida Severina” foi homenageado no Memorial da América Latina com o evento “As traduções de João Cabral na América Latina”, mesa redonda realizada na Biblioteca Latino-americana. A Revista Nossa América traz a reprodução dos principais pontos dessa mesa.

Um dos maiores especialistas em João Cabral e integrante da Academia Brasileira de Letras (ABL), Antonio Carlos Secchin mostra as diferentes faces do escritor, que era também diplomata: poeta, de grande qualidade, tradutor e traduzido para vários idiomas.

Professor da USP, John Milton conta as técnicas e estratégias para traduzir o poema “Morte e Vida Severina” para o inglês. O leitor vai conhecer como o professor e tradutor trabalhou para traduzir para o inglês as expressões típicas do nordeste brasileiro.

Já o crítico de literatura e professor equatoriano Iván Carvajal Aguirre relata os bastidores da publicação, no Equador, de “Vivir en Los Andes”. Quando João Cabral foi diplomata em Quito, escreveu poemas inspirados nos Andes, que foram recolhidos e organizados pelo atual embaixador do Brasil no Equador, João Almino. Carvajal comprova que João Cabral sempre levou, como referência para seus versos, o sertão brasileiro. Nestas páginas, o leitor encontrará um fac-símile com anotações do próprio João Cabral.

Publicação em tempos de pandemia
A produção da revista foi feita em meio ao isolamento social provocado pela pandemia da Covid-19. Mesmo sendo um ano difícil, com muitas notícias ruins, o Memorial da América Latina não poderia deixar passar o compromisso com a difusão da arte, da cultura e da educação. A publicação da revista marca a particularidade desse ano 2020 singular também por reunir os centenários de três escritores tão importantes para a América Latina. A mensagem que a Revista Nossa América traz para seus leitores é inspirada nos textos dos três autores homenageados: “podem perguntar por que cantamos, se é difícil defender só com palavras a vida, ainda mais quando ela é severina. Mas é sempre preciso lembrar que é tempo de morangos”.

História da Revista Nossa América
Em março de 1989, nascia a Fundação Memorial da América Latina. E com ela, a Nossa América/Nuestra América, uma das revistas culturais mais antigas do Brasil, de circulação ininterrupta e internacional. Desde o início, Nossa América é um cartão de visitas da Fundação para a América Latina. No Brasil ela é distribuída gratuitamente na Biblioteca Latino-Americana do Memorial. A publicação ainda é enviada para cerca de 200 instituições que lidam com o conhecimento, a cultura e as artes, da Argentina ao México. A versão digital pode ser lida no site da instituição, no canal publicações.

Nossa América/Nuestra América teve um início grandiloquente, como o próprio Memorial. Seu Conselho Editorial era presidido por Alfredo Bosi e dele faziam parte Antonio Callado, Augusto Roa Bastos, Darcy Ribeiro, Ernesto Sabato, Eduardo Galeano, Milton Santos, Leopoldo Zea, José Miguel Wisnik, entre outros importantes intelectuais latino-americanos. No rol de colaboradores, fizeram parte Antonio Candido, Gabriel García Márquez, Lygia Fagundes Telles, Ferreira Gullar, Celso Furtado, João Ubaldo Ribeiro, Juan Carlos Onetti, Cacá Diegues, entre outros.

No segundo número da Nossa América/Nuestra América, de maio/junho de 1989, Alfredo Bosi, presidente do seu Conselho Editorial, escreveu: “nada substitui a informação idônea e a reflexão madura, corpo e alma de um projeto que se quer honesto”. Este é o espírito da revista até hoje. Nos primeiros anos ela publicou belos textos e imagens da hispano-américa. Era uma forma de apresentar ao leitor brasileiro os temas, países, culturas e geografias de seus vizinhos latino-americanos.

Também foram editados artigos sobre integração econômica e cultural, ameríndios, direitos humanos, meio ambiente, dívida externa, cinema, artes plásticas, fotografia, dança, entre tantos outros. Uma linguagem que sempre se destacou é a literatura.

Nossa América/Nuestra América foi, e ainda é, plataforma para ensaios, contos inéditos e poemas de alguns dos principiais escritores do subcontinente latino-americano.

Serviço
Lançamento da Revista Nossa América, versão digital
Dia 8 setembro, no site do Memorial!